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Mosquito transgênico é liberado para combater a dengue

Mosquitos são geneticamente modificados para serem estéreis, de modo que acabam por interromper a reprodução da espécie

Mosquito Aedes Aegypti: testes realizados em dois bairros de Juazeiro, na Bahia, reduziram em até 90% o número de insetos transmissores da dengue nessas localidades (James Gathany/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2014 às 22h05.

São Paulo - A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou nesta quarta-feira, 10, o pedido de liberação comercial de mosquitos transgênicos contra a dengue, desenvolvidos por uma empresa britânica, chamada Oxitec.

Os mosquitos são geneticamente modificados para serem estéreis, de modo que, ao copularem com as fêmeas de Aedes aegypti na natureza, eles acabam por interromper a reprodução da espécie.

Testes realizados desde 2011 em dois bairros de Juazeiro, na Bahia, reduziram em até 90% o número de insetos transmissores da dengue nessas localidades. A decisão da CTNBio, por 16 votos a 1, atesta que os mosquitos transgênicos são seguros, tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente, autorizando a empresa a buscar o registro comercial para colocá-los no mercado - o que poderá levar um tempo indeterminado para acontecer.

A Oxitec já tem uma fábrica pronta para entrar em operação em Campinas, com capacidade para produzir 2 milhões de mosquitos transgênicos por semana, além de uma parceria com a empresa brasileira Moscamed, com sede em Juazeiro, que produziu os mosquitos para os testes de campo na Bahia.

"Estamos muito satisfeitos com a aprovação", disse ao Estado o diretor global de negócios da Oxitec, Glen Slade. "Vencemos essa etapa fundamental, mas é só o início de um grande trabalho", completou ele, ressaltando que não está claro em qual ministério a empresa deverá solicitar o registro comercial do mosquito.

Por ser o primeiro produto desse tipo aprovado no País - e no mundo -, não há um trâmite estabelecido. O mais provável é que o processo passe pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Seja como for, a aprovação pela CTNBio significa que devemos continuar a investir no Brasil", disse Slade. O objetivo da empresa é ter várias fábricas de mosquitos espalhadas pelo País, para atender a demandas localizadas com mais eficiência. Os mosquitos são frágeis e não podem viajar longas distâncias, por isso é importante que as fábricas estejam próximas das cidades que eventualmente serão atendidas pelo serviço.

Como funciona

Os mosquitos transgênicos da Oxitec têm um gene a mais inserido em seu DNA que faz com que seus descendentes morram antes de chegar à fase adulta, ainda no estágio de larva. Apenas mosquitos machos são produzidos, pois são apenas as fêmeas que picam as pessoas e transmitem a dengue.

Dessa forma, evita-se acrescentar mais mosquitos com potencial para transmitir a doença no ambiente. A estratégia consiste em liberar grandes quantidades desses mosquitos transgênicos na "natureza" (áreas urbanas), em número muito maior do que o de machos selvagens, de forma que os transgênicos estéreis tenham uma probabilidade muito maior de copular com as fêmeas daquela população.

"Os resultados são muito promissores e mostram que a tecnologia funciona para reduzir a população de mosquitos", diz a pesquisadora Margareth Capurro, da Universidade de São Paulo, que coordenou os estudos de campo na Bahia. Com a redução do número de mosquitos, a expectativa é que o risco de transmissão da dengue também caia.

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São Paulo - A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou nesta quarta-feira, 10, o pedido de liberação comercial de mosquitos transgênicos contra a dengue, desenvolvidos por uma empresa britânica, chamada Oxitec.

Os mosquitos são geneticamente modificados para serem estéreis, de modo que, ao copularem com as fêmeas de Aedes aegypti na natureza, eles acabam por interromper a reprodução da espécie.

Testes realizados desde 2011 em dois bairros de Juazeiro, na Bahia, reduziram em até 90% o número de insetos transmissores da dengue nessas localidades. A decisão da CTNBio, por 16 votos a 1, atesta que os mosquitos transgênicos são seguros, tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente, autorizando a empresa a buscar o registro comercial para colocá-los no mercado - o que poderá levar um tempo indeterminado para acontecer.

A Oxitec já tem uma fábrica pronta para entrar em operação em Campinas, com capacidade para produzir 2 milhões de mosquitos transgênicos por semana, além de uma parceria com a empresa brasileira Moscamed, com sede em Juazeiro, que produziu os mosquitos para os testes de campo na Bahia.

"Estamos muito satisfeitos com a aprovação", disse ao Estado o diretor global de negócios da Oxitec, Glen Slade. "Vencemos essa etapa fundamental, mas é só o início de um grande trabalho", completou ele, ressaltando que não está claro em qual ministério a empresa deverá solicitar o registro comercial do mosquito.

Por ser o primeiro produto desse tipo aprovado no País - e no mundo -, não há um trâmite estabelecido. O mais provável é que o processo passe pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Seja como for, a aprovação pela CTNBio significa que devemos continuar a investir no Brasil", disse Slade. O objetivo da empresa é ter várias fábricas de mosquitos espalhadas pelo País, para atender a demandas localizadas com mais eficiência. Os mosquitos são frágeis e não podem viajar longas distâncias, por isso é importante que as fábricas estejam próximas das cidades que eventualmente serão atendidas pelo serviço.

Como funciona

Os mosquitos transgênicos da Oxitec têm um gene a mais inserido em seu DNA que faz com que seus descendentes morram antes de chegar à fase adulta, ainda no estágio de larva. Apenas mosquitos machos são produzidos, pois são apenas as fêmeas que picam as pessoas e transmitem a dengue.

Dessa forma, evita-se acrescentar mais mosquitos com potencial para transmitir a doença no ambiente. A estratégia consiste em liberar grandes quantidades desses mosquitos transgênicos na "natureza" (áreas urbanas), em número muito maior do que o de machos selvagens, de forma que os transgênicos estéreis tenham uma probabilidade muito maior de copular com as fêmeas daquela população.

"Os resultados são muito promissores e mostram que a tecnologia funciona para reduzir a população de mosquitos", diz a pesquisadora Margareth Capurro, da Universidade de São Paulo, que coordenou os estudos de campo na Bahia. Com a redução do número de mosquitos, a expectativa é que o risco de transmissão da dengue também caia.

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