Lockdown é perda de tempo e pode matar mais, diz cientista de Stanford
Michael Levitt, Nobel de química, acredita na volta à rotina, mas com máscaras. Na prática, países com isolamento têm melhor desempenho contra coronavírus
Lucas Agrela
Publicado em 25 de maio de 2020 às 20h08.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 09h39.
O lockdown, fechamento total do comércio não-essencial, como estratégia contra o novo coronavírus é uma perda de tempo e pode matar mais pessoas, afirma Michael Levitt, professor da Universidade de Stanford e vencedor de um prêmio Nobel de química em 2013.
Levitt previu corretamente o impacto da pandemia do novo coronavírus e sugere que as medidas de isolamento social foram tomadas mais por pânico do que por evidências científicas conclusivas. Para ele, o modelo matemático adotado pelo governo americano inflou 10 ou 12 vezes o número de mortes nos Estados Unidos, um dos países que aderiram ao lockdown em alguns estados. O país é o que tem mais casos de pessoas contagiadas no mundo.
Ao jornal britânico Telegraph , Levitt afirmou acreditar que o lockdown não tenha salvado vidas. “Eu acho que ele pode ter custado mais vidas. Pode ter poupado vidas que seriam perdidas em acidentes de trânsito, coisas assim, mas o dano social – violência doméstica, divórcios e alcoolismo – foi extremo. E há também quem deixou de ser tratado por outras condições médicas”, disse.
O professor acredita na retomada da rotina, mas com a população usando máscaras e adotando medidas de distanciamento social.
O outro lado
Apesar da opinião de Levitt, um estudo feito por pesquisadores de Singapura mostra que as medidas de distanciamento social, o fechamento de escolas e a quarentena de pessoas infectadas são as medidas mais efetivas para conter a propagação do novo coronavírus, causador da doença covid-19.
Além disso, a realidade vem se contrapondo a Levitt. A Suécia, país com regras de isolamento mais livres da Europa, é também um dos campeões de casos e mortes proporcionais -- e prevê uma retração econômica tão forte quanto a de seus vizinhos. Países que tiveram o melhor desempenho no combate à pandemia, por sua vez, fizeram isolamentos restritos e muitos testes -- entre eles estão China, Taiwan, Coreia do Sul e Nova Zelândia.
Últimas notícias sobre o novo coronavírus
- Pesquisadores desvendam por que covid-19 é mais grave em diabéticos
- Instituto do governo do Rio estuda soro contra novo coronavírus
- Empresa quer resolver mistério sobre gravidade de sintomas do coronavírus
- Sinais de eficácia de vacina contra coronavírus podem vir no 2º semestre
- Diretora rejeita acusações de que coronavírus saiu do laboratório de Wuhan
- Animal alvo da indústria de moda pode ser novo vetor de coronavírus
- Vacina promissora contra o coronavírus encontra um problema surreal