Jejum no BBB: hábitos alimentares de Bárbara são saudáveis?
Participante do reality preocupa colegas da casa e fãs do programa por comportamento característico de transtornos alimentares, com jejum excessivo e alimentação à base de "ovo e café"; entenda o que a ciência fala sobre
Laura Pancini
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 10h14.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 10h21.
A alimentação é um dos maiores desafios dentro do Big Brother Brasil . Os brothers não só dividem a casa entre 20 pessoas, como também dividem a cozinha entre os que têm direito ao filét mignon, no Vip, e os que almoçam rabada na Xepa. A separação é garantia de muita briga por comida na casa (e entretenimento para quem assiste).
A última edição, por exemplo, foi marcada por figuras como o rapper Projota, que viralizou nas redes sociais por não gostar de pratos como lasanha e strogonoff. Já em 2022, o participante Arthur Aguiar virou meme por sair da dieta restrita de sua esposa, a coach fitness Mayra Cardi, que soltou stories reclamando dos hábitos do parceiro confinado.
Porém, muito além das brincadeiras sobre Aguiar, o BBB 22 vem gerando debates sobre os perigos do jejum e dos transtornos alimentares por conta de falas e atitudes de outras participantes. O caso que mais vem gerando preocupação dentro e fora da casa é o de Bárbara Heck, sister do 'Pipoca' que aparenta ter uma série de hábitos alimentares prejudiciais à saúde.
Bárbara passou as últimas duas semanas do reality na Xepa, divisão dos "menos afortunados" na cozinha do BBB. Além de uma alimentação composta majoritariamente de ovo, salada e frutas, deixando o arroz e feijão de lado, a participante teve vários momentos que chamaram atenção do público: (1) foi vista chupando limão, prática para supostamente suprir a fome; (2) se alimenta de doces nas festas e faz jejum de horas no dia seguinte para compensar; (3) já chegou a comentar que "não passaria pela porta" depois de comer besteira, entre outras coisas.
Não há como diagnosticar alguém através de uma tela, mas os comportamentos e padrões que se repetem indicam que a participante tem comportamentos transtornados com a comida e que são característicos de transtornos alimentares.
"Ficar longos períodos sem comer, se sentir gorda mesmo estando em um peso eutrófico, fazer compensações na alimentação e se alimentar apenas de um único alimento, como o ovo, são comportamentos graves e precisam de tratamento especializado", disse Fernanda Imamura, nutricionista com especialização em Transtornos Alimentares pelo Instituto dePsiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Jejuar é bom?
Além de Bárbara, a influenciadora Jade Picon afirmou em conversa que, fora do reality, costuma fazer jejuns de 16 horas todos os dias e só se alimenta de salada e proteína. O nome da prática, na qual a pessoa passa 16 horas sem comer e as próximas 8 se alimentando, é conhecida como jejum intermitente.
Alguns estudos em ratos sugerem que essa dieta protege o corpo da obesidade, da diabetes e até da neurodegeneração e que 24 horas de jejum já são o suficiente para estimular a capacidade das células de se regenerar. Mesmo assim, jejuar ainda não é recomendado, porque pode levar a perda de massa muscular e se estender para uma deterioração física durante o envelhecimento.
Além disso, parar de comer causa uma bagunça nas taxas metabólicas, justamente porque o corpo entende que deve conservar energia. Portanto, se o objetivo é queimar calorias, fazer jejum não faz sentido.
Por último, ao retornar com o alimento, é possível que o indivíduo tenha ainda mais vontade de comer, e acabe por ingerir as calorias que queria perder, comportamento que vem sendo observado na Bárbara durante as festas. A participante come pouco durante o dia, fazendo o jejum não saudável, e diz que vai esperar o evento.
Para quem assiste, a prática da participante pode promover a adoção de hábitos não saudáveis, assim como a não aceitação do próprio corpo e aparência. "Muitas pessoas podem se inspirar nesse tipo de comportamento e isso pode ser um fator precipitante pro desenvolvimento de um transtorno alimentar nas pessoas que já tem alguma predisposição", disse Imamura, que usa como exemplo a aneroxia nervosa, transtorno psiquiátrico que é um dos que mais mata no mundo.
"Se a Bárbara realmente tem um transtorno, ela não deve ser julgada ou culpabilizada por isso, mas sim acolhida e receber tratamento especializado", comentou Imamura. Pessoas que se identificam com o comportamento da participante devem buscar ajuda profissional, como psiquiatra, nutricionista e psicólogo.