O futuro do tratamento contra a covid: pílulas, inaladores e sprays nasais
Apesar de não substituirem a vacina, medicamentos contra covid-19 mais baratos, eficazes e menos dolorosos podem estar disponíveis em 2022; conheça alguns
Laura Pancini
Publicado em 9 de outubro de 2021 às 08h00.
Um dia, a covid-19 pode ser tão simples de tratar quanto uma gripe. Até agora, dependemos de medicamentos caros e difíceis de administrar, mas empresas farmacêuticas e de biotecnologia estão trabalhando em medicamentos em formato de pílulas, inaladores e sprays nasais, que podem transformar a forma como tratamos a doença da pandemia.
Os medicamentos têm (em sua grande maioria) o objetivo de reduzir as chances da doença se desenvolver para um caso mais grave. Portanto, nenhum é substituto da querida vacina contra o coronavírus .
No Brasil , a Anvisa aprovou cinco medicamentos para o tratamento contra a covid-19, sendo quatro deles para uso emergencial: remdesivir; os coqueteis de anticorpos monoclonais casirivimabe e imdevimabe, banlanivimabe e etesevimabe; Regkirona (regdanvimabe) e sotrovimabe.
Em breve, comprimidos ou sprays podem ser uma solução menos dolorosa e mais barata para tratar os mesmos sintomas— epodem evitar uma ida até o hospital. Veja alguns dos estudos sendo feitos sobre os futuros medicamentos contra covid-19:
Pílulas antivirais podem reduzir o risco de hospitalização
Recentemente, a Merck Sharp & Dohme (MSD), chamada nos Estados Unidos de Merck & Co , anunciou seu remédio oral experimental contra covid."Isto mudará o diálogo sobre como lidar com a covid-19", disse Robert Davis, executivo-chefe da farmacêutica, à Reuters.
Batizado de molnupiravir, a pílula pertence a classe de antivirais pelo nome de nucleosídeos, que tentam bloquear a replicação do vírus dentro das células. Ele diminuiu em cerca de 50% a chance de hospitalização ou morte em pacientes com risco de desenvolver doenças graves, de acordo com os resultados provisórios de testes clínicos em 385 voluntários.
Agora, a empresa está avaliando o medicamento com 1.900 pacientes com casos de covid leve ou moderado.
Duas outras empresas, Roche e Atea Pharmaceuticals, estão desenvolvendo em conjunto um nucleosídeo em forma de pílula, denominado AT-527. Um estudo pequeno, com 60 pessoas, mostrou que ele reduziu a quantidade de vírus presente em pacientes hospitalizados. Até o final do ano, os resultados de um experimento com 1.400 voluntários será divulgado.
Outras empresas estão desenvolvendo comprimidos antivirais chamados de inibidores de protease, que têm como alvo uma enzima envolvida no processo de replicação viral.
Junto com a dose baixa de outro antiviral, o medicamento está sendo testado pela Pfizer em um estudo de 3.000 pessoas. Os dados devem sair antes do final do ano.
Já a farmacêutica japonesa Shionogi está desenvolvendo uma pílula que pode ajudar no tratamento de infecções leves ou assintomáticas. O estudo está em fase final desde setembro. A Pardes Biosciences e a Enanta Pharmaceuticals, empresas menores de biotecnologia, também estão trabalhando nos próprios inibidores de protease.
Sprays nasais podem ser úteis após a exposição ao vírus
Como foi descoberto que o coronavírus invade o corpo pelo nariz, olhos e garganta primeiro, a comunidade científica percebeu uma vantagem em administrar remédios por estas partes do corpo. Os sprays nasais podem, por exemplo, matar ou enfraquecer o vírus antes dele chegar até os pulmões.
Israel já está oferecendo um spray desenvolvido pela empresa SaNOtize, que mostrou em um estudo ter reduzido a quantidade de vírus em 40 voluntários. O spray é feito de um gás incolor que já é encontrado naturalmente no corpo, chamado de óxido nítrico.
A IGM Biosciences também está desenvolvendo o próprio medicamento via spray nasal, com um anticorpo projetado para neutralizar o coronavírus. Por enquanto, ele só foi testado em ratos, e seu objetivo, de acordo com um dos professores envolvidos na pesquisa, é servir como um tratamento de emergência para alguém que foi exposto de imediato.
No Brasil, uma vacina em forma de spray nasal está sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo ( USP ), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz ) e a Universidade Federal de São Paulo ( Unifesp ). A expectativa é que ela esteja disponível até o final de 2022.
Inaladores podem encurtar a recuperação
Apesar de que mais pesquisas precisam ser feitas, os inaladores soam promissores na diminuição do tempo de recuperação de pacientes hospitalizados.
Em um estudo com o inalador da Synairgen, que usa uma proteína natural para estimular a resposta imune nos pulmões, os pacientes que utilizaram o medicamento melhoraram mais rápido dos que receberam placebo. Os resultados do estudo devem ser divulgados no início de 2022.
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