Ciência

Exposição ao chumbo pode ter reduzido QI da população dos EUA, diz estudo

Gasolina com chumbo era comum no país entre as décadas de 60 e 70, o que pode ter afetado cerca de metade da população do país viva hoje

Pesquisa calcula que metade da população estadunidense perdeu até três pontos por pessoa em média (GettyImages/Getty Images)

Pesquisa calcula que metade da população estadunidense perdeu até três pontos por pessoa em média (GettyImages/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 12 de março de 2022 às 11h00.

Um novo estudo calcula que a exposição a gases com chumbo durante a infância através dos escapamentos dos carros pode ter roubado um total de 824 milhões de pontos de QI de mais de 170 milhões de norte-americanos vivos hoje, cerca de metade da população dos Estados Unidos.

As descobertas sugerem que os americanos nascidos antes de 1996 podem ter maior risco de problemas de saúde relacionados ao chumbo. A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Em 2015, mais da metade da população dos EUA (170 milhões de pessoas) apresentavam níveis clinicamente preocupantes de chumbo no sangue quando eram crianças. A hipótese é que, além dos riscos de saúde a longo prazo, a exposição levou ao tamanho reduzido do cérebro, maior probabilidade de desenvolver doenças mentais e cardiovasculares na idade adulta e possivelmente QIs mais baixos.

O chumbo é um neurotóxico e pode corroer as células cerebrais depois de entrar no corpo. O material é capaz de atingir a corrente sanguínea uma vez que é inalado como pó, ingerido ou consumido na água, mas também através do escapamento dos carros. 

Não há nível seguro de exposição em nenhum momento da vida, de acordo com especialistas em saúde. As crianças pequenas são especialmente vulneráveis ​​à capacidade do chumbo de prejudicar o desenvolvimento do cérebro e diminuir a capacidade cognitiva.

“Na corrente sanguínea, é capaz de passar para o cérebro através da barreira hematoencefálica, o que é muito bom para manter muitos tóxicos e patógenos fora do cérebro, mas não todos eles”, disse Aaron Reuben, doutorando em psicologia clínica na Duke University, que realizou o estudo em parceria com colegas da Florida State University.

Entre a década de 60 e 70, o consumo de gasolina com chumbo aumentou rapidamente nos Estados Unidos. Ela só foi proibida oficialmente em 1996. Como resultado, Reuben e seus colegas descobriram que praticamente todos os nascidos durante essas duas décadas estavam expostos a níveis consideráveis de chumbo nos escapamentos dos carros.

A exposição na infância pode ter diminuído a pontuação cumulativa de QI dos Estados Unidos em cerca de 824 milhões de pontos quase três pontos por pessoa, em média. Os pesquisadores calcularam que, na pior das hipóteses, as pessoas nascidas em meados da década de 1960 podem ter perdido até seis pontos de QI.

Para realizar a pesquisa, Reuben e os coautores usaram dados publicamente disponíveis sobre os níveis de chumbo no sangue infantil nos EUA, uso de gás com chumbo e estatísticas populacionais. Assim, eles determinaram a provável carga de exposição ao chumbo ao longo da vida por todos os estadunidenses vivos em 2015 e, a partir dos dados, estimaram os pontos de QI perdidos.

Agora, o próximo passo de Reuben será examinar as consequências a longo prazo da exposição ao chumbo no cérebro de pessoas adultas e idosas.

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