Ciência

Como o plástico está ainda mais perto de acabar com a humanidade

Epidemiologista especializada em reprodução humana mostra que componente causa efeitos na saúde masculina

Estudos apontam forte correlação entre o plástico e a redução de espermatozoides (Rosley Majid / EyeEm/Getty Images)

Estudos apontam forte correlação entre o plástico e a redução de espermatozoides (Rosley Majid / EyeEm/Getty Images)

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Karina Souza

Publicado em 5 de março de 2021 às 20h04.

Última atualização em 5 de março de 2021 às 20h35.

O contato com o plástico está fazendo com que homens tenham metade da capacidade reprodutiva de seus avôs. Essa é a conclusão da epidemiologista Shanna Swan, que estuda o impacto de componentes químicos na saúde há aproximadamente vinte anos. "Se não fizermos nada em relação ao contato com esse tipo de produto, isso poderia levar ao fim da humanidade", afirma. Pontos de contato com o material não faltam -- até mesmo a cerveja é uma fonte disso.

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O tema é discutido em profundidade no livro mais recente da pesquisadora, chamado Count Down: How Our Modern World Is Threatening Sperm Counts, Altering Male and Female Reproductive Development, and Imperiling the Future of the Human Race." (Contagem regressiva: Como nosso mundo moderno está ameaçando a contagem de espermatozoides, alterando o desenvolvimento da reprodução masculina e feminina e arriscando o futuro da humanidade, em tradução livre).

Segundo a pesquisadora, o principal culpado por isso são os ftalatos, produtos químicos encontrados em peças de fabricação de plástico, segundo a pesquisadora. Esse componente altera a forma como o hormônio endócrino é produzido -- o que pode causar, além da menor quantidade de espermatozoides, QIs mais baixos e contribuir para nascimentos prematuros.

De acordo com Swan, essa contaminação cresce de forma significativa, uma vez que os bebês são contaminados por ela enquanto ainda estão em gestação. Dessa forma, ela reforça (ainda mais) a necessidade de tomar medidas para frear a contaminação. Outro estudo, publicado em 2020, já mostrava que o plástico havia chegado à placenta -- e também discute o potencial de danos desse alcance.

Essa não é a primeira vez que estudos sobre a queda da probabilidade de reprodução humana são conduzidos. Em 1992, outra mulher, Elisabeth Carlsen, já afirmava que a contagem de espermatozóides estava caindo de forma rápida ao redor do mundo todo. Inclusive, foi nela que Swan se inspirou ao conduzir sua primeira pesquisa de seis meses sobre o tema -- convencida sobre o assunto, continuou a se debruçar sobre o assunto cada vez mais.

Como resolver o problema?

Mesmo antes do estudo de Swan, a preocupação com o plástico se torna um ponto cada vez mais discutido dentro das empresas. Recentemente, a Johnson & Johnson afirmou que negócios sustentáveis são o principal foco no mercado; o McDonald's deixou de usar canudos e copos de plástico; e até mesmo empresas não tão conhecidas pelo público em geral, como a ERT, estão dispostas a fabricar um plástico sustentável nos próximos anos.

Mas, definir um ponto final para o uso desse componente e seu contato com a humanidade ainda é um passo incerto. Além do longo tempo em que permanece na natureza (garrafas PET podem permanecer por até 400 anos), o plástico é descartado muitas vezes de maneira irregular, como mostra um infográfico produzido pela FAPESP, abaixo.

A economia circular pode ajudar a resolver esse problema -- mas não é uma solução completa. Especialistas já defendem que é necessário repensar todo o uso e fabricação do plástico: do contrário, a previsão de quadruplicar a quantidade desse material do oceano se confirmará.

 

 

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