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Wagner Moura interpreta Renato Russo em show

Numa ousada iniciativa da MTV, o ator será o vocalista por uma noite num show da Legião Urbana

“Esse é o maior desafio que tive nos últimos anos”, disse Moura. Ator já atacou de cantor em propaganda da Coca-cola (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2012 às 10h42.

São Paulo - Fim do inverno alemão. Berlim, algum dia de março. Wagner Moura estava na cidade filmando o longa Praia do Futuro, do cineasta cearense Karim Aïnouz. Na tela do computador, dois de seus maiores ídolos da adolescência: Dado Villa-Lobos e Paulo Bonfá. Essa foi a primeira vez que os três conversaram sobre um novo projeto da MTV : subir ao palco no dia 29 de maio para tocar músicas da Legião Urbana. Esse é o maior desafio que tive nos últimos anos, disse Moura para Dado.

A Legião Urbana acabou com a morte de Renato Russo, em 1996, aos 34 anos. Dado Villa-Lobos tem hoje 46 e Bonfá, 47. Wagner conta 35. O ator está bem no centro da faixa etária que cresceu idolatrando a banda brasiliense fundada em 1982. Com 15 milhões de discos vendidos, a Legião Urbana é um fenômeno que se recusa a passar. No último ano, um milhão de discos foram vendidos, a maioria no formato digital.

Não é para ser um tributo, diz Zico Góes, diretor de programação da MTV e responsável pelos acústicos de Cássia Eller e Titãs. É para ficar com uma cara diferente. Para Zico, esse tipo de mistura está no DNA da emissora. Na premiação Video Music Brasil do ano passado, Zico colocou no mesmo palco Caetano Veloso e o rapper-sensação Criolo. Há alguns anos, chegou a misturar Banda Calipso com Paralamas do Sucesso e Chitãozinho e Xororó com os roqueiros do Fresno. Mas essa homenagem à Legião Urbana capitaneada por Moura é, sem dúvida, o maior projeto do tipo até hoje. Se der certo, pode abrir espaço para outros. Mas por que Wagner Moura?

Já estávamos namorando o Wagner há algum tempo, mas não conseguíamos fazer algo por conta de agenda, diz Zico. Quando alguém reparou que ele havia incluído em dois de seus filmes cenas em que cantava Legião Urbana, a ideia veio fácil. Logo na primeira conversa, pela internet, a iniciativa ganhou tração.

Ele foi tão sincero, tão humilde e tão fã, que eu jamais poderia imaginar, diz o baterista Bonfá. Ele ficava falando as letras de cor, contando detalhes da nossa carreira, prossegue. É impressionante como ele conhece todas as músicas, diz Dado. A coisa está dentro do sistema dele. O Wagner tem um conhecimento do repertório e uma admiração que chegam a ser estranhas. Pelo visto, a Legião fez parte da formação sentimental dele.


A pedido do ator, os sobreviventes da Legião vão incluir no show músicas dos dois últimos álbuns. Vamos tocar algumas músicas que nunca foram executadas ao vivo. Via Láctea, por exemplo. Moura cantou Tempo Perdido durante uma cena de baile no longa O Homem do Futuro e Será num bar de beira de estrada em V.I.Ps.

Até o cidadão menos inclinado a enxergar qualidade no rock brasiliense dos anos 1980 há de convir que há algo de notável na versão de Moura para Tempo Perdido, por exemplo: a entrega absoluta apesar do canto sem técnica, o ricto distorcido e a mão que esgana o microfone. É o que os americanos chamam de teenage angst. Legião Urbana mudou minha vida, disse Moura. Assim como o mundo não seria o que é se não fosse Shakespeare, minha geração não seria o que é hoje se não fosse Legião Urbana.

Se sua leitura de Tempo Perdido (em dueto com Alinne Moraes) em O Homem do Futuro servir de base para o que aguarda o público, Moura abrirá as comportas de seu amor por Renato Russo: adotará os maneirismos e a urgência teatral do cantor/compositor.

Existe uma preocupação do grupo em não apresenta-lo como uma encarnação de Renato Russo, mas sim um intérprete prestando uma homenagem. De qualquer maneira, cantando os versos derramados de Renato, Moura encontra uma boa desculpa para se jogar em direção ao desconhecido. Pode não ter o alcance do vocalista original, mas ganha a nossa simpatia pelo genuíno esforço para alcançar as notas. A gente teve que abaixar um pouco os tons, sim, para ficar mais confortável para ele, disse Dado. É difícil, porque o Renato ia do barítono ao alto.

Os sobreviventes da Legião, que voltaram a apresentar o repertório da antiga banda no Rock in Rio e agora tocam com jovens músicos sempre que podem, veem até uma semelhança entre Moura e Renato. A principal semelhança é a determinação, acredita Dado. E a paz interior para fazer o que se propõem. Mas o Renato nunca poderá ser substituído. Nunca. Será?

https://youtube.com/watch?v=_Q-4WjFR7_0

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São Paulo - Fim do inverno alemão. Berlim, algum dia de março. Wagner Moura estava na cidade filmando o longa Praia do Futuro, do cineasta cearense Karim Aïnouz. Na tela do computador, dois de seus maiores ídolos da adolescência: Dado Villa-Lobos e Paulo Bonfá. Essa foi a primeira vez que os três conversaram sobre um novo projeto da MTV : subir ao palco no dia 29 de maio para tocar músicas da Legião Urbana. Esse é o maior desafio que tive nos últimos anos, disse Moura para Dado.

A Legião Urbana acabou com a morte de Renato Russo, em 1996, aos 34 anos. Dado Villa-Lobos tem hoje 46 e Bonfá, 47. Wagner conta 35. O ator está bem no centro da faixa etária que cresceu idolatrando a banda brasiliense fundada em 1982. Com 15 milhões de discos vendidos, a Legião Urbana é um fenômeno que se recusa a passar. No último ano, um milhão de discos foram vendidos, a maioria no formato digital.

Não é para ser um tributo, diz Zico Góes, diretor de programação da MTV e responsável pelos acústicos de Cássia Eller e Titãs. É para ficar com uma cara diferente. Para Zico, esse tipo de mistura está no DNA da emissora. Na premiação Video Music Brasil do ano passado, Zico colocou no mesmo palco Caetano Veloso e o rapper-sensação Criolo. Há alguns anos, chegou a misturar Banda Calipso com Paralamas do Sucesso e Chitãozinho e Xororó com os roqueiros do Fresno. Mas essa homenagem à Legião Urbana capitaneada por Moura é, sem dúvida, o maior projeto do tipo até hoje. Se der certo, pode abrir espaço para outros. Mas por que Wagner Moura?

Já estávamos namorando o Wagner há algum tempo, mas não conseguíamos fazer algo por conta de agenda, diz Zico. Quando alguém reparou que ele havia incluído em dois de seus filmes cenas em que cantava Legião Urbana, a ideia veio fácil. Logo na primeira conversa, pela internet, a iniciativa ganhou tração.

Ele foi tão sincero, tão humilde e tão fã, que eu jamais poderia imaginar, diz o baterista Bonfá. Ele ficava falando as letras de cor, contando detalhes da nossa carreira, prossegue. É impressionante como ele conhece todas as músicas, diz Dado. A coisa está dentro do sistema dele. O Wagner tem um conhecimento do repertório e uma admiração que chegam a ser estranhas. Pelo visto, a Legião fez parte da formação sentimental dele.


A pedido do ator, os sobreviventes da Legião vão incluir no show músicas dos dois últimos álbuns. Vamos tocar algumas músicas que nunca foram executadas ao vivo. Via Láctea, por exemplo. Moura cantou Tempo Perdido durante uma cena de baile no longa O Homem do Futuro e Será num bar de beira de estrada em V.I.Ps.

Até o cidadão menos inclinado a enxergar qualidade no rock brasiliense dos anos 1980 há de convir que há algo de notável na versão de Moura para Tempo Perdido, por exemplo: a entrega absoluta apesar do canto sem técnica, o ricto distorcido e a mão que esgana o microfone. É o que os americanos chamam de teenage angst. Legião Urbana mudou minha vida, disse Moura. Assim como o mundo não seria o que é se não fosse Shakespeare, minha geração não seria o que é hoje se não fosse Legião Urbana.

Se sua leitura de Tempo Perdido (em dueto com Alinne Moraes) em O Homem do Futuro servir de base para o que aguarda o público, Moura abrirá as comportas de seu amor por Renato Russo: adotará os maneirismos e a urgência teatral do cantor/compositor.

Existe uma preocupação do grupo em não apresenta-lo como uma encarnação de Renato Russo, mas sim um intérprete prestando uma homenagem. De qualquer maneira, cantando os versos derramados de Renato, Moura encontra uma boa desculpa para se jogar em direção ao desconhecido. Pode não ter o alcance do vocalista original, mas ganha a nossa simpatia pelo genuíno esforço para alcançar as notas. A gente teve que abaixar um pouco os tons, sim, para ficar mais confortável para ele, disse Dado. É difícil, porque o Renato ia do barítono ao alto.

Os sobreviventes da Legião, que voltaram a apresentar o repertório da antiga banda no Rock in Rio e agora tocam com jovens músicos sempre que podem, veem até uma semelhança entre Moura e Renato. A principal semelhança é a determinação, acredita Dado. E a paz interior para fazer o que se propõem. Mas o Renato nunca poderá ser substituído. Nunca. Será?

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