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Tom Petty, um ícone da essência do rock americano

Ao lado da sua fiel banda ou junto a mitos como Bob Dylan, a trajetória de Petty está entre as páginas mais brilhantes do rock americano

Tom Petty: o músico faleceu nesta segunda-feira aos 66 anos (Lucy Nicholson/Reuters)

Tom Petty: o músico faleceu nesta segunda-feira aos 66 anos (Lucy Nicholson/Reuters)

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EFE

Publicado em 3 de outubro de 2017 às 08h53.

Los Angeles (EUA) - As canções épicas e melancólicas, a trilha sonora de viagens eternas pela estrada e a música de entardecer com gosto de vitórias e derrotas transformaram o carismático Tom Petty em um memorável guardião das essências do melhor do rock americano.

De acordo com a confirmação de seu representante, Petty faleceu na segunda-feira, aos 66 anos, após ter sofrido no dia anterior um ataque cardíaco, em sua residência, em Malibu, Califórnia.

Embora os serviços de emergência tenham conseguido recuperar o pulso após encontrá-lo sem respiração e inconsciente, o roqueiro faleceu depois os aparelhos que o mantinham vivo foram desligados, após a constatação de que não tinha mais atividade cerebral.

Ao lado da sua fiel banda de acompanhamento The Heartbreakers ou junto a mitos como Bob Dylan, Roy Orbison e George Harrison no supergrupo "The Travelling Wilburys", a trajetória de Petty está entre as páginas mais brilhantes do rock americano, graças a inesquecíveis canções como "American Girl", "Free Fallin'", "Wildflowers" e "I Won't Back Down".

Petty, que recentemente tinha realizado três shows no emblemático Hollywood Bowl, em Los Angeles, na turnê pelo 40º aniversário de sua carreira musical, disse em dezembro do ano passado, em uma entrevista para revista "Rolling Stone", que talvez esta seria sua última excursão.

"Mentiria se não dissesse que estou pensando que esta poderia ser a última grande excursão. Tenho uma neta que eu gostaria de ver tanto como possa. Eu não quero passar minha vida na estrada. Esta turnê vai durar quatro meses. Com uma criança pequena, isso é muito tempo", afirmou.

Petty nasceu no dia 20 de outubro de 1950, em Gainesville (Flórida) e quando criança, sofreu abusos de seu pai antes de deixar a escola já adolescente para dedicar-se à música, convencido de que esse era seu destino após se encontrar pessoalmente, quando ainda era um menino, como o Rei do Rock, Elvis Presley.

Seus primeiros passos, sem muito sucesso, foi ao lado do grupo Mudcrutch, em onde tocavam Mike Campbell e Benmont Tench, que também estariam em The Heartbreakers, a famosa banda que acompanhou Petty durante décadas.

Estreou em 1976 com o disco "Tom Petty and The Heartbreakers", onde apresentou seu estilo insubstituível: um rock emocionante e lírico inspirado em The Byrds e Bob Dylan, e que seguia a mesma linha de Bruce Springsteen e Neil Young.

Apesar da invasão das guitarras rebeldes do punk ou o posterior sucesso dos sons eletrônicos na década de 1980 não se encaixassem com sua identidade, Petty foi um artista de muito sucesso, que não desistiu do rock de aroma clássico e que triunfou com discos como "Damn the Torpedoes" (1979).

O músico também enfrentou o lado mais turbulento da indústria, ao enfrentar as gravadoras em várias ocasiões, como em um episódio memorável com a "MCA", pois a companhia queria vender seu quarto álbum ao elevado preço de US$ 9,98.

Petty ameaçou então com entrar com uma ação legal e chamar o álbum de "US$ 8,98", preço habitual dos discos nessa época, mas finalmente o nomeou de "Hard Promises" (1981), após derrotar a gravadora na queda de braço.

Além de seu trabalho ao lado da banda The Hearbreakers, Petty gravou dois discos solo, "Full Moon Fever" (1989) e "Wildflowers" (1994), que estão entre os mais destacados de sua carreira.

Ele também fez parte do grupo "supergrupo" do rock que foi The Travelling Wilburys, um sonho breve, mas indelével, para os amantes da música que incluíam Bob Dylan, Roy Orbison, George Harrison, Jeff Lynne e Petty.

Este "supergrupo" lançou em 1988 "The Traveling Wilburys, Vol.1", mas a repentina morte de Orbison, no mesmo ano, arruinou um projeto que lançaria apenas mais um disco, uma gravação intitulada estranhamente de "The Traveling Wilburys, Vol. 3" (1990).

Tom Petty e The Heartbreakers, cujo último álbum foi "Hypnotic Eye" (2014), eram reconhecidos pelo sua apaixonada direta, com a qual percorreram de cabo a rabo os Estados Unidos, mas que apresentaram de maneira muito esporádica no exterior.

Petty entrou no Hall da Fama do Rock and Roll, em 2002, e neste ano recebeu o prêmio de Pessoa do Ano da Academia da Gravação dos EUA como parte dos eventos prévios à cerimônia de premiação do Grammy.

Em um comunicado divulgado hoje pela "Rolling Stone", Bob Dylan, companheiro de aventuras de Petty em The Traveling Wilburys e que contou com ele e com The Heartbreakers nos anos 80 como banda de apoio na turnê "True Confessions", mostrou sua tristeza pelo falecimento do amigo: "É uma notícia chocante e devastadora".

"Foi um grande artista, cheio de luz, um amigo, e nunca o esquecerei", afirmou Dylan.

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