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Tem sushi no breganejo

Conheça Ivan Miyazato, o japonês por trás do fenômeno do novo sertanejo

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O produtor musical Ivan Miyazato, um dos pais do sertanejo universitário (Divulgação)

O produtor musical Ivan Miyazato, um dos pais do sertanejo universitário (Divulgação)

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Maria Carolina Maia

Publicado em 14 de janeiro de 2012 às, 11h37.

São Paulo - O nome dele não toca no rádio nem bomba no Youtube. Apesar disso, Ivan Miyazato, 34, tem um papel importante no fenômeno que se convencionou chamar de sertanejo universitário, desde que o breganejo se repaginou com ritmos dançantes e caiu na pista da balada jovem.

Produtor musical há catorze anos, Miyazato fundou com Michel Teló e seu irmão Teófilo, hoje seu empresário, a Pantannal, primeira gravadora do Mato Grosso do Sul. Foi ali que iniciou uma carreira que o levaria a trabalhar com gente como João Bosco e Vinícius, Fernando e Sorocaba, Gusttavo Lima e Luan Santana, os principais nomes do novo sertanejo.

Neto de japoneses que aportaram em Santos há mais de sessenta anos, Ivan Miyazato nasceu e cresceu em Campo Grande, onde desde cedo se envolveu com os sons dominantes na região. Como o chamamé, um ritmo local semelhante à guarânia que serve de base para um tipo tradicional de sertanejo. E o vanerão, que, apesar de gaúcho, marca presença há décadas no Centro-Oeste. Ambos já foram inseridos – pelo próprio Miyazato, inclusive – em canções do sertanejo universitário, dando uma levada mais animada às músicas.

Mas não só o chamamé e o vanerão foram mesclados ao sertanejo tradicional para criar a variante que conquistou o público universitário: música pop, forró e até axé entraram nessa receita. “Aproveitamos que o jovem é mais aberto a inovações e criamos algo que mudou a linguagem do sertanejo, antes marcado por um romantismo rasgado e pela dor de cotovelo. Rompeu-se uma barreira. Se há quinze anos era até vergonhoso ouvir música sertaneja, hoje ela é o som da balada e de shows com mais de 20.000, 30.000 pessoas”, diz o sansei do breganejo, que cobra 15.000 reais para produzir uma faixa e 120.000 reais por disco. “Até hoje, produzimos as músicas introduzindo ritmos.”


Entre os fivelões

Colega de escola de Teófilo Teló, Miyazato conhece Michel desde que ele iniciou carreira, ainda pré-adolescente, no grupo Guri, uma banda de baile. “Desde criança, o Michel chamava a atenção. Sempre que ele ia subir ao palco, havia um alvoroço no público. Ele tem estrela.” Na época, 1994, o próprio Miyazato tocava: ele assumia o baixo do conjunto, enquanto Michel cantava e tocava gaita-ponto (um tipo de acordeon) e o irmão, além de cantar, tocava violão. “Fazer parte de um grupo era uma aventura para a gente”, conta o produtor. “A profissionalização só veio quando a gente montou a gravadora e o Michel foi para o Grupo Tradição, de onde só sairia mais de onze anos depois, em 2009, para a carreira-solo.”

Do Guri, Miyazato foi para o grupo Santo Chão, onde reencontrou Michel, em 1997, antes de ele ir para o Tradição. “Foi ali que surgiu a ideia de a gente montar um estúdio de gravação, para produzir CDs. No começo, a gravadora se chamava MIT, iniciais de Michel, Ivan e Teófilo. A sigla MIT ainda dá nome a uma distribuidora de discos de Campo Grande, na qual continuamos sócios. A Pantannal também segue atuando, agora mais como editora de músicas, fazendo registro de obras, mas eu não faço mais parte da sociedade”, conta.

Na MIT/Pantanal, Miyazato produziu com os irmãos Teló canções do Tradição, grupo onde tocava Michel. E produziu também João Bosco e Vinícius, uma das primeiras duplas a abraçar o universitário. Assim como Fernando e Sorocaba, de quem gravou cinco trabalhos já na Ivan Miyazato Produções Artísticas, produtora que mantém no centro de Barueri, onde mora hoje. Foi Sorocaba, compositor dos hits Meteoro e Você Não Sabe o que É Amor, quem levou Luan Santana, uma descoberta sua, a Miyazato. Juntos, Sorocaba e Miyazato produziram Tô de Cara, primeiro disco de Luan, e dois DVDs do cantor. Apesar da boa parceria, o produtor não se vê mais trabalhando com Luan ou Sorocaba, que abraçou de vez a gerência do pupilo. “A parceria entre artista e produtor vai bem até certo ponto. Depois, há um certo desgaste.”

Mas isso não parece problema para Miyazato. Neste momento, ele está iniciando um projeto para revelar novos talentos, o Sertanejo Play, que vai reunir em DVDs artistas de seis regiões – de Campinas, da capital paulista, do Mato Grosso do Sul, do Paraná, de Minas Gerais e de Goiás. E produzindo em Belo Horizonte a dupla César Menotti e Fabiano, em um disco também sem data para chegar às lojas. Como em qualquer mercado aquecido, neste, que ele mesmo ajudou a criar, o que não falta é trabalho. Parafraseando o que o próprio produtor disse sobre o estouro de Michel Teló no exterior, Ivan Miyazato não abriu simplesmente uma porta para o ritmo. Ele abriu uma porteira.

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