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Roger Waters faz "o maior espetáculo da Terra"

Sua volta a São Paulo se dá em dois shows, nesta terça, 9, e quarta, 10, no Allianz Parque

Show de Roger Waters: apresentações que são uma experiência fazem do músico o artista mais monumental em atividade (MICHAEL CAMPANELLA/Redferns/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de outubro de 2018 às 16h10.

Última atualização em 23 de outubro de 2018 às 11h41.

O Rock in Rio anuncia sempre os mesmo nomes em suas programações bianuais e a justificativa é apenas uma: no mundo de hoje existem apenas 25 bandas capazes de lotar estádios. Mas há também um artista que não viveria sem eles: Roger Waters . O caminho sem volta que tomou em sua últimas turnês, anabolizadas a ponto de saírem da categoria show para serem anunciadas como "experiência", o faz o artista de formato ao vivo mais monumental em atividade.

Sua volta a São Paulo se dá em dois shows, nesta terça, 9, e quarta, 10, no Allianz Parque. A turnê que traz se chama Roger Waters - Us + Them e tem um bônus que não soa descolado da série de clássicos que repassa as várias fases do grupo. Se trata de Is This the Life We Really Want?, lançado em julho de 2017, um discaço que brilha quando chega sua vez. Show, teatro, cinema. As dimensões gigantescas em toda a produção interligam as sensações, mas não se sobrepõem àquilo que vai fazer Waters e o Pink Floyd ficarem para a história. Há muita música realmente boa em uma sequência mais do que generosa.

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Se seguir o que tem feito em shows recentes, e ele deve seguir, já que as marcações impedem grandes mudanças durante as viagens, as canções do primeiro bloco serão Speak to Me, Breathe, One of These Days, Time e Breathe (reprise). Chegam então The Great Gig in the Sky e Welcome to the Machine. Preste atenção então na veia baladística pink-floydiana oriunda do novo álbum escorrendo de uma tríade: Déjà Vu, The Last Refugee e Picture That. Antes do fim da primeira parte, tem ainda Wish You Were Here, The Happiest Days of Our Lives, Another Brick in the Wall Part 2 e Another Brick in the Wall Part 3.

O intervalo chega, as luzes do Allianz se acendem e agora é a hora de perceber o parque dos dinossauros armado no campo do Palmeiras. As medidas do palco: 66m x 16m (o equivalente a mais do que 1 mil m²). Um telão de LED com 790 m² não tem similares no Brasil. Nada parecido foi visto em shows anteriores, uma muralha de imagens que parece ocupar toda a faixa horizontal da pista.

As equipes carregaram mais de 100 toneladas de equipamento para armarem quatro torres de laser. Uma delas projeta uma pirâmide acima do público. O sistema de som também está acima do que se percebe mesmo em shows de Paul McCartney e Rolling Stones. Ruídos de carros e tiros chegam pelas laterais, por cima, por trás.

O show recomeça depois do intervalo com Dogs, Pigs (Three Different Ones), Money, Us and Them, Smell the Roses, Brain Damage e o final se aproxima com Eclipse. O bis deve ser com The Bravery of Being Out of Range e, finalmente, Comfortably Numb.

Waters é bem informado sobre a política do mundo, sabe sempre onde está pisando. Em sua última turnê, usou como pôde a imagem do jovem Jean Charles, morto pela polícia londrina por engano em 2005 em um vagão de metrô. É também um ativista pelos pedidos de boicote cultural a Israel por discordar de sua político com os palestinos. Já escreveu cartas a Caetano e Gilberto Gil para que eles não fizessem suas apresentações pelas terras de Benjamin Netanyahu.

Sua força naquelas mais de duas horas de show parece ser potencializada de forma aterradora. Se pedisse votos a uma porta, a elegeria presidente. Mas essas são questões nas quais Waters tradicionalmente não entra, por uma espécie de ética dos grandes astros em respeitar a soberania dos países que visitam. Assunto por aqui ele teria. Ah, como teria.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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