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Paulistanos apresentam consumo excessivo de carnes

Estudo destaca os danos que podem ser causados por consumo excessivo de carne


	Carne na brasa: a ingestão ideal de carnes seria correspondente em média a 100 g/ dia
 (Wikimedia Commons)

Carne na brasa: a ingestão ideal de carnes seria correspondente em média a 100 g/ dia (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2013 às 13h02.

São Paulo - Na cidade de São Paulo, mais da metade da população consome carne de forma excessiva. Segundo pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, o alto consumo resulta em má qualidade na dieta, aumento no risco de doenças cardiovasculares e nos casos de câncer, e em um grande impacto ambiental decorrente da criação de gado.

A nutricionista Aline Martins de Carvalho verificou o consumo dos diversos tipos de carne e as tendências, comparando os dados do Inquérito de Saúde de São Paulo (ISA) nos anos de 2003 e 2008.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a ingestão ideal de carnes, vermelha ou branca, seria de uma porção, correspondente em média a 100 gramas (g) por dia.

O World Cancer ResearchFund, órgão norte-americano voltado à prevenção do câncer, recomenda o consumo de 500 g semanais de carne vermelha e processada (grupo que envolve hamburger, salsicha, nuggets, etc, que no geral são carnes industrializadas). Os dados da pesquisa revelaram que 75% da população da capital paulista consome quantidades muito acima dessa recomendada.

Os dados usados na pesquisa são provenientes do ISA de dois momentos: 2003 e 2008. O estudo utilizou uma amostra representativa do município de São Paulo, ou seja, os dados de uma parte da população são estatisticamente extrapolados para o município todo. Em 2003 foram entrevistadas 2.361 pessoas e, em 2008, outras 1.662, escolhidas de forma aleatória.

A partir da análise de dados, foi verificado que houve aumento de 25%, que passou de 143 g para 179 g/dia, no consumo de carne pela população da cidade, entre 2003 e 2008. A principal carne consumida é a bovina, seguida pelas aves. Também foi possível detectar um aumento no consumo da carne vermelha e processada, principalmente entre os jovens, no caso o consumo aumentou de 108 g para 135 g/dia.


Segundo a pesquisadora, é alarmante perceber a ingestão excessiva de carnes processadas entre os jovens, pois eles passarão mais tempo de sua vida consumindo esse alimento e ficarão mais tempo expostos aos riscos de doenças.

O consumo excessivo de carnes processadas foi relacionado inversamente à qualidade da dieta, principalmente dentre os homens. “Quem tem uma melhor qualidade da dieta, consome menos carne vermelha processada”, diz Aline.

O modo pelo qual a carne é preparada é um fator a ser observado. Nas carnes bem passadas feitas na grelha, forno ou churrasqueira, são formadas crostas de coloração marrom a preta, que possuem substâncias potencialmente carcinogênicas, ou seja, pode causar câncer.

Por esse motivo é recomendado o consumo de carnes cozidas, pois não são adicionadas gorduras na sua preparação e não ficam queimadas. “Carne é saudável, mas é preciso consumir com moderação, sempre observando os tipos, o melhor método de preparo, a quantidade que deve ser consumida ao longo do dia e ao longo da semana”, recomenda a nutricionista.

Os estudos também indicaram que para cada quilo de carne bovina produzida são gerados em média 44 quilos equivalentes de dióxido de carbono (CO2), equivalendo a um carro percorrendo a distância de 250 quilômetros.


Estima-se que o município de São Paulo produziu 18 milhões de toneladas de dióxido de carbono pelo consumo de carne em 2003. Isso equivale a 5% do impacto total produzido pelo Brasil para a agropecuária. O dióxido de carbono é produzido pelo gado em vida, por meio da respiração e liberação de gases.

Divulgação de dados

A partir dos resultados da pesquisa, foi criado um projeto de extensão para conscientizar os universitários da FSP sobre o consumo exagerado. Foi feita uma parceria com o Restaurante Universitário e uma vez por mês nenhuma carne era servida como prato principal no almoço e no jantar durante o ano de 2012. Após 9 meses de projeto, foi feita uma pesquisa com os estudantes e 45% dos entrevistados disseram que reduziram o consumo de carne a partir das informações obtidas.

A ideia é incentivar a diminuição gradual das porções ao longo do dia e uma escolha melhor entre os tipos de carne, dando preferência para carnes brancas cozidas. Mais informações podem ser encontradas no site.

A dissertação de mestrado Tendência temporal do consumo de carne no município de São Paulo: estudo de base populacional – ISA Capital 2003/2008 foi desenvolvida entre 2010 e 2012 e orientada pela professora Dirce Maria Lobo Marchioni.

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