Para onde vai o dinheiro de um bilhete aéreo
Do preço em dólar do combustível aos impostos estaduais, muitos fatores influenciam no valor de uma passagem aérea. Conheça os principais
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2016 às 08h00.
Na última década, viajar de avião deixou de ser um luxo para se tornar uma realidade recorrente para muitos brasileiros. Com tarifas em queda e promoções, o número de passageiros no país saltou de 34 milhões, em 2002, para 103 milhões, no ano passado.
A democratização do transporte aéreo no Brasil está ligada aos preços das passagens, que caíram 40% nos últimos dez anos. Só entre 2011 e 2015, por exemplo, o valor médio da tarifa para voos domésticos caiu de 341 reais para 289 reais, segundo um levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Isso aconteceu em grande parte devido à chamada liberdade tarifária, em vigor desde 2002. Antes, o governo era responsável por estabelecer faixas de preços para os bilhetes aéreos. Com a desregulamentação, as companhias aéreas passaram a definir os valores com base nos custos e na demanda de mercado.
O movimento estimulou a competitividade e a entrada de novas empresas aéreas no mercado brasileiro. Mas, além da concorrência, muitos outros fatores influenciam o valor final do bilhete aéreo. Conheça, abaixo, quais são.
Gasto com combustível
O maior custo para colocar um avião no ar é o combustível: 38% do valor final de uma passagem são destinados ao abastecimento das aeronaves. No Brasil, o preço do galão de querosene de aviação (QAV) varia entre 4 e 6 dólares nos aeroportos, enquanto 3 dólares é a média mundial. Por aqui, para encher o tanque de um Boeing 787, que comporta mais de 33 mil galões de combustível, o gasto pode ultrapassar 200 mil dólares.
Como o preço do QAV está atrelado ao dólar, as companhias aéreas pagam antes pelo combustível que vão usar no futuro. Assim conseguem se proteger em casos de grandes flutuações cambiais. Isso também pode se refletir no preço final da passagem.
Impostos e taxas
A percepção de que voos nacionais muitas vezes custam mais do que internacionais não somente é real como tem um motivo claro: o valor dos impostos no Brasil. O principal é o ICMS sobre o combustível, que incide apenas em voos domésticos. Sua alíquota é variável e pode alcançar o teto de 25%, de acordo com o estado.
O ICMS, sozinho, representa cerca de 8% dos custos de voar. No caso de rotas para o exterior, tanto companhias aéreas nacionais quanto internacionais são isentas desse imposto – o que explica a diferença de preço entre voos internos e externos.
Existem ainda outros impostos e taxas que impactam o valor da passagem, como as tarifas cobradas pelos aeroportos para pouso, permanência, conexões, utilização dos balcões de check-in, comunicação e serviços de auxílio à navegação. Só em 2015 o reajuste foi de 72,8% em três taxas de navegação aérea. Os valores cobrados por áreas operacionais e por espaço nos aeroportos também têm sofrido alterações. A maior parte da arrecadação tem quatro destinos: o operador do aeroporto, o Programa Nacional de Auxílio a Aeroportos, o Fundo Nacional de Aviação Civil e o Comando da Aeronáutica.
Manutenção e demais serviços
A manutenção da aeronave e dos equipamentos de segurança usados durante o voo, os serviços oferecidos a bordo, os salários da equipe de comissários, e toda a estrutura administrativa das companhias aéreas também influenciam no preço final da passagem.
A busca das companhias aéreas por preços mais competitivos gerou uma mudança nos serviços de bordo ao longo dos anos. Hoje, são oferecidos lanches nos voos e algumas companhias não têm serviço de bordo em voos curtos, para deixar as passagens mais baratas.
O peso da bagagem
A ANAC tem uma proposta de desregulamentação das franquias de bagagens despachadas. Atualmente, em voos domésticos, os passageiros brasileiros podem levar 5 quilos de bagagem de mão e despachar até 23 quilos sem cobrança adicional. Nos voos internacionais, a franquia chega a duas malas com 32 quilos cada uma.
O valor da bagagem é diluído no preço de todas as passagens. Assim, a tarifa fica mais alta e as pessoas que voam sem malas pagam pelas que carregam bagagem. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, apenas a mala de mão é gratuita. Um passageiro da American Airlines paga 25 dólares pela bagagem despachada. Na europeia Ryanair, o preço gira em torno de 40 euros (cerca de 150 reais).
Preços em queda
É muito possível que o processo de democratização do transporte aéreo, iniciado com a liberdade tarifária, na década passada, tenha continuidade nos próximos anos. Mudanças como a proposta de desregulamentação da franquia de bagagem visam aproximar a legislação brasileira dos padrões internacionais, facilitando a integração com o mercado global. Além disso, a própria concorrência entre as companhias aéreas, um dos motores da queda de preços após a liberdade tarifária, deve continuar mantendo o patamar atual dos valores praticados. “A concorrência faz com que as empresas voem com o preço bem perto do valor de custo”, afirma Felipe Souza, especialista da Lafis Consultoria.
Veja, abaixo, outros custos que influenciam na definição do valor de um bilhete aéreo.
Na última década, viajar de avião deixou de ser um luxo para se tornar uma realidade recorrente para muitos brasileiros. Com tarifas em queda e promoções, o número de passageiros no país saltou de 34 milhões, em 2002, para 103 milhões, no ano passado.
A democratização do transporte aéreo no Brasil está ligada aos preços das passagens, que caíram 40% nos últimos dez anos. Só entre 2011 e 2015, por exemplo, o valor médio da tarifa para voos domésticos caiu de 341 reais para 289 reais, segundo um levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Isso aconteceu em grande parte devido à chamada liberdade tarifária, em vigor desde 2002. Antes, o governo era responsável por estabelecer faixas de preços para os bilhetes aéreos. Com a desregulamentação, as companhias aéreas passaram a definir os valores com base nos custos e na demanda de mercado.
O movimento estimulou a competitividade e a entrada de novas empresas aéreas no mercado brasileiro. Mas, além da concorrência, muitos outros fatores influenciam o valor final do bilhete aéreo. Conheça, abaixo, quais são.
Gasto com combustível
O maior custo para colocar um avião no ar é o combustível: 38% do valor final de uma passagem são destinados ao abastecimento das aeronaves. No Brasil, o preço do galão de querosene de aviação (QAV) varia entre 4 e 6 dólares nos aeroportos, enquanto 3 dólares é a média mundial. Por aqui, para encher o tanque de um Boeing 787, que comporta mais de 33 mil galões de combustível, o gasto pode ultrapassar 200 mil dólares.
Como o preço do QAV está atrelado ao dólar, as companhias aéreas pagam antes pelo combustível que vão usar no futuro. Assim conseguem se proteger em casos de grandes flutuações cambiais. Isso também pode se refletir no preço final da passagem.
Impostos e taxas
A percepção de que voos nacionais muitas vezes custam mais do que internacionais não somente é real como tem um motivo claro: o valor dos impostos no Brasil. O principal é o ICMS sobre o combustível, que incide apenas em voos domésticos. Sua alíquota é variável e pode alcançar o teto de 25%, de acordo com o estado.
O ICMS, sozinho, representa cerca de 8% dos custos de voar. No caso de rotas para o exterior, tanto companhias aéreas nacionais quanto internacionais são isentas desse imposto – o que explica a diferença de preço entre voos internos e externos.
Existem ainda outros impostos e taxas que impactam o valor da passagem, como as tarifas cobradas pelos aeroportos para pouso, permanência, conexões, utilização dos balcões de check-in, comunicação e serviços de auxílio à navegação. Só em 2015 o reajuste foi de 72,8% em três taxas de navegação aérea. Os valores cobrados por áreas operacionais e por espaço nos aeroportos também têm sofrido alterações. A maior parte da arrecadação tem quatro destinos: o operador do aeroporto, o Programa Nacional de Auxílio a Aeroportos, o Fundo Nacional de Aviação Civil e o Comando da Aeronáutica.
Manutenção e demais serviços
A manutenção da aeronave e dos equipamentos de segurança usados durante o voo, os serviços oferecidos a bordo, os salários da equipe de comissários, e toda a estrutura administrativa das companhias aéreas também influenciam no preço final da passagem.
A busca das companhias aéreas por preços mais competitivos gerou uma mudança nos serviços de bordo ao longo dos anos. Hoje, são oferecidos lanches nos voos e algumas companhias não têm serviço de bordo em voos curtos, para deixar as passagens mais baratas.
O peso da bagagem
A ANAC tem uma proposta de desregulamentação das franquias de bagagens despachadas. Atualmente, em voos domésticos, os passageiros brasileiros podem levar 5 quilos de bagagem de mão e despachar até 23 quilos sem cobrança adicional. Nos voos internacionais, a franquia chega a duas malas com 32 quilos cada uma.
O valor da bagagem é diluído no preço de todas as passagens. Assim, a tarifa fica mais alta e as pessoas que voam sem malas pagam pelas que carregam bagagem. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, apenas a mala de mão é gratuita. Um passageiro da American Airlines paga 25 dólares pela bagagem despachada. Na europeia Ryanair, o preço gira em torno de 40 euros (cerca de 150 reais).
Preços em queda
É muito possível que o processo de democratização do transporte aéreo, iniciado com a liberdade tarifária, na década passada, tenha continuidade nos próximos anos. Mudanças como a proposta de desregulamentação da franquia de bagagem visam aproximar a legislação brasileira dos padrões internacionais, facilitando a integração com o mercado global. Além disso, a própria concorrência entre as companhias aéreas, um dos motores da queda de preços após a liberdade tarifária, deve continuar mantendo o patamar atual dos valores praticados. “A concorrência faz com que as empresas voem com o preço bem perto do valor de custo”, afirma Felipe Souza, especialista da Lafis Consultoria.
Veja, abaixo, outros custos que influenciam na definição do valor de um bilhete aéreo.