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Paquera on-line em pandemia: sedução com paciência e álcool gel

Millennials, presos a políticas indefinidas de trabalho em casa e proibidos de ir a bares, usam aplicativos de paquera muito mais do que antes

Amor virtual: jovens lidam com pandemia de coronavírus (Mike Blake/Reuters)

Amor virtual: jovens lidam com pandemia de coronavírus (Mike Blake/Reuters)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 22 de março de 2020 às 06h00.

Última atualização em 22 de março de 2020 às 06h00.

Stephane, um financista de 32 anos de Manhattan, atualizou recentemente seu perfil no Bumble: “Homem saudável, com forte sistema imunológico e grande estoque de Purell”, uma marca de álcool gel.

Uma mulher de Nova York respondeu rápido com uma mensagem privada: “Conte seu segredo: como você conseguiu um estoque grande de Purell? Eu tive que brigar com uma mulher no supermercado por uma lata de atum”. Embora tenha sido bom ter contato com outro ser humano, Stephane nunca respondeu. Porque, bem, estamos na era da Covid-19.

O novo coronavírus que causa a doença já infectou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo e inaugurou uma nova era de encontros on-line. Os millennials, presos a políticas indefinidas de trabalho em casa e proibidos de ir a bares, usam aplicativos de paquera muito mais do que antes. Os usuários ativos aumentaram 8% no Bumble durante a segunda semana de março nos EUA, de acordo com a App Annie, que monitora downloads. A grande questão é quanto tempo isso vai durar agora que o namoro no mundo real é basicamente proibido.

Os aplicativos de paquera geralmente são executados com o chamado modelo “freemium”, fornecendo serviços básicos sem custos, na esperança de que os clientes paguem mais por recursos extras. Com as diretrizes de distanciamento social nos EUA e na Europa, os aplicativos de paquera apostam que mais pessoas se inscreverão e pagarão mais para encontrar um amor, mesmo que seja virtual por enquanto.

A visão otimista de Wall Street é que os usuários estarão dispostos a gastar mais tempo e dinheiro nesses aplicativos porque não têm nada melhor para fazer. A visão pessimista é que parem de pagar por serviços extras, porque a ideia de estar a uma curta distância de um estranho é mais assustadora do que sexy.

Neste mês, Brent Thill, analista da Jeffries, reduziu a previsão de receita de 16% para 14% para a Match Group, proprietária de alguns dos aplicativos de paquera mais populares do mundo, incluindo Tinder, OkCupid e Hinge. As ações da empresa caíram 30% no último mês, em linha com o índice S&P 500. “O grande desafio agora é: quem quer sair com alguém que não conhece?”, diz Thill. “Se eu fosse solteiro, não gostaria de namorar ninguém agora.”

Ninguém sabe realmente como namorar com responsabilidade em uma pandemia. Alguns aplicativos aconselham casais a se encontrarem em espaços abertos e evitar qualquer forma de contato físico; outros sugerem uma solução mais segura e higiênica: sexo por telefone.

Com a colaboração de Sarah Syed e Crystal Kim.

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