Ousar é preciso: como Marco Tomasetta, diretor criativo da Montblanc, vê o futuro da marca
Diretor criativo da Montblanc, Marco Tomasetta fala sobre os desafios de comandar uma marca icônica e ao mesmo tempo atrair novos consumidores
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 15 de outubro de 2023 às 08h00.
Como você define a nova coleção Extreme 3.0?
Ela foi originalmente criada para atender às demandas da mobilidade cotidiana, equilibrando funcionalidade com estilo contemporâneo. Minha intenção era evoluir a coleção com novos formatos multifuncionais e com a introdução de algumas cores divertidas. Um detalhe definidor da coleção é o distintivo de couro inspirado na linguagem visual geométrica da Montblanc da década de 1920, influenciada pelo estilo Bauhaus. Revisitamos também a nossa fivela M Lock 4810 , que acena ao mundo da escalada, para expor o mecanismo interno da fechadura.
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O que o espírito da Montblanc tem em comum com o de Nova York, que inspirou uma campanha recente?
A Montblanc sempre foi movida por uma mentalidade pioneira e criativa e por um desejo de inovar e desenvolver a cultura da escrita, sempre criando, para seus clientes, companheiros que os ajudem a deixar sua marca no mundo. De muitas maneiras, essa mesma atitude e motivação definem o espírito de Nova York, um ímã para criativos, empreendedores e inovadores. A Montblanc também sempre esteve no centro da cultura, do design à literatura, e Nova York é o coração de muitos movimentos e eventos culturais.
Como é a Montblanc antes e depois de sua chegada à marca?
Era uma marca de luxo icônica e duradoura antes de minha chegada e continuará a ser admirada e valorizada por muito tempo. Acho que a Montblanc estava pronta para embarcar em um novo capítulo de sua história extraordinária. Sempre inovou quebrando muitas fronteiras, apesar de ser vista nos últimos anos como uma marca mais tradicional e atemporal. Estamos recuperando essa energia e esse espírito por meio de novas coleções, lembrando aos clientes por que eles amam a Montblanc e convidando novos consumidores a descobrir nosso universo.
O que você deseja manter e mudar nas peças da Montblanc?
Meu objetivo era me basear nos elementos que diferenciam a Montblanc de qualquer outra maison de luxo. Nenhuma outra influenciou tanto a cultura, nenhuma outra pode reivindicar o instrumento de escrita Meisterstück. Eu só queria que a marca fosse mais ousada e avançasse em novas direções, mas sempre de uma forma que se inspirasse em todas as coisas que tornam a Montblanc instantaneamente reconhecível em todo o mundo. Acho que as novas formas e cores de nossos artigos de couro equivalem a uma espécie de revolução. Há fluidez, versatilidade e diversão nas peças, mas, quando você olha mais de perto, a história da Montblanc sempre está lá, conectando tudo.
Qual será o papel dos relógios e das canetas de luxo no futuro?
Em nosso mundo acelerado e digital, também precisamos de peças especiais que nos ajudem a apreciar a magia do artesanato humano. Elas nos desaceleram e contam uma história única por meio do design. Acredito que relógios sofisticados e canetas luxuosas continuarão a ser desejados e não vão competir com produtos de alta tecnologia, mas complementá-los no dia a dia. A vida é uma questão de equilíbrio, e nossos clientes encontram isso em nossos produtos. Eles adoram nossos wearables, mas os alternam com relógios mecânicos. E gostam de pegar um instrumento de escrita para pensar, escrever, compartilhar pensamentos de uma forma muito diferente de mandar uma mensagem de texto ou um e-mail.
O design que não recorre ao storytelling tende a desaparecer?
Por trás dos melhores designs, na maioria das vezes, há uma história convincente e um propósito. Esse é o valor de um design excelente. Acredito que os clientes de luxo são atraídos pelo design que tem intenção e substância. E isso só vai se intensificar, pois todo mundo procura significado nos objetos. Numa sociedade que valoriza a experiência acima de tudo, isso se torna ainda mais importante. A profundidade da narrativa em cada produto Montblanc é excepcional e também cuidadosamente pensada.
Até onde você pode usar sua criatividade na Montblanc?
A tradição e a herança cultural, em vez de impedir a criatividade, podem alimentá-la. Quando você está trabalhando com uma marca com muita história, você tem de respeitá-la. Não significa “carta branca” completa, mas um desafio interessante. O novo motivo em couro nas peças Extreme 3.0 serve de exemplo. Ele tem um design arrojado e original, mas inspirado em imagens criadas por Grete Gross, que influenciou profundamente a linguagem visual da Montblanc na década de 1920.