O que os seguros para uísques nos dizem sobre os super-ricos?
Os preços dos uísques raros, que passam décadas em barris de carvalho, chegaram aos sete dígitos
Júlia Lewgoy
Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 05h00.
Última atualização em 12 de dezembro de 2018 às 05h00.
Agora que os preços dos uísques raros estão chegando aos seis e sete dígitos, fazer um seguro para o líquido precioso não apenas é recomendável, mas também essencial, diz Ron Fiamma, diretor de coleções globais do grupo de clientes privados da AIG. A gigante dos seguros tem visto um crescimento tão grande de coleções de uísque que expandiu sua cobertura de coleções de especialidades para incluir aquelas cujos gostos incluem um Macallan de 1926.
“Já são centenas, e logo serão mil os colecionadores de todos os tipos e valores”, diz Fiamma sobre os clientes da AIG que incluem uísques em suas coleções com seguros. “Quando as casas de leilão realizam dois ou três leilões de uísque por ano, com garrafas de uísque vendidas por um milhão ou meio milhão de dólares, isso claramente merece atenção.”
Em 29 de novembro, uma garrafa de Macallan que passou seis décadas em um barril de carvalho usado anteriormente para xerez foi vendida por um preço recorde de 1,2 milhão de libras esterlinas (US$ 1,5 milhão) na Christie’s de Londres. Um uísque raro Macallan de 60 anos arrecadou 7,96 milhões de dólares de Hong Kong (US$ 1,01 milhão) na Bonhams de Hong Kong em maio. Uma segunda garrafa da mesma safra foi vendida no mesmo dia no mesmo leilão por US$ 1,1 milhão. Ambas foram vendidas por mais de duas vezes a estimativa mais alta.
Mudança geracional
E, embora seja digno de nota por si só, o aumento dos preços e a consequente necessidade de seguro também dão uma ideia da mudança de cenário dos investimentos alternativos. Por exemplo, no topo da lista de itens colecionáveis segurados na AIG agora há uísques, relógios e carros, diz Fiamma, que observa um afastamento do foco do que muitos entendem por itens de coleção tradicionais, e também uma transformação da riqueza em mãos das gerações mais jovens.
“Uma pessoa de 90 anos pode deixar uma bela coleção de pratarias ou talvez algumas joias. Seus filhos de 50 ou 60 anos estão se despojando desses ativos e comprando uísques, relógios bonitos, Ferraris”, diz Fiamma. “Nós percebemos isso internamente à medida que eles vão de uma apólice a outra. É fascinante ver a transferência de riqueza do ponto de vista das coleções.”
Muitas coleções podem ser agrupadas sob uma cobertura especializada de seguro coletivo, mas as garrafas raras ou muito caras também podem ser incluídas como itens de linha dentro de uma apólice. Para um mercado tão aquecido quanto o do uísque atualmente, Fiamma diz que eles podem incluir um recurso em uma apólice que oferece uma reserva de 150 por cento (ou mais) sobre o valor máximo, a fim de dar tranquilidade ao cliente e refletir as flutuações do mercado.
“Obviamente, tudo o que asseguramos é importante para os nossos clientes -- casas, carros --, mas eles são extremamente apaixonados pelas coleções”, diz Fiamma. “Muitas vezes, são coisas que eles passam a vida acumulando e selecionando. Há muitíssimo apego emocional a elas.”