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Tudo que você quis saber para paquerar no treino

A paquera rola solta nos treinos. Se você não der nenhuma bola fora, pode seguir com saúde, disposição e um novo parceiro dentro e fora das pistas

Corrida reúne gente interessante, alto astral, que cuida do corpo e da mente (Getty Images/John Gichigi)

Corrida reúne gente interessante, alto astral, que cuida do corpo e da mente (Getty Images/John Gichigi)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2012 às 10h57.

São Paulo - Ficar em forma e ganhar condicionamento e qualidade de vida são motivos que levam muita gente a pular da cama e calçar um par de tênis. Mas, para alguns — solteiros, em geral —, o poder de sedução da corrida está justamente nos próprios corredores. "Muitos começam a correr para arrumar namorado mesmo. E o ambiente é propício", afirma Camila Cese, treinadora da assessoria paulistana Run & Fun há seis anos.

A corrida reúne gente interessante, alto astral, que cuida do corpo e da mente. Assim, mesmo que involuntariamente, acaba atraindo os solteiros. "No treino, a pessoa mostra um interesse real. E você já sabe que tem algo em comum com ela", afirma o corredor brasiliense Emanuel Mota, de 37 anos.

Marcos Dantas, triatleta e treinador da assessoria carioca Pro Ribeiro, usa os alunos para motivar as iniciantes. "Quando vejo aluna com preguiça, eu uso a frase de uma das garotas da turma: 'Vocês procuram homem no lugar errado. Na balada, só tem bêbado fedendo a cigarro. Na corrida é que tem gente bonita'. Combustível para elas e também para corredores como Emanuel: "Nos meus treinos, graças a Deus, só tem gata. É um incentivo a mais para sair da cama", diz, brincando.

Gol no treino

Se a ideia é aliar o útil ao agradável, os grupos de corrida são o melhor lugar para o primeiro passo: oferecem orientação técnica e a oportunidade de encontrar as mesmas pessoas com frequência. "É um ambiente em que há amizade e tranquilidade. Mesmo não conhecendo, você tem a referência do estilo de vida", afirma David Cytrynowicz, corredor e presidente da Corpore, empresa organizadora de provas. Em alguns casos, os técnicos assumem o posto de cupido.


"Sempre vem algum aluno pedir a ficha de outro: Quem é? O que faz? Quantos anos? Namora? Que prova vai fazer?", afirma Camila Cese. Nos treinos de sábado na USP, em que há atletas de várias assessorias, a temperatura sobe. "Algumas alunas piram. Dizem que só tem gato. Aceleram e fazem um treino mais puxado só para alcançar um cara. E eu já vi um homem fazer 18 km em vez de 10 para acompanhar uma mulher."

Os treinos pela assessoria carioca Toscano permitiram que o diretor de banco Ricardo Mello, 41 anos, se aproximasse da joalheira Beatriz Saade, de 36 anos. "Pensei: 'E agora, como vou abordá-la? No treino puxado, não dá. No alongamento, tem um monte de gente. Só pode ser no trote!' Mas então surgiu a dúvida: 'sobre o que conversar?' Resolvi falar de literatura e deu certo. No trote seguinte, levei Tia Júlia e o Escrevinhador, do Mário Vargas Llosa, para ela.

E ela me emprestou Ensaio Sobre a Cegueira, do José Saramago. Depois de algumas conversas eu a convidei para jantar. E hoje já temos uma filha!", diz Ricardo. Os dois sempre correm juntos. Na maratona de Nova York de 2007, Ricardo diminuiu bastante o ritmo no fim, para chegar de mãos dadas com Bia, depois de 4h07 de prova. No ano seguinte, a foto dos dois atravessando a linha de chegada ilustrou o índice da revista NYC Marathon de 2008.

Correria solo

Para quem treina sozinho, a tarefa de conciliar treino e azaração exige maior empenho. O primeiro passo é a escolha do terreno. No Rio, os cariocas se dividem entra a Barra e a lagoa Rodrigo de Freitas. Em Belo Horizonte, a Lagoa Seca é um verdadeiro fenômeno, atraindo gente de vários bairros da capital mineira. Em São Paulo, o Parque Ibirapuera é quase uma unanimidade.


O empresário paulistano Fabio Ortolani, 30 anos, corre três vezes por semana por lá. "Sempre tem gente bonita e rola uma paquera, uns olhares rápidos. Ao longo das voltas, você vai cruzando mais ou menos as mesmas pessoas, e grande parte está lá durante toda a semana. Então, você passa a conhecer de vista", diz Fabio. "Em um encontro com a pessoa, você pode mandar um 'te vi no Ibira correndo...' E aí começar uma conversa."

Durante seus treinos pelas ruas da capital paulista, a secretária Pamela Ferraz, de 27 anos, já recebeu várias cantadas de corredores e motoristas que desaceleram para mandar pérolas como "Oi, linda!", "Nooooosa!", "Boa noite!". Mas foi no site de relacionamentos Orkut, na comunidade da Corpore (Corredores Paulistas Reunidos), que ela deu uma chance para um corredor. "Conversamos por um tempo e fomos para um barzinho. Ficamos, mas não repetimos a dose", diz Pamela.

Já a oficial do Exército Cinthia Messias, de 34 anos, abriu a guarda para um corredor em um treino de domingo. "Corremos juntos e depois alongamos. Não deu em nada, só ficamos conversando", diz. Para atrair olhares durante a corrida, a mato-grossense tem uma estratégia: “Tento ficar com uma boa expressão facial, nunca com cara de sofredora”.

Prova de fogo

O clima altamente festivo das provas é uma ótima chance para "chegar junto". "Nas provas, que geralmente acontecem no Aterro do Flamengo, você conhece gente de outras equipes e as coisas podem rolar. Muitos se inscrevem só para experimentar esse clima bacana e aí surge o papo: ‘Como foi a corrida?’”, afirma Fernanda Manhães, que treina grupos de corrida da academia A! Body Tech, no Rio de Janeiro. Competições em outras cidades (ou países) implicam viagens, turismo e mais oportunidades de aproximação. "A chance de acontecer alguma coisa aumenta, porque você foge da rotina. Nos jogos olímpicos, por exemplo, tem que ter separação cerrada, senão as atletas voltam todas grávidas", brinca o treinador Fabio Rosa, da assessoria MPR.


Para Emanuel Mota, que corre com o grupo da Next Run, os eventos pré-provas facilitam uma aproximação. “Aqui em Brasília, todo domingo de manhã tem prova de 5 e 10 km. Aos sábados, nos reunimos para uma pizzada ou jantar de massas. Se você está interessado em alguém, é uma boa chance”, afirma. As provas noturnas – ou “corridas-baladas” – trazem atrações especiais como DJs e show de luz e telões com projeções e são uma boa opção para a turma que não gosta de madrugar. Nas competições noturnas ou diurnas, nos treinos solo ou coletivos, parece haver um consenso entre corredores: não cole em ninguém. Quem treina ou compete para valer não dá espaço para quem boicota esse momento sagrado.

Unidos pela corrida

A corrida ajuda a formar novos casais e também a manter juntos os fãs do esporte. E, para ficar com corredor – especialmente os mais assíduos aos treinos –, só corredor. A vendedora paulistana Luciana Schein, de 33 anos, conta que conheceu o engenheiro Celso Leite, 43, por intermédio de um amigo em comum. “Eu sempre dizia a ele: ‘Não vou sair hoje porque amanhã acordo às 6h para correr. Um dia ele me disse: ‘Vou te apresentar um cara louco que nem você, que madruga até no fim de semana para treinar. Quem sabe dá certo e vocês acordam sempre juntos’.”

Deu: eles passaram a treinar, competir e viajar juntos. Depois de dois anos de namoro, eles passaram a morar juntos há dois meses. “É mais fácil ir para a frente quando a pessoa frequenta os mesmos lugares que você, compartilha a mesma rotina”, afirma Luciana.

A antropóloga Maria Villela, de 26 anos, e o engenheiro Carlos Drummond, de 28, se conheceram em 2003. Ele corria quando dava vontade. Ela treinava de quatro a cinco vezes por semana, inclusive aos domingos. “Eu achava um saco essa história, porque os sábados à noite não existiam”, diz ele. Em 2006, Ritinha foi fazer um mestrado em Londres. Para se sentir mais próximo dela, Carlos entrou para a equipe na qual Ritinha treinava.

“Na primeira vez que nos falamos por Skype, ele mostrou a camisa da equipe e disse que assim se sentia mais perto de mim. Foi romântico. Agora, em vez de reclamar, ele acorda cedo comigo aos domingos”, diz ela. “Na verdade, eu ainda reclamo... Mas vou!”, brinca Carlos, que não corre 42 km, só 21, mas está sempre por perto. Na última maratona da namorada, Carlos correu os últimos 15 km ao seu lado. “Fiquei esperando e entrei no km 15. Esse final é a parte mais difícil, é importante apoiar”, afirma.

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