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'O Artista', um filme francês que conquistou Hollywood

Longa-metragem está com 10 indicações ao Oscar neste ano

Elenco e diretor de "O Artista" posam com a estatueta do Globo de Ouro de melhor filme (Robyn Beck/AFP)

Elenco e diretor de "O Artista" posam com a estatueta do Globo de Ouro de melhor filme (Robyn Beck/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2012 às 12h39.

Los Angeles - "O Artista", um filme curioso na paisagem da produção francesa, confirma, com suas 10 indicações ao Oscar, o fascínio que está causando em Hollywood, fruto de uma longa campanha promocional orquestrada pelo distribuidor americano da produção, Harvey Weinstein.

Esta coleta histórica de indicações aos Oscar para um filme francês está acompanhada, além disso, por uma visibilidade inédita da França nas produções em competição, com três delas tendo Paris como cenário: "A invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese, "Meia-noite em Paris", de Woody Allen - na disputa pelo melhor filme -, e o longa-metragem de animação francês "Um gato em Paris".

Homenagem aos filmes mudos americanos, rodados nos estúdios míticos de Hollywood, Warner e Paramount, mas com 100% de capital francês, "O Artista" é considerada uma obra singular do mundo moderno.

O produtor Thomas Langmann e sua empresa La Petite Reine chegaram a criar uma filial americana, a Barbes Brothers, que garantiu toda a filmagem fora da França, antes da volta do filme ao país para a edição final.

Filmado entre setembro e novembro de 2010 e com um orçamento estimado em um pouco mais de 9 milhões de euros, toda a estética visual de "O Artista" remete aos filmes mudos dos gloriosos anos 1920.

A obra é muda para o espectador, mas não para a equipe, o que fez a produção hesitar sobre a língua a ser adotada.

"No começo, não sabíamos se o financiamento dado pelo Centro Nacional de Cinematografia exigia o uso do francês, pelo que, na dúvida, todos os atores franceses falavam francês", explicou à AFP Antoine de Cazotte, dono da Barbes Brothers, em Los Angeles.

"Mas isso não tinha sentido, uma vez que o filme passava em Hollywood e que uma parte do elenco é de língua inglesa. Prosseguimos, então, em inglês e, algumas vezes, usamos uma linguagem inventada", acrescentou.

Para a entrega dos Oscar, o idioma de um filme ou sua nacionalidade não são determinantes para a indicação - mesmo se, na prática, os mais premiados sejam anglo-saxões, em maioria.

O regulamento estipula que "os filmes de todos os países são elegíveis no conjunto de categorias", por menos que tenham sido apresentados em salas de Los Angeles na semana anterior ao dia 31 de dezembro do ano que precede à cerimônia de premiação, e com legendas em inglês.


Nos Estados Unidos, a distribuição é garantida pela The Weinstein Company, a empresa dos irmãos Weinstein, mestres da arte de colecionar os Oscar. Foram eles que se encarregaram da longa "campanha" que traz seus frutos hoje.

"Harvey Weinstein fez um trabalho incrível. A forma com que ele apresenta o filme ao público, sob seu melhor aspecto e no melhor momento, é muito forte", declarou Michel Hazanavicius à AFP na noite da vitória no Golden Globes, O Globo de Ouro.

Houve participação da equipe em numerosos acontecimentos em Hollywood, o que foi seguido de publicidade na imprensa e na televisão, projeções, encontros com a fina flor da indústria cinematográfica... como de hábito, Weinstein não poupou os meios para dar a "The Artist" uma visibilidade que o tornou, hoje, um dos favoritos ao Oscar.

Até o cãozinho Uggie, o Jack Russell Terrier que rouba cenas no filme, ganhou toda uma promoção e conquistou fãs, sendo premiado, inclusive, com a inédita "Coleira de Ouro", o Oscar dos astros caninos.

O diretor pode, além disso, congratular-se com o fato de que Weinstein, conhecido pela propensão a cortes nos filmes antes de distribuí-los, não tenha feito nenhuma crítica. "Ele não retirou nenhuma imagem", comentou. "Não mudou uma só nota da trilha sonora, nem uma palavra do cartaz. Ele me disse apenas: o único defeito deste filme é que não tenho nada que mudar".

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