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Nova série da Netflix, "Altered Carbon" discute a imortalidade

Nova série de ficção científica que a Netflix lança nesta sexta-feira, 2, é baseada na série de livros de Richard K. Morgan e quer atingir um público amplo

Cena da série: trama segue Takeshi Kovacs, um agente especial morto em combate em 2050 (Netflix/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 13h59.

"Minha esposa nunca assistiu a Star Wars", diz Joel Kinnaman, de jeito resignado. "Mas eu, em compensação, adoro ficção científica e esse universo cyberpunk. Só não me imaginava voltar a esse tema tão cedo. Muito menos voltar a fazer uma série de TV." O ator de RoboCop, naquela nova versão do policial ciborgue, reimaginada pelo brasileiro José Padilha, lançada em 2014. Kinnaman também havia encerrado sua participação na série House of Cards, da Netflix , na qual interpretava o candidato republicano à presidência Will Conway. "E, de repente, meu agente me ligou, insistiu para que eu lesse esse roteiro. Neguei de novo", conta. "E ele realmente me disse: 'eu sugiro que você leia essa história'. Ele estava certo."

Fã desse conceito de futuro distópico - e costumeiramente perturbador - da cultura cyberpunk, o ator sueco Kinnaman é alvo fácil para Altered Carbon, a nova série que a Netflix produz e lança nesta sexta-feira, 2, na sua plataforma por streaming, baseada na série de livros de Richard K. Morgan, aqui chamada de Carbono Alterado e lançada pela editora Record. O desafio é fazer com que o seriado seja também encontrar público em alguém como Cleo Wattenström, a cônjuge do ator de 38 anos.

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"Para mim", explica ele, "a força desse universo distópico é que ele mostra para qual direção a humanidade pode caminhar se seguirmos no caminho errado, com essas decisões equivocadas. Hoje, os ricos ficam mais ricos. Para onde esse tipo de coisa pode nos levar?"

A criação fantasiosa de Richard K. Morgan tem sido o motivo de obsessão da criadora Laeta Kalogridis há uma década. Produtora de Avatar (mega-sucesso do diretor James Cameron) e roteirista de filmes como Ilha do Medo e O Exterminador do Futuro: Genesis, ela usa da ideia de que o público terá os dez episódios disponíveis de uma só vez a partir de sexta-feira, para evitar entregar grandes detalhes da trama de início. Também não explica os novos termos e castas dessa sociedade de forma professoral demais logo de cara. Diferentemente do que era de costume nas séries de TV aberta ou fechada, o piloto (primeiro episódio) não entrega tanto.

A trama segue Takeshi Kovacs, um agente especial morto em combate em 2050. O Kovacs do passado, interpretado porWill Yun Lee, integrava um grupo de terrorista cujo objetivo principal era evitar a regulamentação dos cartuchos corticais, uma espécie de cartão de memória implantado no indivíduo que armazena a sua consciência, pensamentos e memórias. Com eles, as consciências podem viver para sempre, transportadas de corpo em corpo. Quando Kovacs acorda, 250 anos no futuro, se vê como Kinnaman. Sim, ele e sua trupe perderam a batalha contra a consciência digitalizada.

E, para seu descontentamento, a sociedade como ele conhecia se dividiu. Alguns poucos, os milionários conhecidos como Matusaléns, são capazes de viver para sempre em corpos novos e reluzentes. Os mais pobres, a grande maioria da população, são os mortais, ou chamados de terrenos, porque vivem na superfície do planeta, enquanto os grã-finos vivem nas alturas - temos uma metáfora bem explícita aqui. Com o uso dessa tecnologia, o abismo entre as classes tornou-se quase insustentável.

Kinnaman vive o personagem na nova fase, em adaptação a um mundo cujo tempo ele já não conhece, quando todos aqueles que ele já conheceu, conviveu e amou, morreram há tempos. E é encarregado de investigar o assassinato de Laurens Bancroft (James Purefoy, da série The Following).

"Quando sentei para conversar com Laeta (Kalogridis, a criadora da série), ela tinha tudo muito organizado na cabeça. É um universo fascinante", explica Kinnaman. "Mas não imaginava que teria a preparação física mais intensa da minha carreira", ele conta, sobre os cinco meses de trabalho físico para ganhar massa muscular e estar pronto para interpretar o grandalhão Kovacs. "A tese da série é que a ideia de se viver para sempre só esteja disponível para algumas pessoas", ele avalia. "Mas o que a série discute é que a essência do que é ser um humano é a consciência da própria mortalidade. Assim que perdemos a mortalidade, nós perdemos o que faz de nós humanos." Mas Kinnaman aceitaria implantar esse cartão de memória e ter sua consciência eternizada? "É difícil responder porque, embora a série aponte para uma direção, eu sou muito atraído pela ideia de viver para sempre."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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