O Cardeal Carlo Maria Martini: considerado um potencial Papa, em 1996 seu nome foi ventilado entre os possíveis candidatos para substituir João Paulo II (RaminusFalcon/ Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2012 às 20h41.
Redação Internacional - O cardeal italiano Carlo Maria Martini - sacerdote jesuíta, ex-arcebispo de Milão, considerado candidato a Papa e um dos máximos expoentes da ala progressista da Igreja Católica - morreu nesta sexta-feira aos 85 anos em um hospital de Milão.
Martini nasceu no dia 15 de fevereiro de 1927, em Orbassano, na região de Piemonte, no norte da Itália.
Em 25 de setembro de 1944 ingressou na Companhia de Jesus, e no dia 13 de julho de 1952 foi ordenado sacerdote em Chieri, Turim.
Estudou filosofia e teologia, matéria na qual obteve um doutorado, em 1958, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Posteriormente, continuou seus estudos no Pontifício Instituto Bíblico, do qual chegou a ser reitor na condição de pesquisador das Sagradas Escrituras e especialista da crítica paleográfica do Novo Testamento.
Desempenhou este cargo até que em 18 de julho de 1978 foi chamado para dirigir a Pontifícia Universidade Gregoriana, fundada por Santo Inácio de Loyola.
Em 1979, o papa João Paulo II o nomeou titular da arquidiocese de Milão, a maior sede episcopal da Europa e uma das maiores do mundo, e no dia 2 de fevereiro de 1983 foi ordenado cardeal.
Como arcebispo de Milão, Carlo Martini potencializou o diálogo entre ateus e cristãos, assim como entre as distintas religiões, além de ter sido um viajante incansável.
Em 1987 foi nomeado presidente do Conselho de Conferências Episcopais da Europa (CCEE), e como tal presidiu em Viena, em 1990, uma Conferência de Bispos europeus centrada na reestruturação eclesiástica dos países do leste europeu.
Além disso, em novembro de 1991, presidiu na cidade espanhola de Santiago de Compostela o V Encontro Ecumênico Europeu, no qual se estudaram temas de referência teológica, bíblica e a missão e evangelização na Europa.
Em 15 de abril de 1993 abandonou a Presidência do CCEE como consequência das reformas introduzidas no órgão e foi substituído pelo cardeal tcheco Miroslav Vlk.
Como arcebispo de Milão, no dia 28 de fevereiro de 1994 recebeu a incumbência de abrir oficialmente a parte diocesana do processo de canonização do papa Paulo VI.
Considerado um potencial Papa, em 1996 seu nome foi ventilado entre os possíveis candidatos para substituir João Paulo II, que sofreu neste ano de uma apendicite.
Em 1998, a Pontifícia Universidade de Salamanca apresentou "Comunicar a Cristo hoje", livro do cardeal Martini com uma série de cartas pastorais sobre os meios de comunicação e o diálogo entre a fé e a cultura.
Nesse mesmo ano, publicou junto com o semiólogo e romancista Umberto Eco o livro "Em que creem os que não creem?", em que trocam opiniões sobre assuntos como a esperança ou as limitações do trabalho da mulher dentro da Igreja.
Em 2000, ganhou o Prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais.
Em 15 de fevereiro de 2002, após completar 75 anos, Martini apresentou sua renúncia ao papa como arcebispo de Milão, como exige o Código de Direito Canônico, e no dia 11 de julho de 2002 foi substituído pelo cardeal Dionigi Tettamanzi.
Desde 1989 era doutor "honoris causa" pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma.
Era especialista em línguas antigas. Conhecia o aramaico e o acádio, além do grego, latim e hebraico. Falava fluentemente inglês, alemão, francês, português, grego moderno e árabe, além do italiano, sua língua materna.
Carlo Maria Martini é um dos protagonistas do livro "31 jesuites es confessen" (31 jesuítas se confessam), publicado em 2003 e escrito por Valentí Gómez e Josep María Benítez, que reflete o pensamento e a vida de alguns membros desta ordem por meio de entrevistas realizadas ao longo de dez anos.
Após ser diagnosticado com o mal de Parkinson, promoveu em 2010, em conjunto com o cardeal Roberto Tucci, o portal de internet, que tem como objetivo relançar e mostrar aos jovens o Concílio Vaticano II.