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Missão do dia: acelerar 5 Porsches em Interlagos

EXAME VIP foi convidada a experimentar cinco carros diferentes da marca alemã no autódromo mais célebre do Brasil

Porsche: teste no autódromo de Interlagos (Rodrigo França/Divulgação)

Rodrigo França

Publicado em 6 de outubro de 2019 às 10h46.

A rotina de um jornalista automotivo inclui dirigir centenas (por vezes milhares) de quilômetros em carros de testes para avaliar lançamentos dos novos automóveis que logo chegarão para o público. Mas testar cinco modelos em um único dia é uma missão um tanto extraordinária, ainda mais por se tratar de cinco carros da Porsche, montadora cujo DNA quase centenário está intrinsecamente ligado as corridas.

Para completar o dia especial, um dos modelos seria justamente o 911 de competição, e o palco da avaliação seria simplesmente o solo mais sagrado do automobilismo brasileiro: o autódromo de Interlagos, em São Paulo, que recebe a F1 há cinco décadas.

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“A ideia é que você saia daqui com um conhecimento ainda maior sobre automóveis e entender como a Porsche busca passar para o cliente o entusiasmo em dirigir um carro de alta performance em cada um dos cinco modelos”, explicou Leandro Sabes, gerente de produto da Porsche no Brasil. “Eles possuem diferenças nítidas, mas o DNA de velocidade e competição estão presente em todos”, completou.

Instruções feitas, é hora de conhecer os modelos: Porsche Cayenne Turbo, Panamera 4E Hybrid, 718 Boxster S, 911 Carrera S e, para finalizar em grande estilo, o 911 de competição da Porsche Cup, que disputou uma de suas etapas da temporada 2019 na mesma semana em que testamos em Interlagos.

Este, aliás, foi um dos grandes diferenciais do teste: o autódromo estava “vestido” para a festa. Ou seja, com placas de publicidade, boxes cheios e toda estrutura de GP. E não foi só no “clima” o impacto deste importante detalhe. “Não se preocupe se ouvir pequenos estalos vindo da roda na reta. A pista está bastante emborrachada por conta dos treinos da Porsche Cup e para nós pilotos isso já é normal, mas vocês podem estranhar na primeira saída”, explicou o piloto Beto Gresse, de grande experiência em categorias como Stock Car e meu instrutor em Interlagos com a Porsche.

Ao todo, foram 25 voltas em Interlagos, cinco com cada modelo. Sempre com o Panamera como nosso “guia”. Com motor V6 2.9 litros biturbo, este modelo híbrido da Porsche também tem um motor elétrico de 136 cavalos, o que dá uma potência combinada impressionante de 462 cavalos. Não por acaso, o 0 a 100 km/h não faz feio em meio a tantos esportivos: 4,6 segundos. E outro detalhe interessante: o carro foi projetado para que, em trajetos de até 50 km por dia, não gastar combustível, utilizando o motor elétrico dentro dos limites de velocidade das nossas ruas e estradas.

Mas, convenhamos, estando em Interlagos, onde você pode acelerar à vontade sem se preocupar em multa ou consumo (e no lugar mais apropriado em termos de segurança para isso), a ideia era mesmo pisar fundo. Por isso, meu foco principal foi no 911 Carrera S.

A potência é praticamente a mesma do Panamera combinando os dois motores (450 cavalos), mas o 0 a 100 é feito em apenas 3,5 segundos. Como Sabes havia explicado: as diferenças entre os modelos são visíveis mesmo de fora, afinal, o 911 é mais leve, além de ter um foco mais esportivo, claro. Isso fica evidente quando conseguimos acelerar forte nas duas retas – tanto na Oposta quanto na dos boxes cheguei a 220 km/h (lembre-se que avisei no início do texto que este dia seria uma missão um tanto extraordinária).

Parece uma velocidade alta, mas o motor 3.0 biturbo boxster do 911 Carrera S é ainda mais impressionante, tanto que é capaz de superar os 300 km/h (a Reta Oposta de Interlagos parecia até pequena de tão rápida que se chegava para a freada na Descida do Lago).

Porsche: teste no autódromo de Interlagos (Rodrigo França)

Nas curvas do miolo, fica fácil ver como o carro é “na mão”: o 911 se comporta como um kart, apontando a frente do carro de forma muito obediente ao seu comando no volante, indo para onde você quer mesmo contornando uma curva a mais de 100 km/h. Sabe aquela desagradável sensação de ver a curva continuar fechando e você sem conseguir fazer o contorno e tendo que tirar o pé? Pois isso não acontecia – ao contrário, o carro parecia dizer “pode pisar mais fundo que dá para fazer a curva ainda mais rápido”!

E quando você acha que esta impressão é apenas para o 911, eis que vem a surpresa do dia: o excelente desempenho do 718 Boxster S. As reações são muito parecidas – e a velocidade final que atingimos foi bem parecida, cerca de 215 km/h, talvez até com a mesma facilidade do 911.

Os números mostram um carro menos veloz (com 0 a 100 em 4,1 e 365 cavalos de potência), mas a reação do carro é muito comum para quem, como este repórter que vos escreve, costuma se aventurar como piloto em competições como a Copa São Paulo, o Brasileiro de Kart e as 500 Milhas na Granja Viana.

Afinal, a tração traseira e o conjunto esportivo digno de qualquer carro com DNA de velocidade da Porsche mostram que, não importa o modelo, o sorriso no rosto para quem sente que tem o controle do carro mesmo em uma velocidade maior é total. “Porsche é paixão pelo automobilismo, pela pura performance e por isso temos a certeza de que você sairá deste dia testando cinco modelos em Interlagos”, garantia Dener Pires, promotor da Porsche Cup antes do teste. De fato, este objetivo foi atingido de forma clara ao longo do dia de teste.

Este pensamento explica, inclusive, a presença do Cayenne Turbo em Interlagos. Sejamos franco: se este repórter tivesse que escolher um dos cinco modelos para levar para a garagem, iria sem pensar no 911 (talvez o 718 Boxster S criasse uma pequena dúvida depois da avaliação). Mas o desempenho da SUV mostra que a esportividade não está resumida apenas em um conceito, sigla ou números quando se trata de Porsche. Superamos também fácil os 200 km/h nos dois trechos de reta (Oposta e a dos boxes) e nas curvas a estabilidade chamou a atenção para um carro de duas toneladas.

A “surpresa” de justifica quando vemos a ficha técnica do Cayenne Turbo: 550 cavalos de potência, a maior do quinteto testado, graças ao motor V8 biturbo de 4 litros. O 0 a 100 km/h é de impressionantes 3s9 – melhor até que o 718. Foi neste carro a maior diferença no modo “Sport Plus”, quando o modo de direção entrega ao motorista realmente tudo o que o carro foi projetado.

Com os modelos de rua testados, ainda havia uma grande emoção para o final: acelerar o Porsche 911 GT3 da Cup, competição que reúne alguns dos principais pilotos do Brasil, como campeões da Stock Car e, mais recentemente, jovens kartistas em busca de uma carreira de competição.

Neste caso, nada de conforto: banco e cinto de segurança bastante apertados, ruídos maiores, mais vibração (para o piloto “sentir” a pista) e, claro, muita diversão para acelerar um carro ainda mais projetado para velocidade. Claro que a própria organização limitou alguns recursos do 911 – afinal, aquele mesmo carro iria participar de um GP naquela semana!

Aceleramos com responsabilidade, mas pilotar um carro de competição é uma experiência totalmente única, mesmo que este carro tenha seu DNA esportivo vindo de modelos como os outros quatro testados.

Como repórter, já tive a oportunidade de testar carros como Stock Car, Marcas, Formula Renault e até F1. Olha que coincidência: agora com o 911 GT3, são cinco diferentes modelos... E não é que este dia tão extraordinário já me deu outra ideia de reportagem sobre velocidade? Talvez este seja o saudável efeito colateral de um intenso dia dando 25 voltas a mais de 200 km/h em 5 Porsches diferentes em Interlagos.

Porsche: teste no autódromo de Interlagos (Rodrigo França)

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