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Jean-Claude Ellena, o criador de perfumes da Hermès

Perfumista exclusivo da famosa casa de luxo francesa Hermès, desde 2004, Hermès é filho de um também perfumista

"Para criar um perfume, é preciso contar uma história", diz Jean Claude (AFP)

"Para criar um perfume, é preciso contar uma história", diz Jean Claude (AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2011 às 16h38.

Cabris - Para criar um perfume, é preciso contar uma história", confia, numa entrevista à AFP, Jean-Claude Ellena, perfumista exclusivo da famosa casa de luxo francesa Hermès, desde 2004, deixando passar alguns segredos de fabricação desses verdadeiros néctares olfativos que elaborou.

Com uma elegância discreta, cabelos grisalhos e olhar alegre, recebe numa casa de sonhos, com uma vista de tirar o fôlego, em Antibes, na Riviera Francesa.

"Bem-vinda ao ateliê de perfumes da Hermès", diz, com um sorriso, este homem nascido em 7 de abril de 1947, filho de um também perfumista "que nunca falava em casa de seu trabalho".

No interior, num pequeno laboratório estão centenas de frascos de essências. Mas é longe desse material que faz suas criações o homem que se apresenta como "um escritor de aromas".

Em seu escritório, papel e lápis bastam: "para criar um perfume, é preciso uma história. No meu ofício, preciso de palavras", explica o autor de "Journal d'un parfumeur", Diário de um perfumista, lançado em maio, no qual relata um ano de sua vida e revela fórmulas de 22 fragrâncias.

Na fase de criação, os vaivéns se sucedem entre a escrivaninha, onde ele redige as fórmulas, reunidas e pesadas no laboratório, quando são sentidas e "tocadas" depois de embebidas em mata-borrões. "Mais disso, não muito daquilo"... uma nova fórmula surge e a valsa recomeça, "por centenas de vezes", explica.

"Para +Voyage+ da Hermès, pensei em criar um aroma tenso. Para mim isso queria dizer muito. Sem isso, não seria bom. Finalmente consegui, quando estava numa abstração total", conta ele, rindo.


Para "Jardin après la mousson", o jardim após a monção, "a ideia era transmitir o cheiro da chuva". Mas "se na Índia, a monção é muito positiva, no Ocidente, é vivida como um desastre", comenta ele, para explicar a acolhida menor do perfume, o único bemol num sucesso inegável.

Para se ter uma ideia, só este setor da casa famosa teve um crescimento de 18% no segundo trimestre de 2011. "Terre d'Hermès", criado em 2006, é também considerado o quinto perfume mais vendido na França.

Aos 16 anos, Jean-Claude Ellena trabalhou como operário na fábrica de Grasse (sul), a capital mundial do perfume, recebendo de Madame de Dortan, uma química famosa, os rudimentos do ofício. Autodidata, passou, depois, a assistente-perfumista da Casa Givaudan, uma empresa suíça criadora de fragrâncias.

O primeiro sucesso veio em 1976, aos 28 anos, com "First" de Van Cleef & Arpels. "Foi, antes de tudo, a história de um encontro com Jacques Arpels".

"Hoje, crio com menos de 200 matérias-primas", quando os perfumes contêm comumente 1.000 ou 1.500.

Após viver com mulher e filhos em Paris e Nova York, ele retornou a Grasse.

Primeiro introdutor do aroma de chá nos perfumes, ele atribui seu sucesso "aos encontros felizes, ao trabalho e à mulher", confessando que não usa perfume, para "ficar o mais neutro possível".

Única concessão, "uso em testes para ver suas imperfeições"; fragrâncias femininas e masculinas, sem distinção. "A ideia de dar um gênero aos perfumes é recente e comercial", revela.

Para ele, os perfumes devem ser vistos como "obras de arte".

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