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Homenagem a Euclides da Cunha dá tom político à Flip 2019

Abordando direta ou indiretamente o homenageado, a Flip promete ser mais política este ano

Flip 2019: autor homenageado será Euclides da Cunha (Flavio Veloso/Brazil Photos/LightRocket/Getty Images)

Flip 2019: autor homenageado será Euclides da Cunha (Flavio Veloso/Brazil Photos/LightRocket/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de maio de 2019 às 12h49.

Última atualização em 16 de maio de 2019 às 12h49.

A escolha de Euclides da Cunha (1866-1909) como o escritor homenageado da 17ª Festa Literária Internacional de Paraty acabou guiando mais fortemente a curadora Fernanda Diamant na sua programação de estreia, anunciada na terça-feira, 14, em São Paulo - que promete um debate mais profundo sobre o Brasil, e mais político.

"Minha relação com Euclides é muito forte. Ele faz não ficção ao mesmo tempo em que faz alta literatura. É autor de um clássico estudado nas universidades. Ele trata do Brasil e conheceu o País inteiro. Em Os Sertões, ele faz uma retrospectiva da história do Brasil para chegar naquele momento da revolta de Canudos. E achei que seria perfeito falar sobre tudo isso nesse momento que estamos vivendo", disse Fernanda Diamant.

Seu primeiro contato Os Sertões, obra publicada em 1902 e que teve origem nas páginas do Estado, em 1897, quando Euclides cobriu a Guerra de Canudos para o jornal, foi no Teatro Oficina no início dos anos 2000. José Celso Martinez Corrêa não poderia ficar de fora da programação, ela diz, e essa relação entre Euclides e as diversas linguagens pautou a curadora, que leu o clássico em 2009 e foi a Canudos.

Maureen Bisilliat, fotógrafa inglesa de 88 anos radicada no Brasil, também está entre os convidados da Flip, e ela fala de sua experiência com Sertão: Luz & Trevas, livro publicado nos anos 1980 com fotos dela e trechos da obra de Euclides que ganha agora nova edição. E ainda o cineasta português Miguel Gomes, que prevê para 2020 o início das filmagens de Selvajaria, sua adaptação de Os Sertões.

Abordando direta ou indiretamente o homenageado, a Flip promete ser mais política este ano. "Seria impossível homenagear Euclides sem esse viés, mas a ideia é focar menos o quente da hora e mais a reflexão histórica sobre o País", explica Fernanda. Ao todo, 33 autores de 10 nacionalidades e revezam em 21 mesas - elas terão uma dinâmica um pouco diferente nesta edição da Flip. Algumas delas terão 1h15 de duração, como nos outros anos, e outras vão durar menos: 45 minutos (e poderão ser no formato conferência, performance ou entrevista).

Gênero, raça, questão indígena, ciência, meio ambiente, luto e guerra são alguns dos temas das mesas que recebem, ainda, nomes como historiador José Murilo de Carvalho, a cordelista Jarid Arraes, os jornalistas Cristina Serra e David Wallace-Wells, os escritores Karina Sainz Borgo e Miguel Del Castillo, o biólogo e neurocientista Stuart Firestein, a cantora Adriana Calcanhotto e a atriz Grace Passô, entre outros. Confira a programação completa da Flip 2019.

A Flip deve custar R$ 5,4 milhões e, segundo os organizadores, a captação está em torno de R$ 4,7 milhões. Falta ainda verba para a realização de um show de abertura e de exposição de artes visuais, além de tratamento acústico e ar condicionado para a tenda principal - dois problemas da edição passada.

Os ingressos da Flip 2019 começam a ser vendidos no dia 3 de junho e vão custar R$ 55 para o Auditório da Matriz, que será montado no formato de teatro de arena com capacidade para 512 pessoas. É possível assistir à programação também do Auditório da Praça, com 754 ingressos distribuídos gratuitamente por mesa.

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