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Estas fotos de famosos com bebês orangotangos são um perigo

ONU condena fotos publicadas por celebridades em redes sociais e diz que prática aumenta exposição de animais ameaçados de extinção ao contrabando

Paris Hilton com orangotango: fotos de celebridades ao lado desses animais ameaçam ainda mais sobrevivência da espécie. (Reprodução/ Instagram)

Vanessa Barbosa

Publicado em 4 de maio de 2016 às 15h36.

São Paulo - Fotos de famosos com bichinhos de estimação e outros animais constumam ser um hit nas redes sociais , mas quando o animal em questão é de uma espécie em extinção, a selfie "fofa" ganha contornos sombrios.

Nesta semana, a ONU condenou publicamente uma série de fotos postadas por celebridades ao lado de bebês orangotangos no Instagram .

Na lista, estão personalidades que têm milhões de seguidores, como a socialite americana Paris Hilton , a modelo e apresentadora Khloe Kardashian e o jogador de futebol colombiano Jamez Rodríguez.

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Segundo a ONU, as imagens, que foram registradas em hotéis e zoológicos particulares nos Emirados Árabes, minam os esforços de conservação dos orangotangos no mundo.

"Toda vez que um rosto famoso é visto abraçando um macaco, desse jeito, ele desfaz anos de nosso trabalho. Ele reduz o valor do animal e o sentido público da conservação", disse à CNN Douglas Cress, coordenador do grupo GRASP (Great Apes Survival Partnership), um programa da ONU respaldado por mais de 100 países, Ongs e institutos de pesquisas para salvar as espécies de grandes primatas que ainda existem no Planeta.

O grupo conservacionista alerta para o efeito cascata negativo que esse tipo de imagem pode gerar entre os milhares de fãs que seguem os famosos nas redes sociais.

Segundo o GRASP, essas fotos mandam a mensagem de que posar com um orangotango é 'ok' e bacana. Mas o gesto, na realidade, contribui para o tráfico ilegal dessas espécies já tão fragilizadas.

O grupo destaca que não existe nenhuma licensa de importação de orangotangos bebês emitida para os Emirados Árabes nos lugares onde as fotos foram feitas, o que sugere que os animais foram levados ilegalmente para lá.

Até o final deste ano, o GRASP vai publicar um estudo que mostra que 49 chimpanzés, outro grande primata, vítimas de tráfico foram recuperados pelo grupo conservacionista desde janeiro de 2014, relata o The Guardian.

Mas esse número esconde um rastro sangrento: o grupo estima que no mínimo 490 chimpanzés foram mortos nas operações de contrabando. Como é difícil transportar os animais maiores, os criminosos preferem roubar os bebês do seu habitat natural. Porém, para cada bebê primata retirado da sua família, uma média de 10 animais são mortos tentando defendê-lo.

A CNN e o The Guardian entraram em contato com as celebridadas citadas nas reportagens, mas não obtiveram respostas. As selfies com os animais continuam dispiníveis em seus perfis no Instagram.


Fofura que mata

En 2013, um estudo publicado na revista científica Plos One associou a proliferação de vídeos domésticos feitos com animais em risco de extinção ao aumento da exposição dessas espécies ao comércio ilegal.

Exemplo disso é o vídeo publicado no Youtube que mostra um lóris-preguiçoso (Nycticebus), chamado Sonya, recebendo carinhos na barriga. O vídeo, que baliza o estudo, foi compartilhado centenas de vezes, reproduzido em sites e replicado até por celebridades em redes sociais.

https://youtube.com/watch?v=WoPEx9KzChI

A pesquisa alerta que a fama online tem um lado sombrio: ela amplia a percepção pública dessa espécie de primata em extinção como pets de estimação ideais, o que promove ainda mais o comércio ilegal – ainda que de maneira indireta.

Outros vídeos similares com lóris-preguiçosos, que se tornaram virais na rede, também ajudam a introduzir esses primatas a uma grande parte da sociedade que normalmente não entraria em contato com eles.

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