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Ex-médico olímpico dos EUA se declara culpado de abuso sexual

Nassar pode ser sentenciado a pelo menos 25 anos de prisão pelas acusações feitas em Michigan

Ex-médico da equipe de ginástica Larry Nassar durante Jogos de Londres 2012: eleenfrenta 22 acusações criminais de agressão sexual (Brian Snyder/Reuters)

Ex-médico da equipe de ginástica Larry Nassar durante Jogos de Londres 2012: eleenfrenta 22 acusações criminais de agressão sexual (Brian Snyder/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 22h12.

O ex-médico da equipe americana de ginástica Lawrence Nassar, acusado de assediar mais de 100 atletas ao longo de várias décadas, se declarou culpado nesta quarta-feira (22) das múltiplas acusações de conduta sexual criminosa.

Nassar - que esteve envolvido com a equipe de ginástica dos Estados Unidos por quase três décadas e trabalhou com ginastas do país em quatro Jogos Olímpicos - pode ser sentenciado a pelo menos 25 anos de prisão pelas acusações feitas em Michigan.

Nassar enfrenta 22 acusações criminais de agressão sexual neste estado por abusar de atletas sob o disfarce de realizar um tratamento.

Como parte de um acordo, Nassar admitiu sete casos de abuso. Três das vítimas tinham menos de 13 anos e as outras entre 13 e 15 anos.

Algemado e mais magro, Nassar compareceu ao tribunal vestindo um macacão laranja. Falando de maneira suave, se declarou culpado com um simples "sim" a cada acusação lida.

Depois fez uma declaração ao tribunal. Disse ter rezado por suas vítimas e pediu desculpas por seus crimes, que se relacionam com eventos em Michigan ocorridos entre 1998 e 2015.

"Quero que elas se curem. Quero que essa comunidade se cure", disse Nassar.

A juíza Rosemarie Aquilina declarou que as palavras do ex-médico "eram insuficientes". "Você usou sua posição de confiança da maneira mais vil: para abusar de crianças", assinalou Aquilina.

"Concordo que agora é o momento de cura. Mas isso pode levar uma vida, enquanto você passa a sua vida atrás das grades".

Um "monstro"

As ginastas medalhistas de ouro em Olimpíadas Aly Raisman, McKayla Maroney e Gabby Douglas estão entre as vítimas de Nassar.

Raisman reagiu ao julgamento em seu Twitter chamando-o de "um MONSTRO, não um médico".

Rachael Denhollander, a primeira a acusar Nassar publicamente, duvidou de suas desculpas no tribunal. "Ele é um narcisista consumado. Ele é um mestre da manipulação", afirmou em coletiva.

"Não acredito que haja sinceridade no que Larry falou, além de seu desejo de chamar a atenção para o bem que ele acredita estar fazendo hoje".

As acusações em Michigan eram resultado do trabalho de Nassar na Michigan State University, onde os promotores disseram que 125 vítimas alegaram ter sofrido abuso.

Os promotores declararam ao tribunal que todas as vítimas aprovaram o acordo, encerrando oito acusações.

Nova "política desportiva segura"

O caso de Nassar faz parte de um escândalo de grande alcance que obrigou o presidente da Federação de Ginástica Steve Penny a se demitir em março.

Penny foi acusado pelas vítimas de não alertar rapidamente as autoridades sobre as acusações de abuso.

A equipe americana de ginástica adotou uma nova "política desportiva segura" em resposta ao escândalo de Nassar, que irá exigir um "relatório obrigatório" das suspeitas de abuso sexual.

Como Nassar admitiu a culpa por seus crimes, três de suas vítimas e seus advogados exigiram a responsabilização adicional de funcionários que estavam cientes das acusações.

Denhollander acusou a universidade e as organizações olímpicas e de ginástica dos Estados Unidos de serem "incapazes de reconhecer" suas falhas.

"Vocês falharam em responsabilizar alguém por permitir que um pedófilo continuasse por décadas", afirmou.

Uma ação civil foi apresentada em nome de cerca de 100 supostas vítimas de Nassar. O advogado John Manly estimou que o número total possa chegar a 160.

Manly acusou a Michigan State University de "impedir" seus esforços para descobrir como funcionários da universidade lidavam com as alegações contra Nassar, levando a uma investigação interna em 2014.

A universidade não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, mas no início deste ano anunciou reformas em suas políticas para lidar com agressões sexuais no campus.

Nassar já havia se declarado culpado por acusações de pornografia infantil a nível federal.

O juiz no caso estadual marcou para 12 de janeiro uma audiência de sentença, durante a qual as vítimas terão a oportunidade de falar.

Nassar também deverá comparecer em uma audiência na segunda-feira por conta de outras acusações contra ele.

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