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Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2015 às 13h54.
São Paulo - Lembra de um “estudo” publicado meses atrás que dizia o que qualquer um fora do peso ideal gostaria de ouvir: “chocolate emagrece”? Parecia bom demais para ser verdade, não parecia? E era mesmo.
O responsável pela mentira que animou milhões de chocólatras e colocou sorrisos nos rostos de obesos e cidadãos com sobrepeso publicou uma confissão na semana passada.
Os fatos são os seguintes: no fim de março, reportagens em vários sites, revistas e programas de televisão mostraram os resultados de um estudo realizado por um certo Institute of Diet and Health sob comando do doutor Johaness Bohannon.
A conclusão era a de que quem comia pequenas porções (cerca de 15 gramas) de chocolate amargo diariamente tinha o metabolismo acelerado e emagrecia mais rápido.
O estudo realmente existiu, mas foi feito sem nenhum rigor científico e não foi conduzido por nenhum médico alemão, e sim por John Bohannon, um jornalista interessado em mostrar a incompetência da indústria da mídia de dietas. O Institute of Diet and Health, aliás, nem existe.
Bohannon havia sido procurado pela equipe de um documentário alemão que encomendou a ele um “estudo” que poderia comprovar como a indústria das dietas transforma ciência de má qualidade em manchetes.
E isso foi feito. Bohannon realizou o estudo com apenas 18 pessoas, o que, segundo ele, torna as conclusões suscetíveis a qualquer manobra que ele quiser implementar.
“Aqui está o segredo. Testar muitas coisas sobre poucas pessoas é garantia de conseguir resultados ‘estatísticamente significativos’”, diz o repórter. “Nosso estudo incluía 18 parâmetros sobre 15 pessoas”. Ou seja: o estudo foi feito para propositalmente dar resultados enganosos, errados e manipuláveis.
A manobra estatística garantiu manchetes por que quase nenhum repórter perguntou a ele sobre o número de pessoas usadas no estudo ou questionou a validade estatística da experiência. Para Bohannon, qualquer repórter mais atento perceberia que o estudo era falso.