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Documento confirma que Carlos Gardel nasceu na França

''Encontramos a certidão de nascimento original de Gardel, da prefeitura de Toulouse, na França'', disse o argentino Juan Carlos Esteban


	No testamento de Gardel de 1933, que foi depositado em um cofre de um banco, aparecem os certificados de nascimento de Gardel como Charles Romuald Gardés
 (Wikimedia Commons)

No testamento de Gardel de 1933, que foi depositado em um cofre de um banco, aparecem os certificados de nascimento de Gardel como Charles Romuald Gardés (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2012 às 20h33.

Buenos Aires - Um grupo de pesquisadores encontrou um documento que confirma que o lendário cantor de tangos Carlos Gardel, cuja nacionalidade é foco de disputas há décadas, nasceu na França.

''Encontramos a certidão de nascimento original de Gardel, da prefeitura de Toulouse, na França'', disse nesta quarta-feira em entrevista à Agência Efe o argentino Juan Carlos Esteban, que junto com os franceses Georges Galopa e Monique Ruffié acaba de editar o livro ''El padre de Gardel'' (ainda sem título em português), com novas revelações da misteriosa vida do cantor.

Esteban assegura que a tese do ''Gardel francês'' não é totalmente ''uma surpresa'', já que ele mesmo encontrou anos atrás documentos que indicavam que o cantor, falecido em um acidente de avião em Medellín (Colômbia) no dia 24 de junho de 1935, tinha nascido em Toulouse.

''No testamento de Gardel de 1933, que foi depositado em um cofre de um banco, aparecem os certificados de nascimento de Gardel como Charles Romuald Gardés, nascido em 11 de dezembro de 1890 em Toulouse'', afirmou o pesquisador argentino.

Além disso, em um expediente sobre a herança aberto no Uruguai em 1937, um juiz desse país declarou a mãe do cantor, a francesa Berthe Gardés, como única herdeira dos bens de Charles Romuald Gardés, que, segundo consta também nesse documento, nasceu na França.

Com apenas dois anos e três meses de idade, Gardel chegou a Buenos Aires junto com sua mãe solteira. Ele se naturalizou argentino em 1923, quando já estava consagrado como ator e cantor de tangos e sua fama internacional começava a crescer fortemente.

Sua morte inesperada, no topo da carreira, o tornou uma lenda no mundo artístico. Mas sua figura tornou-se eixo de polêmicas a partir de 1967, quando foi divulgado um documento segundo o qual o Uruguai outorgava ao artista um certificado que o declarava como nascido naquele país, na cidade de Tacuarembó, em 1887 e com sobrenome Gardel, e não Gardés.

O cantor utilizou esse certificado uruguaio para tramitar depois documentação na Argentina.


''Isso ocorre porque Gardel não estava documentado na Argentina como francês por ter idade para o serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). E para viajar à França, se tivesse ido como francês, teria sido declarado desertor'', explicou Esteban.

Gardel teve que comparecer à embaixada francesa em Buenos Aires e se registrar, mas não o fez. Dois anos depois que a guerra acabou, em 1920, registrou-se na embaixada uruguaia com o certificado que lhe havia sido dado, e com ele solicitou a nacionalidade argentina.

O livro, que demandou cinco anos de pesquisas, se centra na história do francês Paul Jean Lassere, apontado, segundo diversos testemunhos, como o suposto pai de Gardel.

De acordo com Esteban, Lassere foi detido e condenado em 1892 em Paris por roubo. Ele foi posto em liberdade em 1894 e, quatro anos depois, se casou.

Paul Jean Lassere, que morreu em 1921, deixou um testamento no qual reconhece unicamente suas duas filhas naturais, às quais deixou uma fortuna de 200 mil francos.

Os pesquisadores o chamam de ''suposto'' pai porque não encontraram provas documentais do vínculo, mas sim vários testemunhos que classificam Lassere como pai biológico de Gardel. 

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