Disney+ emite "alerta de racismo" em clássicos como Peter Pan e Dumbo
Plataforma de streaming da Disney foi lançada no Brasil nesta terça-feira, 17
Mariana Martucci
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 19h00.
Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 19h16.
Nesta terça-feira, 17, a plataforma de streaming da Disney , o Disney+, foi lançada oficialmente no Brasil. Recentemente, o serviço atualizou e reforçou o aviso, em vigor desde o ano passado, que sinaliza conteúdo racista em seus filmes clássicos. Quando assistidos na plataforma de streaming Disney+, filmes como Dumbo, Peter Pan e Mogli: O Menino Lobo emitem um alerta sobre esteriótipos que aparecem ao longo do filme.
“Este programa inclui representações negativas e/ou maus-tratos de pessoas ou culturas”, mostra o aviso. "Esses estereótipos já eram errados na época e continuam errados agora."
A mensagem acrescenta que, em vez de remover o conteúdo, "queremos reconhecer seu impacto prejudicial, aprender com ele e iniciar conversas para criarmos juntos um futuro mais inclusivo".
Outros filmes que trazem o alerta são Aristogatas , que mostra um gato de "cara amarela" tocando piano, Peter Pan , onde nativos americanos são mostrados com "peles vermelhas" e A Dama e o Vagabundo , que traz várias formas de racismo e estereótipos culturais.
A empresa já havia adicionado um alerta sobre racismo em novembro de 2019, no entanto, era muito mais breve do que é mostrado agora. "Este programa é apresentado como foi originalmente criado. Ele pode conter representações culturais desatualizadas."
Alguns filmes, como Song of the South ("A Canção do Sul"), não estão disponíveis na plataforma Disney+ por possuírem conteúdo racista.
Racismo e estereótipos em filmes clássicos da Disney
- A Dama e o Vagabundo (1955): dois gatos siameses, Si e Am, são retratados com estereótipos antiasiáticos. Há também uma cena em um canil onde cachorros com "sotaque" retratam os estereótipos dos países de onde suas raças são — como Pedro, o chihuahua mexicano, e Boris, o russo Borzoi.
- Aristogatas (1970): um gato siamês chamado Shun Gon, dublado por um ator branco, é retratado com uma caricatura racista de um asiático — além de tocar piano com hashis, os pauzinhos de madeira usados por países asíaticos como talheres.
- Dumbo (1941): o corvo principal, que ajuda Dumbo a aprender a voar, se chama Jim Crow — uma referência a um conjunto de leis segregacionistas do sul dos Estados Unidos do início do século 20 — e é dublado por um ator branco, Cliff Edwards.
- Mogli: O Menino Lobo (1968): o personagem King Louie, um macaco com poucas habilidades linguísticas, canta um estilo de jazz de Dixieland (New Orleans) e é mostrado como preguiçoso. O personagem foi criticado por ser uma caricatura racista dos afro-americanos.
- Peter Pan (1953): o filme se refere aos nativos como redskins ("peles vermelhas"), uma expressão racista. Peter e os meninos perdidos também dançam com cocares, que a Disney agora afirma ser uma "forma de apropriação cultural dos povos indígenas". Uma música chamada originalmente O que torna o homem vermelho vermelho também foi considerada racista — mais tarde foi renomeada como O que torna o homem corajoso corajoso.
- Song of the South — "A Canção do Sul" (1946): este é considerado um dos filmes mais polêmicos da Disney, que nunca foi lançado em vídeo ou DVD nos Estados Unidos. Sua representação do tio Remus, trabalhador da plantação, perpetua um antigo mito racista de que os escravos eram felizes nas plantações de algodão.