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Diretor de teatro Antunes Filho morre aos 89 anos

Profissional ficou conhecido por desenvolver um método teatral experimental que formou diversas gerações de atores

José Antunes Filho recebe a a Ordem do Mérito Cultural 2013 do Ministério da Cultura (AlbertHerring/Wikimedia Commons)

José Antunes Filho recebe a a Ordem do Mérito Cultural 2013 do Ministério da Cultura (AlbertHerring/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de maio de 2019 às 07h58.

Última atualização em 3 de maio de 2019 às 09h00.

São Paulo — Um dos mais importantes encenadores do teatro brasileiro, o diretor Antunes Filho morreu aos 89 anos nesta quinta-feira, 2. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com câncer de pulmão. O diretor completaria 90 anos em 12 de dezembro. O velório será no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, na região central da capital, a partir das 8h desta sexta, 3.

Nascido em São Paulo, José Alves Antunes Filho foi um dos discípulos dos diretores do Teatro Brasileiro de Comédia. Ficou conhecido por desenvolver um método teatral experimental que formou diversas gerações de atores. Nos anos 1980, criou o Centro de Pesquisas Teatrais (CPT), grupo de produção, formação e desenvolvimento de métodos de interpretação para o ator, atualmente localizado no Sesc Consolação, no centro da capital. Foi lá que ele recebeu a reportagem em sua última entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em agosto do ano passado. Ele ensaiava Eu Estava em Minha Casa e Esperava Que a Chuva Chegasse.

Na ocasião, o espaço estava tomado por cadeiras espalhadas aleatoriamente e havia uma mesa de cor escura, colocada à frente, no centro. "Explicações? Não dou. O público tem que fazer sua própria dramaturgia: espero que cada um saia do espetáculo com sua própria história", observou o encenador. "Todos saindo como uma espécie de Marcel Duchamp, ou seja, como alguém que transforma o banal em arte."

Genial e controverso, Antunes desenvolveu uma obra fortemente ligada à política e à renovação estética nos anos 1960 e 1970. Nos anos 80, a peça Macunaíma projetou sua carreira, inclusive para fora do Brasil. Ele deu continuidade a seu processo de pesquisa em montagens como Nelson Rodrigues - O Eterno Retorno (1981); Romeu e Julieta (1984), com Giulia Gam e Marco Antônio Pâmio; e Xica da Silva (1988), entre tantas outras. Também foram marcantes seus teleteatros exibidos na TV Cultura.

Nas redes sociais, artistas e personalidades lamentaram a morte do diretor teatral.

"Foram 11 dias torcendo por sua recuperação. Não adiantou. Perco um grande amigo e todos nós perdemos um grande artista", escreveu o cenógrafo J. C Serroni.

O escritor Marcelo Rubens Paiva também se manifestou. "Fui para dramaturgia por conta do Antunes Filho. Como fã e aprendiz. Fiz CPT (Centro de Pesquisas Teatrais) e segui toda sua obra, de Macunaíma a Nelson. Inclusive sua antidramaturgia. Sua morte não precisava. Especialmente agora, que a cultura precisa resistir! Preferiu partir, ao ver o Sesc ser atacado."

"Antunes Filho, um dos maiores diretores de teatro de todos os tempos do Brasil, acaba de falecer. Luto no teatro. Luz infinita à ele. Obrigada por sua arte Antunes", escreveu Leona Cavalli, atriz

"O teatro brasileiro de luto! Hoje quem nos deixou foi Antunes Filho, um dos maiores diretores teatrais do Brasil. Meus sentimentos aos familiares e amigos", disse Walcyr Carrasco, escritor e roteirista

"Não tenho a manha de dizer para as pessoas o quanto gosto delas. Mas tenho certeza que você já sabia. Você sempre soube de tudo", registrou o dramaturgo e diretor Mário Bortolotto.

"Foi-se Antunes Filho, mestre que me iniciou nas artes, assim como fez tantos outros atores, atrizes, autores e diretores de teatro. Gratidão, Magrão", anotou o jornalista e apresentador Marcelo Tas.

O ator Paulo Betti escreveu em seu Facebook: "Adeus Antunes Filho! Sua direção em Macunaíma ficará pra sempre na minha memória! Viva o Teatro! RIP".

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