Conheça os food trucks
Tendência nos EUA e Europa, eles começam a se espalhar por São Paulo
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 14h47.
São Paulo é reconhecida internacionalmente como uma capital gastronômica por sua ampla variedade de cozinhas. Mas agora toda essa diversificação e qualidade chega às ruas, com pratos que antes só eram servidos em restaurantes de alto padrão e que passam a ser oferecidos sobre quatro rodas para o público na calçada. Isso pode parecer estranho, mas nas grandes metrópoles dos Estados Unidos e Europa os "food trucks" já fazem parte do cenário urbano.
Depois de ter estudado o mercado de comida de rua dos EUA, o chef Márcio Silva vai estacionar junto às calçadas de São Paulo até o fim do ano um food truck nos mesmos moldes dos americanos. Em parceria com chef Jorge Gonzales, ex-D.O.M., a intenção é servir pratos inspirados na comida dos botecos, com um toque de alta gastronomia . Porém sua intenção esbarra na falta de regulamentação.
O sucesso de eventos gastronômicos de rua como O Mercado, Feirinha Gastronômica e Chefs na Rua contribuiu para criar uma legislação própria. Graças a abaixo-assinados, foi formulado o projeto de lei 311, que regulamenta a venda de comida de rua na capital. A Câmara Municipal aprovou o texto que agora vai para sanção do prefeito. Caso a lei seja aprovada, entra em vigor até janeiro de 2014. Atualmente, apenas os carros que servem cachorro-quente conseguem alvará de funcionamento.
Um dos organizadores e criadores do festival gastronômico O Mercado, Checho Gonzales acredita que os eventos de rua contribuíram para desmistificar esse tipo de alimentação e provar para o paulistano que se pode comer bem na rua. "Só cresce o número de chefs que querem montar seu próprio negócio móvel. Além de rentável, é uma oportunidade de ter contato com o público", diz.
Rolando Vanucci, que desde 2007 vende massas a bordo de uma Kombi na Avenida Sumaré, comemora a entrada dos profissionais das panelas no ramo. "Acho que o paulistano só tem a ganhar com os chefs. Por isso, aposto na diversidade de cardápios", diz o empresário, que em novembro inaugurará o Rolando Doguinho, que ficará na Vila Olímpia.
"Meu hot dog será diferente. Poderá ser de linguiça gourmet ou salsicha alemã, acompanhada de creme de gorgonzola com compota de gengibre", diz Rolando, que cobrará 10 reais pelo sanduíche. Sua Kombi funcionará do almoço até a madrugada. "A intenção é atender todos os públicos, dos engravatados aos baladeiros." Ele conta que até dezembro começa a estacionar a Kombi do Rolando Churrinho na Avenida Sumaré, para vender os churros com brigadeiro gourmet de todos os tipos.
Também entrou nesse movimento das calçadas o chef do restaurante Vito, André Mifano. A partir do dia 18 de novembro, ele embarcará num food truck e rodará pelos bairros de Pinheiros, Vila Madalena e Santa Cecília. Patrocinado pela marca de uísque Jameson, o furgão terá pratos com preços entre 20 e 30 reais. "Meu compromisso é servir a todos com comida de qualidade e com preço que ninguém encontrará", diz Mifano.
O carro-chefe do cardápio será o hambúrguer com bacon glaceado em melado de uísque, mais batata frita, por 30 reais. Para não ter problema com a lei, o carro gourmet ficará estacionado em locais privados, assim como a maioria dos food trucks citados na reportagem. O itinerário do furgão será atualizado semanalmente no Facebook da marca.
É também pelo Facebook que o publicitário Rafael Zanith acompanha o itinerário do seu food truck preferido, o King Döner, que é especializado em kebab. "Toda vez que sei que eles estão na Vila Olímpia, onde eu trabalho, já me programo com os meus colegas para ir comer lá", explica Zanith.
A ideia dos proprietários, Rafael Martins e Vladimir Bin, foi trazer ao Brasil um tipo de comida que viram que fazia muito sucesso na Alemanha e ao mesmo tempo estrear seu conceito de food truck. "Tanto eu como meu sócio moramos na Alemanha e adorávamos o kebab de lá. Quando voltamos, decidimos inaugurar o negócio por aqui", diz Martins, que conta ter adaptado a receita para se adequar melhor ao paladar do brasileiro - ele usa carne bovina em vez de cordeiro.
A van trabalha dois dias na semana durante o horário do almoço na Vila Olímpia e consegue vender até 100 kebabs diariamente - os outros dias são dedicados a eventos. "Enquanto não temos o amparo da lei, decidimos investir mais em eventos. No entanto, assim que ela sair, iremos aumentar nosso tempo nas ruas", afirma.
Comida mexicana
Quem também trabalha nesse esquema é o chef mexicano Arturo Herrera, que desde maio vende pratos da cozinha mexicana, nas noites de segunda e terça-feira, na Vila Ré, zona leste. "Com a lei, quero aumentar os dias em que atuo na rua e trabalhar também nas zonas sul e oeste de São Paulo", diz Arturo. O empresário Roberto da Silva bate ponto em frente à van que vende tacos e burritos. "Virei cliente fiel e indico para todos, acho essa ideia perfeita para a vida do paulistano", diz.
O chef mexicano estima ter gastado 150 000 reais com o negócio. Mas ele já começou a recuperar o capital: hoje atende cerca de 50 clientes por dia e faz pelo menos um evento por semana.
O investimento inicial do Temaki Navan foi maior, 300 000 reais, inflacionado pelo apelo sustentável. O furgão conta com painéis solares revestidos de garrafa pet, capaz de manter a geladeira funcionando por até 30 horas. Na falta de sol, o veículo também conta com exaustores instalados no teto que aproveitam a energia gerada pelo vento. "Seria impossível criar um negócio móvel se dependêssemos só dos pontos de energia espalhados pela cidade de São Paulo", explica o empreendedor Alan Liao, de 26 anos.
O cardápio inclui mais de 20 sabores de temaki. De segunda a sábado, a van fica de dia em centros empresariais, como na região da Avenida Luís Carlos Berrini, na zona sul, e de madrugada próximo a baladas. Na média, segundo o dono, são vendidos 300 temakis por dia e seu faturamento mensal estimado é de 50 000 reais. "Minha intenção é até o fim do ano que vem já estar com outra van na rua", diz.
Os food trucks começaram a ganhar força nos EUA e na Europa após a crise econômica de 2009, quando chefs famosos e jovens empreendedores apostaram no novo ramo. Depois os negócios se multiplicaram a cada esquina. Segundo a Associação Nacional de Restaurantes dos EUA, o setor deve arrecadar, neste ano, 680 milhões de dólares.
Nova York, uma das cidades pioneiras, tem uma associação só de food trucks com 50 membros, que juntos tiveram uma receita na casa de 7 milhões de dólares no ano passado. Lá é possível encontrar quase todo tipo de comida: tacos, comida chinesa, donuts, goulash, sorvetes artesanais e até cupcakes.
SERVIÇO
La Buena Station
labuenastation.com.br
Rolando Doguinho
rolandomassinha.com.br
Temaki Navan
facebook.com/Temaki.Navan
King Döner Brasil
facebook.com/kingdonerbrasil
Jameson Food Truck
facebook.com/jameson
São Paulo é reconhecida internacionalmente como uma capital gastronômica por sua ampla variedade de cozinhas. Mas agora toda essa diversificação e qualidade chega às ruas, com pratos que antes só eram servidos em restaurantes de alto padrão e que passam a ser oferecidos sobre quatro rodas para o público na calçada. Isso pode parecer estranho, mas nas grandes metrópoles dos Estados Unidos e Europa os "food trucks" já fazem parte do cenário urbano.
Depois de ter estudado o mercado de comida de rua dos EUA, o chef Márcio Silva vai estacionar junto às calçadas de São Paulo até o fim do ano um food truck nos mesmos moldes dos americanos. Em parceria com chef Jorge Gonzales, ex-D.O.M., a intenção é servir pratos inspirados na comida dos botecos, com um toque de alta gastronomia . Porém sua intenção esbarra na falta de regulamentação.
O sucesso de eventos gastronômicos de rua como O Mercado, Feirinha Gastronômica e Chefs na Rua contribuiu para criar uma legislação própria. Graças a abaixo-assinados, foi formulado o projeto de lei 311, que regulamenta a venda de comida de rua na capital. A Câmara Municipal aprovou o texto que agora vai para sanção do prefeito. Caso a lei seja aprovada, entra em vigor até janeiro de 2014. Atualmente, apenas os carros que servem cachorro-quente conseguem alvará de funcionamento.
Um dos organizadores e criadores do festival gastronômico O Mercado, Checho Gonzales acredita que os eventos de rua contribuíram para desmistificar esse tipo de alimentação e provar para o paulistano que se pode comer bem na rua. "Só cresce o número de chefs que querem montar seu próprio negócio móvel. Além de rentável, é uma oportunidade de ter contato com o público", diz.
Rolando Vanucci, que desde 2007 vende massas a bordo de uma Kombi na Avenida Sumaré, comemora a entrada dos profissionais das panelas no ramo. "Acho que o paulistano só tem a ganhar com os chefs. Por isso, aposto na diversidade de cardápios", diz o empresário, que em novembro inaugurará o Rolando Doguinho, que ficará na Vila Olímpia.
"Meu hot dog será diferente. Poderá ser de linguiça gourmet ou salsicha alemã, acompanhada de creme de gorgonzola com compota de gengibre", diz Rolando, que cobrará 10 reais pelo sanduíche. Sua Kombi funcionará do almoço até a madrugada. "A intenção é atender todos os públicos, dos engravatados aos baladeiros." Ele conta que até dezembro começa a estacionar a Kombi do Rolando Churrinho na Avenida Sumaré, para vender os churros com brigadeiro gourmet de todos os tipos.
Também entrou nesse movimento das calçadas o chef do restaurante Vito, André Mifano. A partir do dia 18 de novembro, ele embarcará num food truck e rodará pelos bairros de Pinheiros, Vila Madalena e Santa Cecília. Patrocinado pela marca de uísque Jameson, o furgão terá pratos com preços entre 20 e 30 reais. "Meu compromisso é servir a todos com comida de qualidade e com preço que ninguém encontrará", diz Mifano.
O carro-chefe do cardápio será o hambúrguer com bacon glaceado em melado de uísque, mais batata frita, por 30 reais. Para não ter problema com a lei, o carro gourmet ficará estacionado em locais privados, assim como a maioria dos food trucks citados na reportagem. O itinerário do furgão será atualizado semanalmente no Facebook da marca.
É também pelo Facebook que o publicitário Rafael Zanith acompanha o itinerário do seu food truck preferido, o King Döner, que é especializado em kebab. "Toda vez que sei que eles estão na Vila Olímpia, onde eu trabalho, já me programo com os meus colegas para ir comer lá", explica Zanith.
A ideia dos proprietários, Rafael Martins e Vladimir Bin, foi trazer ao Brasil um tipo de comida que viram que fazia muito sucesso na Alemanha e ao mesmo tempo estrear seu conceito de food truck. "Tanto eu como meu sócio moramos na Alemanha e adorávamos o kebab de lá. Quando voltamos, decidimos inaugurar o negócio por aqui", diz Martins, que conta ter adaptado a receita para se adequar melhor ao paladar do brasileiro - ele usa carne bovina em vez de cordeiro.
A van trabalha dois dias na semana durante o horário do almoço na Vila Olímpia e consegue vender até 100 kebabs diariamente - os outros dias são dedicados a eventos. "Enquanto não temos o amparo da lei, decidimos investir mais em eventos. No entanto, assim que ela sair, iremos aumentar nosso tempo nas ruas", afirma.
Comida mexicana
Quem também trabalha nesse esquema é o chef mexicano Arturo Herrera, que desde maio vende pratos da cozinha mexicana, nas noites de segunda e terça-feira, na Vila Ré, zona leste. "Com a lei, quero aumentar os dias em que atuo na rua e trabalhar também nas zonas sul e oeste de São Paulo", diz Arturo. O empresário Roberto da Silva bate ponto em frente à van que vende tacos e burritos. "Virei cliente fiel e indico para todos, acho essa ideia perfeita para a vida do paulistano", diz.
O chef mexicano estima ter gastado 150 000 reais com o negócio. Mas ele já começou a recuperar o capital: hoje atende cerca de 50 clientes por dia e faz pelo menos um evento por semana.
O investimento inicial do Temaki Navan foi maior, 300 000 reais, inflacionado pelo apelo sustentável. O furgão conta com painéis solares revestidos de garrafa pet, capaz de manter a geladeira funcionando por até 30 horas. Na falta de sol, o veículo também conta com exaustores instalados no teto que aproveitam a energia gerada pelo vento. "Seria impossível criar um negócio móvel se dependêssemos só dos pontos de energia espalhados pela cidade de São Paulo", explica o empreendedor Alan Liao, de 26 anos.
O cardápio inclui mais de 20 sabores de temaki. De segunda a sábado, a van fica de dia em centros empresariais, como na região da Avenida Luís Carlos Berrini, na zona sul, e de madrugada próximo a baladas. Na média, segundo o dono, são vendidos 300 temakis por dia e seu faturamento mensal estimado é de 50 000 reais. "Minha intenção é até o fim do ano que vem já estar com outra van na rua", diz.
Os food trucks começaram a ganhar força nos EUA e na Europa após a crise econômica de 2009, quando chefs famosos e jovens empreendedores apostaram no novo ramo. Depois os negócios se multiplicaram a cada esquina. Segundo a Associação Nacional de Restaurantes dos EUA, o setor deve arrecadar, neste ano, 680 milhões de dólares.
Nova York, uma das cidades pioneiras, tem uma associação só de food trucks com 50 membros, que juntos tiveram uma receita na casa de 7 milhões de dólares no ano passado. Lá é possível encontrar quase todo tipo de comida: tacos, comida chinesa, donuts, goulash, sorvetes artesanais e até cupcakes.
SERVIÇO
La Buena Station
labuenastation.com.br
Rolando Doguinho
rolandomassinha.com.br
Temaki Navan
facebook.com/Temaki.Navan
King Döner Brasil
facebook.com/kingdonerbrasil
Jameson Food Truck
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