Como é o aeroporto dos milionários, que agora terá até voos internacionais
A pouco mais de 60 km da capital paulista, o Aeroporto Catarina agora pode operar voos internacionais sem depender de terminais maiores; por dentro, empreendimento da JHSF é um misto de hotelaria de luxo com galeria de arte
Redação Exame
Publicado em 25 de junho de 2021 às 12h20.
Última atualização em 21 de setembro de 2023 às 15h50.
Por Gabriel Justo
Nesta quinta-feira (24), o São Paulo Catarina Aeroporto foi autorizado pela ANAC a operar voos internacionais, se tornando o primeiro aeroporto privado do país a receber esse tipo de operação.
A novidade vem em boa hora: com a autorização, os jatos executivos atendidos pelo aeroporto não precisam mais passar por terminais maiores, como Guarulhos, Viracopos e Recife, para seguir rumo ao exterior, economizando altas cifras em combustíveis e taxas aeroportuárias. Não à toa, após o anúncio, as ações da JHSF, que construiu e opera o Catarina, saltaram 7% na B3.
Um novo CGH?
Inaugurado em dezembro de 2019 em São Roque, a 60km de São Paulo - ou apenas 15 minutos de helicóptero -, o Catarina é fruto de um investimento de 600 milhões de reais e deve acabar com a disputa por espaço a que os jatinhos da aviação executiva são submetidos em aeroportos comerciais. Congonhas, por exemplo, tem uma pista exclusiva para a aviação geral, mas pouco espaço para manejar e abrigar as aeronaves - hoje, cerca de 150 "moram" lá.
No Catarina, são 6.000 m² de hangares e mais de 21.000 m² de pátios dedicado aos jatinhos. A pista tem 2,4km - 500m a mais que Congonhas -, permitindo o pouso de jatos executivos de longo alcance, como o novo Falcon 10x, que tem autonomia para voar de São Paulo para qualquer ponto das Américas, África, Europa e Oriente Médio.
Ambiente sofisticado
Para receber aviões e clientes tão VIP's assim, o Catarina, é claro, tinha que estar à altura. Ao invés de dezenas de lojas e restaurantes, os 750 m² do saguão abrigam um ambiente que está entre a hotelaria de luxo e uma galeria de arte, com lounges, cinema e até academia. Tudo com muita iluminação natural, proporcionada por uma enorme vidraçaria que também oferece uma vista deslumbrante da pista.
O projeto é assinado pela Triptyque Architecture, com mobiliário desenhado exclusivamente para o aeroporto pelos arquitetos Murilo Lomas e Sig Bergamin. Obras de grandes nomes das artes plásticas, como Janaina Melo Landini, Fábio Baroli, Pedro Varela e Luis Coquenão, dão vida ao espaço, com destaque para a pela "Obreiros", de Tânia Candiani, que quase flutua no enorme pé direito do terminal.
Além do aeroporto Catarina, o complexo construído pela JHSF no km 60 da Castelo Branco inclui também com um shopping outlet e um centro empresarial, numa área total de 5,2 milhões de metros quadrados.
Além da aviação comercial
Comuns no exterior, os aeroportos privados ainda são uma novidade no Brasil, e desempenham um papel importante no desenvolvimento da chamada aviação geral - aquela que não é comercial e nem militar -, permitindo o crescimento do setor fora de boa parte das amarras burocráticas estatais.
Em outubro do ano passado, a ANAC lançou o programa Voo Simples, um pacote com dezenas de ações para modernizar e simplificar a regulação da aviação geral. A iniciativa permitiu, por exemplo, a venda de assentos individuais em aeronaves executivas, destravando os caminhos para empresas dedicadas ao compartilhamento de jatinhos particulares - justamente as "companhias" que operam no Catarina.
Apesar de ter sido o primeiro terminal privado dedicado à aviação executiva, o Catarina não estará sozinho por muito tempo. Até 2024, a região metropolitana de Goiânia contará com as operações do Antares Polo Aeronáutico, um aeroporto privado com 209 hectares de área e uma pista de 1,8 km, além de 654 mil m² de hangares. Por estar no centro geográfico do Brasil, numa região que concentra 20% das aeronaves do país, o empreendimento pretende ser um grande hub da aviação executiva nacional.