Comemorarei meus 80 anos fumando, diz Leonard Cohen
Leonard Cohen passa por um momento de vida excepcional com o lançamento de um novo álbum, muitas declarações e um charuto entre as mãos
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2014 às 14h27.
Londres - Às vésperas de completar oito décadas de vida, Leonard Cohen, o intértprete de "Hallelujah", passa por um momento de vida excepcional com o lançamento de um novo álbum, muitas declarações e um charuto entre as mãos.
"Terei 80 anos daqui a pouco e fumei durante 50, realmente gosto de fumar", constatou o músico em uma coletiva em Londres com jornalistas de 25 países, ávidos de escutar as palavras cavernosas, tingidas de nicotina e fumaça desse ancião de sorriso brincalhão, que é sempre recebido com aplausos.
Cohen fará aniversário no domingo, mas, ao contrário das expectativas que envolvem a data, o cantor não espera um grande evento.
"Em minha família nós quase não comemoramos os aniversários e nem nos importamos quando esquecemos de algum, acho que vou comemorar fumando", conta, rindo.
Dois dias depois de soprar as velas, será lançado "Popular problems" (Sony Music), o álbum número 13 de sua carreira, o que também é motivo de festa.
De acordo com Cohen, o disco contará com uma grande variedade de gêneros, entre eles gospel, country e blues.
O truque para o sucesso, segundo ele, está na parceria com o produtor e compositor Patrick Leonard, que também já trabalhou com Madonna.
Apesar da cooperação com a pop star, Cohen afirma que ficou fã de Leonard ao escutar composições no piano.
"Popular problems" chegará ao mercado após apenas dois anos de intervalo desde o lançamento do antecessor, "Old ideias". Cohen atribui a rapidez de criação à "química" com Leonard e anuncia que já estão trabalhando em um novo álbum, que seria o terceiro em um curto espaço de tempo, ainda mais para alguém que não tem mais nada a provar.
Amor, desamor, conflito, religião... São esses os temas que Leonard Cohen sempre desenvolveu ao longo da carreira, problemas comuns a todos, como indica o título da nova obra.
"Reflete o mundo em que vivemos, a atmosfera", diz ele, antes de brincar que o próximo álbum deverá ser chamado de "Unpopular solutions", em alusão à dificuldade de solucionar essas adversidades.
Em declarações aos jornalistas, Cohen se mostra um personagem bem moderado, sem extremismos, sereno, transcendente e sem muita vontade de chamar a atenção.
Como a entrevista foi realizada em Londres, o músico foi perguntado sobre o que significam para ele assuntos como o referendo escocês que será votado nesta quinta-feira. Apesar de não dizer como votaria, comentou a situação.
"Não sinto que possa assumir uma posição. Gosto de acreditar que todos trabalham com as melhores intenções. As pessoas tratam de fazer com que suas vidas tenham sentido e às vezes acham que o jeito é com a política. De qualquer forma, reconheço a luta para dar significado a sua existência e isso merece respeito", considerou.
Com sua experiência de vida, que o ajudou a lutar várias vezes contra a depressão e a sensação de derrota, Cohen afirma que é fundamental reconhecer que "todo o mundo sofre e que todo o mundo luta para ser alguém".
"É preciso entender que sua luta é como a luta de qualquer outro, assim como o sofrimento também, e acho que não se chegará a soluções políticas enquanto não chegarmos a esse pensamento", declarou.
Poeta, romancista e cantor, Cohen é considerado uma autoridade global da música , apesar de não ter lançado seu primeiro álbum, "Songs of Leonard Cohen" (1967), até os 33 anos.
Depois vieram outros como "Songs of Love and Hate" (1971), "Various positions" (1984) e "I"m Your Man" (1988), entre outros.
O cantor também se destaca pela ampla produção literária, sobretudo poética, com início em "Let Us Compare Mythologies" (1956), e a última obra até o momento, "Book of Longing", publicada em 2006, poucos anos antes de receber o prêmio Príncipe das Astúrias de Letras.