Adele cantou, encantou, embasbacou. Não à toa, ela levou todas as premiações que disputou. Não deu para Foo Fighters ou Bruno Mars (Kevork Djansezian/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 09h46.
São Paulo - Uma noite para relembrar e chorar por uma diva perdida. E uma noite para celebrar a coroação de uma nova estrela da música. A 54ª cerimônia para a entrega do Grammy, realizada na madrugada de domingo para segunda, foi carregada de emoções contraditórias: o luto por Whitney Houston, morta na tarde (horário local) de sábado, em Beverly Hills, e alegria pela consagração da cantora britânica Adele, que levou para casa os seis gramofones dourados que disputou. Uma vitória sem contestação, arrasadora. Nocaute.
A segunda transmissão mais assistida da história do Grammy, com 39 milhões de televisores sintonizados (nos Estados Unidos), prestou homenagens para a cantora americana dona de seis prêmios dados pela Academia da Gravação dos Estados Unidos entre os anos 80 e 90. Chamada às pressas para prestar a principal homenagem, Jennifer Hudson decepcionou. Ganhadora de Oscar e Globo de Ouro pela atuação no filme/musical "Dreamgirls" (2007), ela não conseguiu imprimir a emoção da música. Nem seu diafragma é capaz de sustentar as notas por tanto tempo. Tudo fez a escolha por ela ser questionada.
Ainda assim, o espírito de Whitney se manteve durante a noite. Antes que os prêmios começassem a ser distribuídos, o rapper e apresentador LL Cool J pediu para que todos orassem por Whitney. Depois, exibiu um vídeo em que a cantora cantava a imortal "I Will Always Love You", música que integra a trilha sonora do filme protagonizado por ela, "O Guarda-Costas" (1992), e lhe rendeu um Grammy. Sua voz, ali, em 1994, no auge, era de arrepiar. Assim como alguns pelinhos da nuca devem ter ficado ouriçados quando Adele, uma nova musa que transita entre o soul e o pop, aos 23 anos, subiu ao palco para cantar "Rolling In The Deep". Aos desavisados, a cantora teve de operar as cordas vocais em novembro do ano passado e cancelou turnês nos Estados Unidos. O gogó, colocado à prova, deu conta do desafio.
Adele cantou, encantou, embasbacou. Não à toa, ela levou todas as premiações que disputou. Não deu para Foo Fighters ou Bruno Mars, também com seis indicações cada. O mais indicado, com sete, mais que a inglesa, era o rapper Kanye West, que não compareceu à cerimônia. No fim, ele levou quatro, todos na categoria rap (melhores performance, disco, parceria e música). Adele levou os prêmios de gravação, álbum, música do ano, performance solo, disco de pop e clipe.
O maestro carioca Tom Jobim foi lembrado pela Academia na categoria Special Merit Awards (algo como Prêmio de Mérito Especial), ao lado de Steve Jobs (criador da Apple), Diana Ross e o rapper poeta Gil Scott-Heron.
No pop, Adele não deu chance para ninguém. No rock, esse papel ficou para o Foo Fighters. A banda de Dave Grohl, atração da versão brasileira do Lollapalooza, no dia 7 de abril, fez jus ao estilo com o disco "Wasting Light", um rock pesado, com três guitarras, gravado na garagem do vocalista e ex-baterista do Nirvana. Sujo e bem-feito, o disco trazia tudo o que a Academia gosta. Levou cinco estatuetas. Mas, para Grohl, talvez mais importante que o prêmio na estante (ou tão importante quanto) foi uma jam sensacional com Sir Paul McCartney, no explosivo encerramento.
Depois de o ex-beatle emendar duas músicas do quarteto de Liverpool, "Golden Slumbers" e "Carry That Weight", ambas do disco "Abbey Road" (1969), Grohl subiu ao palco para tocar guitarra ao lado de caras como Bruce Springsteen, Joe Walsh, Rusty Anderson e Brian Ray. Emendaram "The End", também do disco de 69. Balançando a cabeça insanamente, Grohl não conseguia disfarçar a felicidade. Assim como Adele, que depois de três meses sem cantar, voltou em grande estilo. Seus seis Grammy são só o começo. As informações são do Jornal da Tarde.