Casual

'Cleópatra', de Stacy Schiff, desvenda mitos sobre rainha do Egito

Biografia destaca o papel de Cleópatra na política e suas estratégias para permanecer no poder

O livro busca mostrar a vida no Egito antigo (Ricardo Liberato/Wikimedia Commons)

O livro busca mostrar a vida no Egito antigo (Ricardo Liberato/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 16h37.

Nova York - Apesar de nunca esperar que sua biografia sobre Cleópatra triunfasse nos Estados Unidos e chegasse na Espanha, onde será publicada nesta terça-feira, a autora Stacy Schiff agradece a oportunidade de poder esclarecer os mitos criados em torno da última rainha do Egito.

'Nunca penso se um livro vai fazer sucesso ou não. O foco é colocar sobre o papel, da forma mais fiel possível, o que tenho em minha cabeça. Neste caso, quis expatriar todos os mitos errôneos que existem sobre Cleópatra', afirmou a escritora americana em entrevista à Agência Efe em Nova York.

Stacy (Massachusetts, 1961) investiu quase cinco anos de sua vida para esmiuçar tudo o que se sabia sobre a lendária rainha egípcia, investigando de maneira fidedigna 'como se vivia no Egito de Cleópatra'.

O resultado foi 'Cleópatra: Uma Biografia', um livro que chega nesta terça-feira à Espanha simplesmente como 'Cleópatra'. Distante da imagem histórica de sereia e sedutora, a nova biografia busca evidenciar a rainha egípcia como 'uma estrategista nata e autêntica professora de política'.

'Cleópatra foi uma mulher incrivelmente ambiciosa, que não media esforços para alcançar o trono e para se manter nele. Era muito carismática, se movimentava mediante estratégias e soube conduzir o poder em um tempo confuso', disse à Efe a escritora, que acusa a história de ter ocultado a verdadeira identidade da rainha.

A obra oferece contínuas surpresas ao leitor menos experimentado na história de Cleópatra, apresentando assim uma rainha que não era egípcia, mas grega-macedônia, e que falava perfeitamente vários idiomas. Cleópatra não era de uma beleza espantosa, era uma grande oradora e mais que uma simples amante.

'Ela seduz os homens (Julio César e Marco Antonio) com sua inteligência, que é algo muito mais poderoso que a beleza e, por isso, era considerada uma mulher perigosa para os romanos, que não costumavam legitimar os direitos das mulheres', destacou a autora.

Stacy, vencedora do Pulitzer em 2000 com 'Vera, (Mrs. Vladimir Nabokov)', conta que Cleópatra foi 'uma mulher muito capaz, impondo reformas econômicas sem que houvesse agitações civis, isso indica que sabia conduzir a política como ninguém'.


A pena, segundo a escritora, é que se saiba tão pouco sobre sua vida e, principalmente, que a história tenha desvirtuado sua trajetória desde sua morte até nossos dias.

'Cleópatra foi modificada por cada uma das gerações que a seguiram. Criamos a Cleópatra que mais nos interessava', frisou a autora, ressaltando que 'quem mais prejudicou sua imagem foi César Augusto, que a derrotou e a transformou nessa encarnação oriental do mal'.

O imperador romano é 'o artífice de todos os conceitos errôneos' existente de Cleópatra desde sua morte. 'Após ele, chegaram Shakespeare, Dante e todos os demais que escreveram sobre a rainha egípcia ao longo dos séculos', incluindo a falecida Elizabeth Taylor, que para muitos será sempre Cleópatra graças ao conhecido filme de 1963.

Em seu livro, Stacy resgata as fontes clássicas sobre Cleópatra e tenta separar fatos e ficção para reconstruir a vida de uma mulher que reinou em Alexandria, 'a capital do mundo da época', segundo a autora.

Após sua publicação em novembro de 2010, o livro liderou a lista de vendas durante semanas, sendo um grande sucesso nos EUA. Agora, com o lançamento de uma versão de bolso, a obra voltou a se situar entre os cinco livros (de não-ficção) mais vendidos no país.

Isso sem falar na nova adaptação do livro por Hollywood. Mesmo sem contar com diretor definido, o filme será baseado na biografia de Stacy e contará com a atriz Angelina Jolie no papel principal, segundo indicou a escritora.

'Tem que ser uma mulher que seja capaz de mudar a temperatura de um lugar quando entra nele. Quem melhor que Angelina Jolie?', indagou a escritora.

Depois de 'Cleópatra: Uma Biografia', Stacy irá focar seu trabalho na história conhecida como 'caça às bruxas', que aconteceu em 1692, no vilarejo de Salem (Nova Inglaterra), e terminou com 19 pessoas acusadas de bruxaria na forca. EFE

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEgitoLivrosPolítica

Mais de Casual

Chablis: por que os vinhos dessa região da França caíram no gosto do brasileiro?

"A Era das revoluções", de Fareed Zakaria, explica raízes do mundo contemporâneo; leia trecho

Do campo à xícara: saiba o caminho que o café percorre até chegar a sua mesa

Com sustentabilidade e legado, sempre teremos Paris

Mais na Exame