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Chefs brasileiros revelam tendências para as ceias de fim de ano

A percepção de chefs que atuam em restaurantes, grandes hotéis e buffets é a de que o consumidor brasileiro quer comer bem, mas sem ostentar

Janaina Torres: interesse por mesas que exprimem os sabores e referências de cada família (Marcus Steinmeyer/Divulgação)

Janaina Torres: interesse por mesas que exprimem os sabores e referências de cada família (Marcus Steinmeyer/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 15h16.

As ceias de Natal e Réveillon estão deixando o formato rígido e repetitivo para assumir uma lógica mais autoral e conectada ao estilo de vida dos anfitriões. A percepção de chefs que atuam em restaurantes, grandes hotéis e buffets é a de que o consumidor brasileiro quer comer bem, mas sem ostentar. A mesa passa a valorizar preparações artesanais, produtos locais, técnicas que garantem sabor e textura, além de formatos que favorecem convivência, de ceias individuais empratadas a mesas compartilhadas.

Nesse cenário, bases preparadas em casa, conservas próprias, tortas salgadas, pescados nacionais e releituras de clássicos ganham espaço. Para muitos chefs, as festas de fim de ano se tornam menos sobre tradição importada e mais sobre a identidade que cada família carrega. Saiba o que chefs de diferentes regiões do país irão preparar para as próprias celebrações.

Janaína Torres – Bar da Dona Onça e Merenda da Cidade (São Paulo)

A chef Janaína Torres acredita que as ceias de fim de ano devem seguir um caminho mais brasileiro e menos preso a modelos tradicionais. Para ela, cresce o interesse por mesas que exprimem os sabores e referências de cada família, com espaço para ingredientes locais e preparações afetivas.

“É sempre difícil apontar tendências, então costumo olhar para a minha própria mesa. Todos os anos, a barriga de porco assada está presente na minha ceia, e acredito que, neste fim de ano, mais pessoas vão buscar essa conexão com os sabores do país. Vejo um movimento crescente de ceias que valorizam ingredientes e preparações brasileiras, celebrando o jeito À Brasileira de cozinhar e receber”, afirma. Segundo a chef, essa mudança abre espaço para cardápios mais livres, que misturam memórias afetivas e preparações regionais, criando celebrações práticas e diversas.

Ian Baiocchi – Grupo Íz (Goiânia)

"Com o tempo, fui percebendo que as pessoas não estão mais presas àquela cartilha rígida de Natal com tender, chester, peru, farofa, salpicão. Eu acho que a festa é muito mais sobre estar junto, descansar e viver o dia inteiro como um dia de “pausa social”. Nos grupos, no Instagram, nas mensagens, fica todo mundo off. É uma espécie de bolha de convivência. A gente passa a comer o que realmente tem vontade. Isso explica por que tantas famílias estão criando suas próprias tradições, completamente fora do clássico.

Na minha, por exemplo, virou tradição fazer paella. É zero natalino no imaginário brasileiro, mas é o prato que junta a casa inteira em volta da panela. E aí, claro, aparece um leitãozinho porque é consenso geral. Mas o ponto é que não tem mais regra. Ontem mesmo me perguntaram se eu conhecia um sushiman para fazer serviço em casa no Natal. Anos atrás isso seria quase um sacrilégio. Hoje… é absolutamente normal. Se eu como paella, por que alguém não pode comer sushi?

Isso tudo revela que estamos vendo algo muito interessante: o Natal virou um espelho dos gostos que temos agora e não dos gostos herdados."

Lisiane Arouca – Restaurante Origem (Salvador)

Os chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca, do Origem: pesquisa sobre o povo brasileiro para desenvolver o cardápio (Leonardo Freire/Divulgação)

Para a chef patissière do Grupo OriGem, de Salvador, Lisiane Arouca, as famílias estão buscando ter nas ceias de fim de ano cada vez mais receitas que remetam às suas tradições culturais e afetivas, valorizando mais a memória e a conexão emocional através da comida. Arouca acredita que estão em baixa as receitas com ingredientes que simbolizem ostentação e excessos.

"A gastronomia está caminhando para mesas que contam histórias, unindo o caseiro ao sofisticado, celebrando origens, famílias e lembranças. É muito mais sobre o sentir do que o mostrar. Estão em alta as comidas que abraçam, lembranças que voltam e mesas que fazem as pessoas se sentirem em casa”, diz.

Chef Isabela Honda – Joya Boulangerie (São Paulo)

Para a chef Isabela Honda, da Joya Boulangerie, as festas de fim de ano de 2026 devem reforçar a busca por preparações mais artesanais e menos dependentes de produtos industrializados, especialmente no que diz respeito a molhos, bases, picles e complementos de mesa. Segundo a chef, o público está mais atento ao sabor real dos ingredientes e à diferença que faz preparar componentes fundamentais do prato dentro de casa.

Molhos preparados na própria cozinha, desde versões cítricas para saladas até picles rápidos e vinagretes bem estruturados, permitem ajustar acidez, textura e intensidade de acordo com o menu.

Caldas, compotas, cremes-base e massas têm ganhado espaço nas mesas de Natal, substituindo misturas prontas. A chef também identifica maior interesse por pratos que permitam montagem antecipada, mas com etapas artesanais. Entram nessa categoria bases de saladas, molhos prontos para emulsão, marinadas organizadas, massas pré-cozidas e sobremesas de camadas estruturadas.

Chef Martin Casilli – Sky Hall (São Paulo)

Para o chef Martin Casilli, do Grupo Sky Hall, as tendências das ceias de fim de ano apontam para ingredientes brasileiros, técnica e elegância descomplicada. As mesas de Natal e Réveillon deste ano caminham para uma direção bem definida: menos ostentação e mais coerência com o repertório culinário brasileiro. Em vez de apostar em ingredientes importados, o público busca ceias construídas de maneira inteligente, valorizando sabores locais e técnicas precisas.

Entre os ingredientes que ganham protagonismo, o chef destaca a força dos cítricos nacionais como tangerina e limão-cravo, que trazem frescor e acidez aos pratos clássicos. Ervas frescas e temperos como pimenta cambuci e urucum aparecem em marinadas e finalizações, criando camadas de aroma. Elementos de fermentação natural, como missô e garum, surgem como complementos ousados que realçam profundidade e umami. As nozes brasileiras também entram em cena em farofas e sobremesas, especialmente castanha de baru, castanha de caju e cumaru.

Na parte técnica, o chef observa um interesse maior do público em métodos de cocção lenta, com temperaturas próximas de 100 graus, seja com calor seco ou úmido. A prática garante proteínas mais suculentas, principalmente quando combinada à técnica de brining, que contribui para textura e sabor.

Sobre os formatos de celebração, ele vê duas direções ganhando força: ceias individuais empratadas para encontros intimistas e mesas comunais com poucos itens executados com rigor. Em comum, apresentações bem construídas que valorizam a estética da mesa e convidam ao clima de celebração.

Chef Andrea Vieira – A Casa de Antonia (São Paulo)

A chef Andrea Vieira, de A Casa de Antonia, diz que o futuro das ceias está menos preso a regras e mais guiado pela liberdade de montar uma mesa onde todos têm espaço. “Vejo cada vez mais uma ceia democrática, em que cada um contribui e onde surgem pratos veganos, receitas repletas de nostalgia e sabores que representam diferentes regiões do país”, afirma.

Segundo ela, o tradicional peru perde o papel de protagonista e passa a dividir a mesa com preparações mais leves, afetivas e informais. Uma das apostas da chef para 2026 são as tortas salgadas, um formato versátil que permite variações de recheio, funciona para grupos de todos os tamanhos e ainda ganha novo papel no dia seguinte, aquecidas ou servidas em temperatura ambiente.

“São práticas de aquecer, fáceis de servir e se adaptam ao que cada família gosta. As tortas representam esse novo espírito das festas: descomplicado e cheio de possibilidades”, resume.

Ana Bueno – Banana da Terra, Restaurante Café Paraty e Casa Paratiana

Para a chef Ana Bueno, que há 31 anos comanda o Banana da Terra, anfitrião do centro histórico de Paraty, além do restaurante Café Paraty e da Casa Paratiana, a principal tendência para as festas de fim de ano na gastronomia é a utilização de ingredientes locais, bem brasileiros, substituindo a uva passa pela banana passa ou as nozes por castanha do Pará, por exemplos. Com base nessa ideia, a chef incluiu no menu de verão do Banana da Terra uma sobremesa com ingredientes nacionais e ótimos para o verão: sorvete com brownie de açaí, cremeux de chocolate branco, coentro e crocante de castanha do Pará com banana passa.

Carlos Völker - Sous Chef Executivo do Grand Hyatt Rio de Janeiro

Para Carlos Völker, chef responsável pelas ceias de Natal e Ano Novo do Grand Hyatt Rio de Janeiro, as festas de fim de ano serão marcadas por dois movimentos muito fortes: a busca por leveza e inovação, e a nostalgia. “As pessoas querem celebrar com equilíbrio, trazendo para a mesa pratos mais naturais, preparações frescas e combinações que entregam sabor sem pesar”, diz.

Ao mesmo tempo, ele enxerga que a tradição não perde espaço, pelo contrário. “Veremos releituras de receitas clássicas, o uso de produtos brasileiros e técnicas contemporâneas que renovam a ceia sem descaracterizar aquilo que faz parte da nossa memória afetiva. Esse encontro entre o novo e o tradicional resulta em refeições mais conscientes, saborosas e alinhadas ao estilo de vida atual.”

Pedro Godoy – ARVO, VOAR e TERRA (Recife)

Expoente da gastronomia pernambucana, Pedro Godoy acredita na busca por comida saborosa e leve ao mesmo tempo. “As pessoas querem aquele toque afetivo da ceia, mas sem exageros. Pratos que acolhem, mas que você come bem e continua bem.” Ele também percebe um interesse maior pelo artesanal. “Bases feitas na cozinha, conservas próprias, produtos de pequenos produtores. O público está mais atento ao sabor real das coisas.” Outra tendência são os ingredientes regionais, que seguem ganhando espaço, além de pescados frescos, frutas da estação, técnicas de grelha e cozimentos lentos. “É um resgate que une memória e contemporaneidade.”

Na visão do chef, os vegetais também vêm ganhando protagonismo. “Não é sobre tirar proteína, e sim equilibrar a mesa. Legumes assados, fermentações suaves, molhos feitos com castanhas e hortaliças trazem camadas de sabor que antes não apareciam nas ceias tradicionais.” Para Pedro, a tendência é celebrar com mais intenção. “Menos excesso, mais cuidado. Menos volume, mais qualidade. Comer bem, com comida gostosa, de verdade e sem complicação.”

Fernando Pavan – Chef Executivo do NANNAI (Pernambuco)

Para o chef Fernando Pavan, do NANNAI, fim de ano é sinônimo de compartilhar e isso se reflete nas tendências para as ceias. De entradas, queijos, pães e patês variados, pequenas porções servidas sobre a mesa, criando uma atmosfera acolhedora, que dá a possibilidade de todos interagirem e experimentarem um pouco de tudo. Em relação aos pratos principais, o chef acredita no poder da tradição e aposta nos clássicos. “Aves assadas, carnes suínas assadas, como pernil, e o rosbife, que proporcionam um conforto, sabe?”, diz.

Diogo Menzes – Cittadino (Grand Hyatt São Paulo)

Para o chef Diogo Menezes, do Grand Hyatt São Paulo, as comemorações de fim de ano devem apostar cada vez mais em sustentabilidade e experiências que valorizem o frescor e a interação direta com o público. Buffets com ingredientes locais e sazonais, utensílios biodegradáveis e porções preparadas sob demanda refletem um consumo mais consciente, sem abrir mão do sabor e da sofisticação.

“A principal tendência é unir sabor, visual e consciência ambiental. Isso significa pensar em menus com baixo impacto, evitar desperdícios e criar estações ao vivo que aproximem o convidado do preparo”, afirma o chef.

Além disso, cardápios inclusivos, com opções veganas, sem glúten, plant-based e pratos funcionais com ingredientes como cúrcuma, gengibre e hibisco, seguem em alta, assim como drinks temáticos e alternativas não alcoólicas criativas. Releituras de clássicos brasileiros com técnicas modernas também estão entre os destaques para uma celebração inesquecível.

Danilo Takigawa – ASU (Curitiba)

Segundo o chef Danilo Takigawa, do restaurante ASU, as tradições gastronômicas do Natal continuam fortes, especialmente no que diz respeito às proteínas clássicas como porco, peru e o já esperado bacalhau. No entanto, ele destaca que o cenário vem mudando: além do preço elevado do bacalhau, cresce o interesse por alternativas mais sustentáveis e acessíveis.

“Mesmo sendo um ingrediente tradicional, o bacalhau tem um custo alto e não é tão abundante. Acredito que a solução está em valorizar peixes como o olho-de-cão, a cavalinha ou a tainha, que têm muita qualidade e podem ser preparados assados ou até crus, sem perder a essência da celebração”, afirma o chef.

Ao apostar em espécies nacionais menos exploradas e de pesca responsável, as ceias ganham diversidade e reforçam uma tendência cada vez mais presente: menus festivos que respeitam a sazonalidade e o impacto ambiental, sem abrir mão do sabor.

Gerard Granja – Locanda della Mimosa e Locanda Bela Vista (Petrópolis)

O chef executivo no Grupo Locanda, à frente dos restaurantes e buffês das festas de fim de ano das pousadas de luxo na Serra Fluminense Locanda della Mimosa e Locanda Bela Vista, Gerard Granja aposta como tendência de pratos nas ceias de natal e ano novo no vegano Bobó de banana da terra. Na ala das carnes, a tendência será o Cordeiro, que vem servido com Espaguete de legumes e molho de hortelã. De sobremesa o chef cita a Tarte tatin de abacaxi, caramelizada.

Chef David Cruz – Restaurante Quitéria (Rio de Janeiro)

“As festas de fim de ano sempre trazem uma mesa carregada de memória. O que tenho observado — e aplicado na minha cozinha — é um movimento bonito de resgatar receitas afetivas, aquelas que fazem parte da lembrança de cada família, mas com um toque mais leve e autoral. Vejo uma grande tendência de pegar os clássicos do Natal, como rabanada, salpicão, assados e saladas festivas, e reconstruí-los com mais frescor, usando frutas da estação, ervas brasileiras e técnicas que tragam mais leveza. É como dar novo fôlego a tradições que atravessam gerações.

Outra tendência muito forte é a busca por bem-estar à mesa — ingredientes frescos, orgânicos e de alto valor nutricional estão cada vez mais presentes. Há um interesse real por insumos sustentáveis, de pequenos produtores, e isso abre espaço para uma gastronomia mais consciente e com impacto positivo.

No bar, o movimento é parecido. A redução do consumo de álcool tem impulsionado a criação de coquetéis sem álcool mais elaborados, com o mesmo cuidado aromático e visual dos clássicos. É um campo criativo enorme: usar fermentados, bitters sem álcool, preparos com frutas e especiarias brasileiras traz profundidade e permite celebrar com leveza. No fim, acho que a grande tendência é essa: comida com afeto, propósito e frescor, respeitando a memória das festas, mas olhando para o futuro com mais consciência.”

Alana Rocha – Rappanui Gastronomia (Rio de Janeiro)

A chef Alana Rocha, à frente da cozinha do Rappanui Gastronomia, bufê com vinte anos de história, identifica mudanças claras nas mesas de fim de ano, e aponta as principais tendências para quem quer receber com charme e personalidade. Para ela, o grande destaque deste ano são as mesas compartilhadas, com finger foods autorais que substituem o jantar tradicional por uma experiência mais leve e interativa. Mini porções, tábuas variadas e combinações inusitadas, como tartares com frutas, mini brioches e molhos artesanais, aparecem como protagonistas.

Outra aposta da chef é a cozinha afetiva contemporânea, que revisita sabores familiares em versões elegantes, como escondidinhos em mini panelinhas, pavês individuais e farofas com castanhas e frutas secas. E, para além do cardápio, Alana reforça que frutas e legumes ganham protagonismo também na decoração, trazendo cor, frescor e naturalidade à mesa.

“As pessoas buscam acolhimento, beleza e sabor. As festas estão mais pessoais, com comidinhas afetivas, apresentação moderna e detalhes que contam história. É isso que transforma o encontro”, diz Rocha.

Yves Saliba – Per Lui (Belo Horizonte)

Chef Yves Saliba: "em um país tão diverso, é natural que os clássicos variem de casa para casa, e que continuem assim" (Victor Schwaner/Divulgação)

O chef Yves Saliba, do Per Lui, em Belo Horizonte, acredita que as ceias deste ano devem reforçar algo muito próprio do Natal brasileiro: cada família preservar suas tradições. Para ele, em um país tão diverso, é natural que os clássicos variem de casa para casa, e que continuem assim.

“Tem coisas da minha ceia que ninguém mexe”, afirma. “Sempre espero encontrar um pernil, uma maionese, uma macarronese, um salpicão, uma farofa e um arroz de lentilha, que para nós sempre trouxe sorte.” Segundo o chef, mesmo com a sazonalidade e a alta de preços dessa época, alguns pratos seguem firmes, como o bacalhau gratinado ou às natas, quando o bolso permite. Ele conta que, na própria família, o empadão é intocável porque simboliza história e memória afetiva.

Para Yves, esse é justamente o movimento que deve marcar o Natal. “A gente busca o sabor da família reunida. Acho que a tendência deste ano é cada casa manter o que faz sentido para sua própria tradição.”

Wanderson Medeiros – Picuí (Alagoas)

Para o chef Wanderson Medeiros, que há anos acompanha as mudanças de comportamento à mesa, principalmente em datas festivas, os frutos do mar estão chegando com força às ceias, muitas vezes substituindo o bacalhau por pescados frescos e locais.

“O brasileiro está entendendo que nossa costa é riquíssima. Sururu, peixe do dia, camarão, tudo isso tem entrado no lugar do bacalhau importado, com mais sabor e mais identidade”, afirma.

Outra tendência apontada pelo chef é o avanço das opções vegetarianas e veganas. Hoje é quase obrigatório versões natalinas feitas só com vegetais. No mesmo movimento, sobremesas geladas dominam as ceias, principalmente pelo calor das festas de verão.

Os tradicionais sabores agridoces agora voltam repaginados. Nada mais de fios de ovos e cerejas artificiais, o clássico até continua, mas em combinações mais ousadas. No Réveillon dos Milagres, por exemplo, o lombo com geleia de damasco faz muito sucesso. O chef ainda é muito conectado com arte e design, então está sempre buscando novas formas de apresentar seus pratos, pois entende que a parte visual faz parte da experiência. “Busco inspiração em feiras de arte, texturas, materiais e pinturas, e levo tudo isso para as bandejas e objetos do bufê e do restaurante. A estética hoje fala tanto quanto o sabor”, diz.

Tendência: Natal brasileiro e sem exaustão

No Maria e O Boi, a chef Vanessa Rocha fez o que toda pessoa sensata sonha em dezembro: simplificou. Em vez de inventar receitas natalinas mirabolantes, ela colocou à disposição os clássicos da casa, aqueles que sustentam as mesas felizes desde janeiro.

As entradas são quase uma prece pela convivência pacífica: manteiga de costela com pão de fermentação natural (R$45), coalho grelhado com chimichurri de pimenta-de-cheiro (R$96), steak tartare de sol com cupuaçu (R$128), linguiça de costela com barbecue de açaí (R$112, 600g). É a antítese do “inventei uma rabanada salgada diferente este ano” - e o paladar agradece.

Entre as proteínas, a ceia assume seu caráter adulto: salmão assado na manteiga de ervas (R$267, 600g), costela assada com glacê de balsâmico (R$285, 1kg), lombo de bacalhau (R$248, 350g) e a deliciosa barriga de pirarucu (R$196, 800g). Chegam pré-cozidas ou já assadas, como quem entende que dezembro é tempo de cansaço acumulado.

Os acompanhamentos são um desfile de conforto tropical. Tem purê queijudo trufado (R$49), pupunha canoa (R$54), arroz de coco queimado (R$47), misto de verdes e legumes tostados (R$58), farofas, saladas, frescor. É praticamente um mapa ilustrado do que significa comer bem sem sofrer.

E as sobremesas - mousse de doce de leite com crumble e morangos (R$114) e manjar de coco com cocada de manga (R$114) - trazem à mesa a cozinha brasileira em sua melhor versão, sem o peso das referências de onde neva nesta época do ano.

Serviço: Maria e o Boi:  Rua Maria Quitéria, 111 - Ipanema, Tel: (21) 3502-4634 (60 lugares). Horário: Segunda a quinta, das 12h às 23h; sexta e sábado, das 12h às 0h; domingo, das 12h às 22h.

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