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Jolie e Pitt vão, o vinho rosé fica

Rafael Kato Assim como a questão humanitária do Camboja e os nomes incomuns Knox, Zahara e Maddox, o recém-separado casal Brangelina — para os menos familiarizados com as siglas de Hollywood, trata-se dos atores Brad Pitt e Angelina Jolie — conseguiu trazer luz a um outrora esquecido item gastronômico: o vinho rosé. O consumo de […]

MIRAVAL: garrafa do rosé produzido na propriedade de Angelina Jolie e Brad Pitt / Divulgação
DR

Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 19h28.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h44.

Rafael Kato

Assim como a questão humanitária do Camboja e os nomes incomuns Knox, Zahara e Maddox, o recém-separado casal Brangelina — para os menos familiarizados com as siglas de Hollywood, trata-se dos atores Brad Pitt e Angelina Jolie — conseguiu trazer luz a um outrora esquecido item gastronômico: o vinho rosé.

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O consumo de vinhos rosé cresce consistentemente ano após ano. Hoje, bebe-se 20% mais vinhos rosados do que em 2002, segundo dados da associação dos produtores da região francesa da Provença. No mesmo período, a participação de mercado saiu de 17% para 30%.  Só no Canadá, por exemplo, o consumo cresceu 120%; no Reino Unido, 250%; na Suécia, 750%. Não há dados do consumo no Brasil. Nos Estados Unidos, o maior consumidor mundial, são 73 milhões de hectolitros bebidos anualmente, algo como 3.000 piscinas olímpicas. E entre os maiores embaixadores da bebida no território americano está, justamente, o rótulo produzido na propriedade do ex-casal na Provença, sudeste da França.

Embora seu futuro seja incerto após o divórcio de Angelina e Pitt, o Miraval Rosé Côtes de Provence segue firme como um símbolo do sucesso do rosé, sobretudo entre os endinheirados. Cada garrafa é vendida por 25 dólares nos Estados Unidos — quando é possível encontrar boas marcas por 15 dólares. No Brasil, não sai por menos de 210 reais.

Nos Hamptons, o conjunto de vilarejos de veraneio dos milionários nova-iorquinos, o vinho rosé, de forma geral, foi apelidado no último verão como “Gatorade”, dado seu alto consumo como se fosse um isotônico. “O rosé é tido como um vinho de celebração, de aperitivo. Fresco e delicado, ele costuma ir bem em dias quentes”, afirma Diego Arrebola, eleito o melhor sommelier do Brasil e consultor de vinhos para importadoras, como a Mistral.

De olho nessa caraterísticas, novos negócios começam a surgir das mãos de outras personalidades. A celebridade da internet americana — e modelo plus-size — Josh “The Fat Jew” Ostrovsky percebeu essa tendência quando viu que as adegas e os restaurante dos Hamptons ficaram sem estoques de rosé no verão de 2014. Desde então, ele tem trabalhado ao lado dos sócios Tanner e David Oliver Cohen, donos da conta do Twitter @whitegrlproblem com mais de 800.000 seguidores, em uma marca de rosé sucesso entre os millennials — a geração nascida nos anos 80 até meados da década de 90 — nos Estados Unidos. “Nós percebemos dois fatos importante. Número um: os millennials são o grupo que mais compra vinhos. Número dois: eles não entendem nada sobre vinho. Isso faz com que nosso vinho se destaque quando eles entram em uma adega”, afirmou David em entrevista recente.

O White Girl Rosé é vendido na tradicional versão de garrafa ou como um espumante, disponível em uma lata de alumínio como se fosse um energético. “Nossos consumidores estão bebendo o vinho em locais não tradicionais, como banheiros, postos de gasolina, dentro do Uber. Por isso lançamos a versão em lata. Precisávamos de algo portátil, até para ser uma alternativa à cerveja em eventos esportivos ou shows”, diz Ostrovsky. A estratégia está se mostrando correta. Só entre julho e setembro deste ano, foram vendidas 250.00 unidades do White Girl, que apareceu marcado em mais de 50.000 fotos no Instagram.

Patinho feio dos vinhos, o rosé foi muito por muito tempo considerado “feminino demais” ou então “adocicado demais”. Uma injustiça com sua própria história e seu método de produção. Os rosés eram os vinhos prediletos da Grécia e da Roma antigas. Seguiram populares até a Idade Média, quando foram suplantados pelos tintos da região de Bordeaux.

“Fazer um rosé na Provença é algo muito sensível. As uvas são esmagadas e maceradas por algo entre 45 minutos e algumas horas, para que se consiga o balanço ideal entre a secura, o sabor e a cor clara e delicada”, afirma Philippe Guillanton, dono do Château Margüi, distante 5 quilômetros da casa de Pitt e Jolie na Provença que fabrica um premiado rosé que leva o nome da propriedade. É graças ao processo de maceração que o vinho ganha cor. Quanto mais tempo o suco interagir com a casca da uva, então mais vermelho será o resultado final. Nos vinhos brancos, esse processo é evitado ao máximo; nos tintos, essa etapa é essencial. Mas para os rosados não há roteiro pré-definido. “A decisão sobre o tempo de maceração é como o tempo de cozinhar um alimento: é algo difícil de avaliar adequadamente”, diz.

Guillanton lembra que o sucesso do rosé pode estar ligado a um aspecto do próprio vinho. Embora a fabricação seja mais complexa para o vinicultor, o rosé é mais fácil de ser apreciado pelo fato de se beber sempre a safra do ano. Por isso, o aspecto de guarda e melhores safras que tornam os tintos mais difíceis para os iniciantes não existe nos rosados. E, claro, Guillanton não diminui o papel das celebridades no sucesso recente do rosé: “é um tipo de publicidade que não podemos rejeitar”.

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