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"Avenida Brasil": um retrato do Brasil emergente

A telenovela da "TV Globo" mostra a nova classe média, que com a estabilidade econômica descobriu as delícias do crédito e do consumo

Cena em "Avenida Brasil" mostra os personagens Jorginho e Carminha (Divulgação/TV Globo)

Cena em "Avenida Brasil" mostra os personagens Jorginho e Carminha (Divulgação/TV Globo)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2012 às 06h45.

Rio de Janeiro - O Brasil emergente é retratado com humor e drama em "Avenida Brasil", telenovela que expõe com um realismo incomum a nova classe média nacional e que a cada noite deixa o país paralisado em frente à televisão.

No centro da trama estão os novos ricos da família de Tufão, ex-jogador de futebol que fez sucesso no Flamengo e na Seleção Brasileira, mas que fracassou ao não perceber durante anos as traições de Carminha, uma ex-prostituta com traços de psicopata com quem se casou sem saber sobre seu obscuro passado.

A história se desenvolve no Divino, bairro fictício da periferia do Rio de Janeiro, onde Tufão cresceu e tornou-se jogador e no qual construiu uma mansão para abrigar todos os seus familiares.

Ao contrário de outras produções que transcorrem em bairros abastados do Rio ou de São Paulo e que apresentam os subúrbios como focos de violência e de pobreza, "Avenida Brasil" mostra a outra cara dos bairros populares, onde também há gente de sucesso, como jogadores e pequenos empresários que, apesar do dinheiro ganho, não renegam suas origens.

"Esta telenovela reflete o momento especial que vive o país, no qual o dinheiro está mudando de mãos e o poder aquisitivo das pessoas que vivem nos subúrbios é cada vez mais alto", disse à Agência Efe a professora Cristiane Costa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora de vários trabalhos sobre telenovelas.

Além de mostrar a nova classe média, que com a estabilidade econômica descobriu as delícias do crédito e do consumo, a telenovela da "TV Globo" tem todos os ingredientes para seduzir pessoas de todas as condições sociais.

Todas as noites, milhões de brasileiros se divertem com a parcimônia do ingênuo ex-jogador, sofrem com as maldades de sua maquiavélica esposa e riem da atitude infantil de sua irmã Ivana ou das intrigas de Max, o cunhado traidor e verdadeiro pai de Jorginho e Agatha, os dois filhos que Tufão criou como seus.

O retrato tragicômico é completado por sua mãe, Muricy, antiga empregada doméstica com ares de refinada graças ao dinheiro de seu filho e que vive um romance com Adauto, um simples gari analfabeto que tem um terço da sua idade.

Durante as refeições junta-se a eles Leleco, o impulsivo pai de Tufão e ex-marido de Muricy, e um dos personagens mais simpáticos da obra, sempre de aspecto juvenil, usando bermudas, camiseta sem mangas e óculos escuros.


Na mansão todos discutem os assuntos familiares e até intimidades dos casais em voz alta, sempre com a participação das empregadas da casa, que completam o toque de humor da história.

Uma delas é a culta e educada Nina, na realidade uma enteada de Carminha que se infiltrou na mansão na condição de chefe de cozinha para poder executar uma vingança que planejou durante anos.

Seu objetivo é desmascarar Carminha, que causou a morte do seu pai e depois a abandonou em um lixão quando ela era apenas uma criança.

Esse despejo, localizado nos arredores do Rio, guarda os mais escabrosos segredos do passado de Carminha e de Max, que o país inteiro espera conhecer nessas últimas semanas da telenovela.

É justamente o realismo tragicômico com o qual o autor João Emanuel Carneiro mostra o cotidiano de um bairro carioca de classe baixa o que disparou seus índices de audiência.

No aguardado capítulo da última segunda-feira, no qual Tufão expulsou Carminha da mansão após comprovar suas traições, "Avenida Brasil" bateu recorde de audiência com 52 pontos, segundo o Ibope .

Nas últimas semanas, a trama esteve entre os assuntos mais lidos nos portais da internet e no Twitter, onde na segunda-feira liderou o a lista ds assuntos mais comentados no Brasil.

"O subúrbio finalmente apareceu na televisão, sem folclore e sem ideologias", escreveu no diário "O Globo" o diretor de cinema Arnaldo Jabor, para quem a telenovela "matou nossa fome de verdades".

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