Grafite famoso de Banksy: exposição tem um enfoque mais acadêmico (Luke MacGregor/Reuters)
AFP
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 13h53.
Ninguém sabe quem é ele. Sua identidade e seu rosto continuam sendo desconhecidos, mas suas obras geram fascinação. Para descobrir o misterioso artista urbano britânico Banksy, Milão organizou uma exposição não autorizada com 80 obras do rebelde grafiteiro.
Organizada no Museu da Cultura (Mudec), a exposição tem um enfoque mais acadêmico, segundo o curador, Gianni Mercurio.
Banksy não deu nenhuma autorização e, por isso, foi "muito difícil montá-la, foi como trabalhar com um fantasma", reconheceu o curador.
O famoso grafiteiro, cuja obra mistura denúncia política, ironia e poesia, nega desde o começo, nos anos 1990, a comercialização da arte, não expõe em galerias e costuma criticar a sua maneira os preços exorbitantes que as suas criações alcançam.
"Banksy deve muito de seu sucesso, ou melhor, de sua popularidade, ao fato de ser um artista anônimo, o que é uma contradição em si: a fama por meio do anonimato", comenta Mercurio.
Para o curador se trata de fazer com que o público entenda a arte de Banksy, seu trabalho como tal e deixar à parte o impacto que o artista tem nos meios de comunicação.
Com o título "A arte de Banksy, um protesto visual", a exposição parte de suas fontes de inspiração, como o Movimento de Maio de 1968 e analisa a rebelião, tema fetiche para o artista.
A arte de Banksy é tão satírica quanto comprometida e denuncia o consumismo, o imperialismo americano, a guerra.
"Banksy devolveu à arte urbana o componente rebelde e político que havia sido abandonado, esse é um grande mérito", explicou Mercurio.
No total, a exposição apresenta 80 trabalhos, entre eles capas de vinis e CDs desenhadas por Banksy para Blur ou Paris Hilton, trabalhos pouco conhecidos.
Um documentário de 20 minutos e um espaço multimídia também revelam os lugares do mundo onde Banksy trabalhou, de Nova York a Gaza, de Calais à Colômbia.