Após 13 anos, UFC volta ao Brasil como superprodução
Torneio estreou no país em 1998 no Ginásio da Portuguesa, em São Paulo
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2011 às 16h12.
São Paulo - Quando o UFC fez sua estreia no Brasil, em 1998, Anderson Silva tinha 23 anos e não sonhava que poderia ser um dos melhores lutadores do maior torneio de artes marciais mistas (MMA) do mundo. Sem muita projeção, o UFC 17,5 - ficou conhecido assim por ser entre as versões 17 e 18 -, aconteceu dia 16 de outubro no ginásio da Portuguesa, em São Paulo, com poucos espectadores.
Depois de 13 anos, o UFC volta ao Brasil, mas dessa vez como um megaevento. Com transmissão ao vivo na televisão aberta (RedeTV!), vinte e quatro lutadores, 14 deles brasileiros, farão um espetáculo na noite deste sábado na Arena HSBC que será visto por milhões de pessoas pelo planeta.
Um dos responsáveis em trazer o evento para o Brasil há 13 anos foi o árbitro Mario Yamasaki, faixa preta em judô e jiu-jitsu e dono de academias nos Estados Unidos. Ele explica que entrou em contato com os organizadores do UFC para pedir um pôster para seus alunos, e recebeu um cartão com telefone.
Alguns meses depois ligou e descobriu que o número era de Bob Meyrowitz, ex-dono do evento. “Perguntei se eles não queriam vir para São Paulo e ele confirmou que estava pensando no Brasil.”
O torneio no ginásio da Portuguesa teve oito lutas, as principais entre Vitor Belfort, um ‘fenômeno’ de 18 anos, e o estreante Wanderlei Silva, que depois se tornou campeão do Pride (outro evento de MMA); e Pedro Rizzo e o americano Tank Abbott. No primeiro desafio, Belfort precisou de apenas 44 segundos e uma saraivada de socos para nocautear Wanderlei.
Também estreando no evento, Rizzo encerrou a luta em pouco mais de oito minutos. “Os organizadores estavam com medo de que o Rizzo perdesse e o público invadisse o octógono”, conta Yamasaki.
Crescimento - Alguns anos depois do torneio no Brasil, em 2001, os irmãos Lorenzo e Frank Fertitta, donos de cassinos em Las Vegas, compraram o evento por 1 milhão de dólares (1,6 milhão de reais) e nomearam Dana White, ex-lutador amador de boxe como presidente. Os novos donos decidiram que para conseguir transformar as lutas em esporte era preciso criar regras reconhecidas pela comissão de arbitragem dos Estados Unidos. A marca hoje vale cerca de 1 bilhão de dólares (1,6 bilhão de reais), e deve muito ao marketing feito por Dana White. “O UFC se transformou em uma empresa graças ao marketing. Dana White é um cara que entende muito de lutas e usou uma estratégia agressiva para divulgar o evento. As pessoas foram educadas ao esporte”, diz Rodrigo Minotauro, que fará uma das lutas principais da noite deste sábado, contra o sociólogo Brendan Schaub.
Volta ao Brasil - A prefeitura do Rio de Janeiro desembolsou ‘apenas’ 950.00 reais para trazer o UFC de volta ao Brasil. E o investimento teve efeito positivo: a ocupação dos hotéis na cidade é de 80%, e 96% no bairro em que as lutas acontecem. Os cerca de 15.000 ingressos esgotaram em menos de duas horas, e os cambistas aproveitam para vender as últimas unidades por até 4.000 reais. Para quem não garantiu a entrada, a rede de cinemas UCI exibirá o torneio em seis capitais: Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Fortaleza – mas São Paulo e Rio de Janeiro já estão com os ingressos esgotados. Há também aqueles que irão assistir em bares temáticos ou festas excluvisas para curtir o UFC Rio.
Pressionado por lutar em casa, Anderson Silva fará a principal luta da noite contra o japonês Yushin Okami – e, apesar da distância, vários jornalistas do Japão estão no Rio. De acordo com a organização do UFC, foram credenciados cerca de 300 profissionais de vários países – Estados Unidos, México e Peru estão entre eles. Para Mario Yamasaki, que está escalado para arbitrar na noite deste sábado, essa audiência comprova o sucesso do evento. “Vai ser como uma reabertura do UFC. Essa volta ao Brasil demonstra a explosão do MMA”.