Visão sistêmica: a habilidade é um remédio para um problema silencioso causado pelo home office (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 11 de maio de 2022 às 11h00.
Última atualização em 13 de maio de 2022 às 10h54.
Se forem perguntar qual a maior dificuldade da volta ao trabalho presencial, as respostas devem ser variadas: o trânsito, organizar a rotina de casa e do escritório, reunir toda a equipe no mesmo dia e muitos outros.
E todos os desafios pessoais são verdadeiros, mas existe uma preocupação para o negócio que precisa entrar no radar dos gestores: a fragmentação do trabalho.
Não é novidade: é muito fácil focar nas suas entregas e deixar de ver o que acontece em outras equipes. Mas com o trabalho remoto, a ausência física e visual dos colegas de trabalho isolou ainda mais cada funcionário.
Na pesquisa “Pesquisa Nespresso Professional: O Futuro do Ambiente de Trabalho no Cenário Pós Pandemia”, lideranças apontaram as principais desvantagens do home office para o dia a dia do trabalho.
Em primeiro lugar, apareceu a falta de interação com colegas. Os líderes também apresentaram outros problemas, como menos networking e relacionamentos mais impessoais.
Para os especialistas Yuri Trafane, CEO da Ynner, e Rafael Souto, CEO da Produtive, existe um remédio importante para esse diagnóstico e que é uma habilidade também valiosa para a carreira: a visão sistêmica.
É a habilidade de conseguir enxergar o todo do negócio. Assim, o profissional consegue inserir o seu trabalho e medir seu impacto dentro da organização, entender sobre o setor e o mercado, entender sobre as necessidades e estratégias de outras áreas e ainda perceber tendências a sua volta.
Segundo Trafane, a fragmentação dentro das organizações sempre foi um desafio. Áreas diferentes sempre tiveram metas e propósitos distintos. Agora, no entanto, a separação física aliada a ameaças externas amplificou esse aspecto.
E ter a capacidade de enxergar o todo não é só positivo para a empresa. É também uma habilidade crucial para evoluir na carreira e alcançar novas oportunidades.
“Mais do que nunca, as pessoas precisam de protagonismo. Considerar cenários, ler o que acontece na empresa e me interessar, perguntar para colegas sobre suas áreas, saber o que está crescendo e o que não está. Enfim, ser curioso”, afirma Souto.
Essas são todas as vantagens que alguém com visão sistêmica acumula em seu arsenal para tomar decisões sobre sua carreira.
“Se não tiver visão sistêmica, é mais difícil ter controle sobre a própria carreira. E aí fica muito na mão de um terceiro”, diz.
Ter uma equipe conectada ao negócio e entre si é uma grande vantagem também para a liderança. Para explicar isso, Trafane traz a máxima: “Pessoas inteligentes, agindo inteligentemente de forma individual, podem gerar um resultado não inteligente.”
O executivo dá como exemplo o que aconteceu nesse ano nos jogos da liga de basquete americana (NBA) com o time Los Angeles Lakers.
Considerado um dos times mais fortes da temporada, com jogadores como Lebron James e Anthony Davis, o time nem conseguiu se classificar. Para ele, isso mostra falta da habilidade e sinergia entre os jogadores.
“Quando os profissionais agem de forma sistêmica eles aumentam a probabilidade de sucesso de suas empresas. É como uma equipe de qualquer esporte coletivo. Ela pode ter muitos jogadores de alto nível, mas se eles não trabalharem sinergicamente a equipe vai perder. É o que acabou de acontecer na NBA”, afirma.
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