Alex Carreteiro, nomeado CEO da Heineken Américas: “Eu decidi muito cedo que queria uma vida global. Sempre com o coração brasileiro, mas com o mundo como sala de aula” (PepsiCo/Divulgação)
Repórter
Publicado em 6 de dezembro de 2025 às 08h00.
Quando a Heineken anunciou, nesta sexta-feira, 5, que o brasileiro Alex Carreteiro será o novo presidente regional das Américas (Norte, Central e Sul) a partir de março de 2026, o movimento sinalizou mais um passo do executivo que se diz global.
“Eu decidi muito cedo que queria uma vida global. Sempre com o coração brasileiro, mas com o mundo como sala de aula”, afirmou Carreteiro em uma entrevista ao podcast “De frente com CEO”, antes do anúncio e ainda como CEO da Pepsico Brasil e Cone Sul Foods.
Com o novo desafio, Carreteiro se mudará para Miami, Estados Unidos, e integrará a equipe executiva mundial da Heineken, sucedendo a Marc Busain e assumindo o comando de uma região estratégica para o plano de longo prazo da EverGreen.
A história de Alex Carreteiro começa longe das salas de reunião. Aos 10 anos, deixou a Barra da Tijuca para acompanhar os pais em uma mudança para Paris após a mãe receber uma bolsa de estudos. A família foi morar em um quarto e sala na região de Chinatown. Ele não falava francês, mudou de escola repetidas vezes e dividiu salas de aula com refugiados de países como Mali, Argélia, Burkina Faso e Mongólia.
“Ali eu aprendi a escutar. Quando você está cercado de culturas tão diferentes, precisa ouvir para entender o outro”, conta.
Décadas depois, a habilidade de ouvir e se adaptar viraria marca registrada de sua liderança — e o prepararia para trilhar uma carreira internacional rara entre executivos brasileiros.
O esporte entrou cedo na vida de Carreteiro e, segundo ele, moldou parte de seu estilo de gestão.
“O tênis me ensinou a perder”, diz o executivo. “No esporte, a derrota é mais frequente que a vitória. Isso cria resiliência, humildade e te ensina a se reinventar todos os dias.”
A modalidade o levou aos Estados Unidos, onde cursou finanças e comércio internacional na Temple University com bolsa de estudos — um passo determinante para sua vida corporativa.
A partir dali uma carreira global tomou forma: Alex passou por sete países, viveu doze mudanças e ocupou posições de alta liderança em mercados desenvolvidos e emergentes.
Antes de ser nomeado CEO da Heineken Américas, Carreteiro chegou ao topo da PepsiCo no Brasil e no Cone Sul, e desenvolveu sua carreira ao longo de quase 20 anos na Nestlé, onde atuou em diferentes geografias e desafios:
“Quando você vive diferentes culturas, você entende que não existe uma única forma de liderar. Você precisa adaptar, ouvir e aprender com cada realidade”, disse Carreteiro.
Apesar de comandar organizações com milhares de funcionários, o executivo afirma que sua filosofia de liderança vem de casa: respeito.
“Minha mãe sempre me disse que devemos tratar todas as pessoas da mesma maneira. Da pessoa da limpeza ao presidente da República, respeito é respeito. E isso define cultura”, disse o CEO.
Ele também costuma repetir aos times um mantra que virou símbolo da sua gestão: “A nossa atitude define a nossa altitude”. E complementa: “Visão clara, execução consistente e desenvolvimento de pessoas — é isso que espero de qualquer líder.”
Ao longo da carreira, Carreteiro se destacou por conduzir processos complexos de integração pós-fusão, transformar portfólios e acelerar inovações. Combinou visão comercial e disciplina operacional — combinação valorizada por companhias com footprint global.
O CEO global da Heineken, Dolf van den Brink, reforçou essa percepção ao anunciar sua chegada.
“A visão estratégica, a disciplina operacional e o estilo de liderança centrado nas pessoas de Alex estão perfeitamente alinhados ao futuro que projetamos para a companhia.”
A avaliação interna é de que sua experiência em mercados diversos pode elevar o desempenho da operação nas Américas, uma região em disputa acirrada com concorrentes e repleta de oportunidades de crescimento.
A nomeação de Carreteiro ocorre em um momento em que a empresa reforça sua agenda EverGreen, voltada a eficiência, inovação, sustentabilidade e fortalecimento de marcas.
Para Alex, liderar a região das Américas é mais um passo de uma carreira construída com resiliência, exposição global e disciplina.
E, como costuma repetir no time, é também resultado de uma filosofia simples:
“Feito é melhor que perfeito. Agir rápido e aprender rápido é o que diferencia líderes globais.”
Aos 46 anos, o brasileiro que começou a vida escolar em turmas de refugiados, agora se prepara para assumir, no dia 1º de março de 2026, um dos cargos mais estratégicos do setor de bebidas no mundo.
Veja a entrevista completa no podcast "De frente com CEO", da EXAME: