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O MBA de Harvard, segundo duas brasileiras

Duas executivas brasileiras contam como a experiência na escola influenciou na carreira delas

Harvard Business School: hoje, a presença feminina é comum nas pós-graduações de gestão. Mesmo assim, elas ainda são minoria (Foto/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 14h11.

São Paulo - Em 2012, a Harvard Business School (HBS), a mais tradicional escola de negócios do mundo, comemora 50 anos da primeira matrícula feminina em seu MBA. Criado em 1908, o programa de especialização em administração de Harvard só aceitou mulheres em suas classes a partir de 1962, quando oito alunas ingressaram no curso.

Hoje, a presença feminina é comum nas pós-graduações de gestão. Mesmo assim, elas ainda são minoria. De acordo com relatório do The Graduate Management Admission Council (GMAC), organização que aplica o GMAT, teste de admissão utilizado pela maioria dos MBAs ao redor do mundo, 39% dos inscritos nas provas em 2007 eram mulheres.

No ano passado, a participação delas foi um pouco maior, chegando a 41%, um recorde desde 1953, quando a avaliação foi incorporada pelas grandes escolas no processo de admissão. Duas executivas brasileiras que cursaram a HBS contam a experiência de estudar fora e a influência do MBA em suas carreiras.

Conexão para a vida

A engenheira Gabriela Garcia (à direita), de 34 anos, diretora executiva de planejamento da hypermarcas, fez parte da turma que se formou no MBA da harvard business school em 2006. Em sua turma havia 12 brasileiros, dos quais quatro mulheres. Conviver em um ambiente essencialmente masculino sempre fez parte de sua carreira.


Atualmente, ela é a única representante feminina no conselho executivo da hypermarcas, empresa brasileira de bens de consumo, onde trabalha desde 2003. "É um cenário que vem mudando aos poucos, mas ainda estamos muito distantes do equilíbrio. A gente é mais cobrada e precisa se provar o tempo inteiro", diz. Justamente por isso, ela dá tanto valor à experiência do MBA. "Passar dois anos dedicados ao meu aerfeiçoamento profissional foi a melhor decisão que tomei na vida. o MBA ajuda a ter uma formação generalista, o que garante bons resultados em diversas áreas da empresa. Você acaba ficando mais versátil", afirma.

Mas, se os conselhos forem para uma mulher, a executiva vai além. "Só conseguimos avançar e mudar um pouco esse panorama do mundo dos negócios porque estamos mais qualificadas. Temos de ser modelos para as gerações futuras."

Após concluir o MBa, Gabriela voltou ao Brasil com o lema de Harvard na cabeça: "Criamos líderes para fazer a diferença no mundo". Foi quando começou a trabalhar na Hypermarcas. Na empresa, uma de suas iniciativas foi participar da criação do programa internacional de MBA da companhia. "Só assim formamos líderes mais completos para a criação de uma linha de sucessão na empresa."

A ligação com Harvard ainda existe. "É uma conexão que a gente não quer perder", diz Gabriela. Uma vez por mês, ela participa de um almoço organizado pelo clube da Harvard Business School no Brasil. "A cada cinco anos, também participo do encontro dos formandos, que acontece em Harvard."

Experiência única

Formada em administração pela Fundação Getulio Vargas, Flávia Buarque de Almeida (à esquerda), de 45 anos, sócia sênior da consultoria Monitor Group, de São paulo, já se acostumou a ser pioneira. Única brasileira da turma de MBa da Harvard Business School de 1992 a 1994, Flávia tornou-se, dez anos depois, a primeira brasileira a integrar o conselho de administração da escola.


Sua turma tinha uma mulher para cada três homens. Pouquíssimas eram estrangeiras. "No início da década de 1990, não era muito comum sair do Brasil e estudar no exterior. As barreiras eram muito maiores", diz Flávia. "Eu praticamente tive de convencer o Banco central a deixar meus pais me enviarem dinheiro todo mês — e olha que a quantia era mínima", diz Flávia.

Depois de um início complicado, com pouco dinheiro e precisando se acostumar com o novo ambiente e com a distância da família, Flávia percebeu que aquela experiência mudaria definitivamente sua carreira. "Ter a oportunidade de me dedicar integralmente durante dois anos a um MBA foi um privilégio, é muito diferente do que estamos acostumados no Brasil. A relação com os professores é muito aberta, a dedicação é excepcional. Foi transformador. Tanto que continuo envolvida com a instituição até hoje", diz.

A executiva destaca o momento atual para a liderança feminina no Brasil. "Estamos vivendo algo muito especial. Temos mulheres ocupando cargos importantíssimos na presidência do país e da maior empresa da américa Latina", afirma, referindo-se a Dilma Rousseff e a Maria das Graças Foster, da Petrobras. Mas, segundo ela, ainda há muitos motivos para preocupação. "Levando em consideração a minha turma de Harvard, vejo que ainda existe um índice muito alto de perda de mulheres durante o caminho até o topo. Das que se formaram comigo, 40% não estão mais no mercado. O grande desafio é levá-las à liderança, algo fundamental para o sucesso de qualquer empresa", diz.

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São Paulo - Em 2012, a Harvard Business School (HBS), a mais tradicional escola de negócios do mundo, comemora 50 anos da primeira matrícula feminina em seu MBA. Criado em 1908, o programa de especialização em administração de Harvard só aceitou mulheres em suas classes a partir de 1962, quando oito alunas ingressaram no curso.

Hoje, a presença feminina é comum nas pós-graduações de gestão. Mesmo assim, elas ainda são minoria. De acordo com relatório do The Graduate Management Admission Council (GMAC), organização que aplica o GMAT, teste de admissão utilizado pela maioria dos MBAs ao redor do mundo, 39% dos inscritos nas provas em 2007 eram mulheres.

No ano passado, a participação delas foi um pouco maior, chegando a 41%, um recorde desde 1953, quando a avaliação foi incorporada pelas grandes escolas no processo de admissão. Duas executivas brasileiras que cursaram a HBS contam a experiência de estudar fora e a influência do MBA em suas carreiras.

Conexão para a vida

A engenheira Gabriela Garcia (à direita), de 34 anos, diretora executiva de planejamento da hypermarcas, fez parte da turma que se formou no MBA da harvard business school em 2006. Em sua turma havia 12 brasileiros, dos quais quatro mulheres. Conviver em um ambiente essencialmente masculino sempre fez parte de sua carreira.


Atualmente, ela é a única representante feminina no conselho executivo da hypermarcas, empresa brasileira de bens de consumo, onde trabalha desde 2003. "É um cenário que vem mudando aos poucos, mas ainda estamos muito distantes do equilíbrio. A gente é mais cobrada e precisa se provar o tempo inteiro", diz. Justamente por isso, ela dá tanto valor à experiência do MBA. "Passar dois anos dedicados ao meu aerfeiçoamento profissional foi a melhor decisão que tomei na vida. o MBA ajuda a ter uma formação generalista, o que garante bons resultados em diversas áreas da empresa. Você acaba ficando mais versátil", afirma.

Mas, se os conselhos forem para uma mulher, a executiva vai além. "Só conseguimos avançar e mudar um pouco esse panorama do mundo dos negócios porque estamos mais qualificadas. Temos de ser modelos para as gerações futuras."

Após concluir o MBa, Gabriela voltou ao Brasil com o lema de Harvard na cabeça: "Criamos líderes para fazer a diferença no mundo". Foi quando começou a trabalhar na Hypermarcas. Na empresa, uma de suas iniciativas foi participar da criação do programa internacional de MBA da companhia. "Só assim formamos líderes mais completos para a criação de uma linha de sucessão na empresa."

A ligação com Harvard ainda existe. "É uma conexão que a gente não quer perder", diz Gabriela. Uma vez por mês, ela participa de um almoço organizado pelo clube da Harvard Business School no Brasil. "A cada cinco anos, também participo do encontro dos formandos, que acontece em Harvard."

Experiência única

Formada em administração pela Fundação Getulio Vargas, Flávia Buarque de Almeida (à esquerda), de 45 anos, sócia sênior da consultoria Monitor Group, de São paulo, já se acostumou a ser pioneira. Única brasileira da turma de MBa da Harvard Business School de 1992 a 1994, Flávia tornou-se, dez anos depois, a primeira brasileira a integrar o conselho de administração da escola.


Sua turma tinha uma mulher para cada três homens. Pouquíssimas eram estrangeiras. "No início da década de 1990, não era muito comum sair do Brasil e estudar no exterior. As barreiras eram muito maiores", diz Flávia. "Eu praticamente tive de convencer o Banco central a deixar meus pais me enviarem dinheiro todo mês — e olha que a quantia era mínima", diz Flávia.

Depois de um início complicado, com pouco dinheiro e precisando se acostumar com o novo ambiente e com a distância da família, Flávia percebeu que aquela experiência mudaria definitivamente sua carreira. "Ter a oportunidade de me dedicar integralmente durante dois anos a um MBA foi um privilégio, é muito diferente do que estamos acostumados no Brasil. A relação com os professores é muito aberta, a dedicação é excepcional. Foi transformador. Tanto que continuo envolvida com a instituição até hoje", diz.

A executiva destaca o momento atual para a liderança feminina no Brasil. "Estamos vivendo algo muito especial. Temos mulheres ocupando cargos importantíssimos na presidência do país e da maior empresa da américa Latina", afirma, referindo-se a Dilma Rousseff e a Maria das Graças Foster, da Petrobras. Mas, segundo ela, ainda há muitos motivos para preocupação. "Levando em consideração a minha turma de Harvard, vejo que ainda existe um índice muito alto de perda de mulheres durante o caminho até o topo. Das que se formaram comigo, 40% não estão mais no mercado. O grande desafio é levá-las à liderança, algo fundamental para o sucesso de qualquer empresa", diz.

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