Criando embaixadores: como transformar funcionários em criadores de conteúdo?
Empresas como IBM e PwC estão apostando no conceito e investindo para ter funcionários mais engajados e alinhados com a cultura corporativa
Colunista
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 16h02.
Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 16h04.
Se você está no meio corporativo, provavelmente já teve seu perfil, suas competências comportamentais e suas habilidades técnicas avaliados em algum processo de assessment, ou mais conhecido como avaliação. No entanto, apesar de representar um investimento significativo para as organizações, essa ferramenta costuma ter seu potencial subutilizado. Em muitos casos, mesmo após participar de um assessment, você não recebe um retorno detalhado – ou, se recebe, pode não saber como utilizar essas informações. Mas e se eu lhe disser que, quando bem aproveitado, essa avaliação pode ser um recurso poderoso para impulsionar o desenvolvimento e a sua marca pessoal?
Com a crescente importância da gestão de marca pessoal, as empresas têm a chance de aproveitar o assessment para alavancar não só o engajamento dos funcionários, mas também utilizar suas marcas pessoais em favor da estratégia organizacional.
Empresas como IBM e PwC estão à frente nesse aspecto, usando o assessment para ajudar seus funcionários a entenderem melhor suas habilidades, capacidades e como projetar uma imagem pessoal mais forte. Esse tipo de abordagem transforma o desenvolvimento pessoal em um investimento tanto para o indivíduo quanto para a empresa, resultando em funcionários mais engajados e alinhados com a cultura corporativa.
De dentro para fora
A forma como nos apresentamos ao mundo – nossa identidade e imagem – influencia diretamente as oportunidades que atraímos e os relacionamentos que construímos. Por isso, a marca pessoal deixou de ser um recurso opcional para se tornar uma estratégia essencial, impactando não só o sucesso individual, mas também o posicionamento corporativo e institucional. Quando nossa identidade, que reflete o que somos de fato, e nossa imagem, que é como somos percebidos pelos outros, estão alinhadas, a marca pessoal se torna um ativo estratégico – tanto para o profissional que deseja se destacar quanto para a empresa que valoriza seus funcionários.
É nesse contexto que entram ferramentas como o assessment, amplamente usadas pelas empresas e fundamentais para o Personal Branding. De forma simples, o assessment é um processo de avaliação que permite compreender habilidades, traços comportamentais e potencial de desenvolvimento, sendo muito aplicado em processos de recrutamento e promoção para cargos estratégicos.
Infelizmente, muitas empresas ainda falham em compartilhar os resultados dessas avaliações de forma eficaz com os funcionários, impedindo que esses insights sejam usados para promover o crescimento pessoal e aprimorar a imagem individual. Quando bem utilizado, o feedback de assessment s pode ser uma ferramenta de mão dupla: ao permitir que o funcionário compreenda suas competências e como aplicá-las, a empresa não só engaja o profissional, mas também fortalece sua marca empregadora.
O engajamento, inclusive, é uma das grandes vantagens de um bom processo de assessment voltado para o desenvolvimento pessoal: funcionários que se sentem alinhados aos valores e à missão da empresa são 21% mais produtivos, aponta pesquisa da Gallup.
Descubra quem você é e seja de propósito
Quando falamos sobre imagem pessoal, muitas vezes pensamos apenas no que projetamos para o exterior – como os outros nos veem. No entanto, construir uma imagem sólida e autêntica também é um processo de desenvolvimento pessoal.
Aqui, o autoconhecimento se mostra essencial. Ele possibilita que você construa uma imagem pessoal que reflete quem você realmente é, e não uma máscara ou personagem moldado para atender às expectativas dos outros. Ferramentas de assessment, MBTI (Tipologia de Myers-Briggs), o DISC (avaliação de perfis comportamentais) e a Análise SWOT, permitem identificar traços de personalidade, áreas de vulnerabilidade e pontos cegos – aspectos que podem ser desconhecidos por você, mas que são percebidos pelos outros. Isso sem esquecer da Janela de Johari, uma ferramenta criada por Joseph Luft e Harrington Ingham, que nos ajuda a entender os diferentes aspectos da nossa imagem e identidade: o que você e os outros sabem sobre você, o que apenas você sabe, o que só os outros veem e o que ninguém ainda descobriu.
Sem entender quem você é, qualquer tentativa de gerir sua imagem corre o risco de ser superficial ou, pior, contraditória. Afinal, uma imagem construída com bases frágeis tende a desmoronar, especialmente no contexto de uma sociedade que valoriza a autenticidade e rejeita incongruências entre o que alguém mostra e o que realmente é.
Com o entendimento da sua marca, esse mergulho interno pode ser a base para a construção de qualquer estratégia seja ela pessoal, corporativa ou institucional
Transformando funcionários em embaixadores
Uma pergunta que pode ser dolorosa, mas precisa ser feita: quantas empresas estão desperdiçando o potencial de seus funcionários como criadores de conteúdo por receio ou desconhecimento deste ativo? Na era da creator economy, em que todos são criadores de conteúdo e agentes de suas próprias narrativas, cada funcionários também representa a empresa no mundo digital. Neste cenário, a marca pessoal não é apenas um diferencial individual, mas também uma extensão da marca empregadora. Profissionais que gerenciam suas marcas pessoais de maneira coerente com seu propósito e com a identidade corporativa se tornam embaixadores da empresa, impactando positivamente a reputação da organização.
Nesse contexto, cabe às empresas refletirem: estão aproveitando o potencial de seus funcionários como criadores e representantes da marca ou ainda se prendem a uma visão mais restritiva?
A marca pessoal é um grande ativo. E quando está alinhada com os valores corporativos, todos saem ganhando.