Vitor Knijnik: a Era do Siliconwood
A expressão do título é relativamente nova e causa uma certa estranheza, mas por trás dela há uma prática que une saberes de Hollywood e Silicon Valley
Bússola
Publicado em 4 de outubro de 2022 às 17h30.
Última atualização em 4 de outubro de 2022 às 17h40.
A palavra-título desse artigo não é só um truque para capturar o interesse do leitor. A expressão Siliconwood é relativamente nova, causa uma certa estranheza, mas por trás dela há uma prática. Em outras palavras, ela diz que não se produz mais conteúdo engajado, especialmente os dedicados às redes sociais sem a união de dois universos distintos: Hollywood e Silicon Valley.
Vejamos isso mais detalhadamente. Por Hollywood entendemos aqui todos os elementos que compõem uma produção e que não são mensuráveis por números: o roteiro, os influenciadores e creators, a fotografia, a edição, a temática, a estratégia de divulgação. São os aspectos subjetivos.
Por Silicon (valley) podemos traduzir aqui como toda a imensa gama de dados disponíveis para orientar uma produção: watchtime, views, inscritos, comentários, retenção, demográficos, taxa de influência, taxa de relevância, overlap de audiência e muitos outros índices que podem variar a cada plataforma adotada para apurar.
E o Siliconwood o que seria? Como esses dois universos se misturam? É aí que a coisa fica interessante, pois modifica a maneira como o audiovisual vinha sendo feito desde sempre. Um pequeno exemplo: com os dados disponíveis, é possível saber quais são os vídeos de beauty mais engajados dos últimos sete dias em Portugal.
De posse da lista de resultados dos mais engajados na mão, pode-se verificar padrões nos vídeos de maior performance:
- se a maioria dos vídeos tem thumbs (a capa do vídeo, onde você clica) com gente sorrindo;
- se os títulos têm algumas palavras ou formas recorrentes e se o tema da maioria deles coincide;
- se a duração média deles têm mais de xx minutos.
Há uma infinidade de dados para tabular. Tudo isso gera uma profusão de insights para a criação e produção do conteúdo. Além de diretrizes que colocarão o vídeo com maiores chances de performar. Mas se você simplesmente fizer só o que os dados recomendam, você estará só sendo Silicon, mas não wood. Até porque, os dados não geram uma fórmula infalível nem garantem nenhum resultado. Como disse uma vez Gilberto Gil, "o povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe".
O Siliconwood é justamente a combinação da intuição e da experiência com a leitura de dados. Na Snack Content estamos a nove anos aperfeiçoando uma metodologia para produzir conteúdo e desenvolver audiência para as marcas nas redes sociais. Algo que batizamos de Community Builder Intelligence (CBI). É uma metodologia viva, pois novos dados não param de surgir, bem como as boas práticas de cada plataforma se alteram a cada mudança no algoritmo.
Acabaram-se os dias em que as decisões eram tomadas só no feeling. Mas isso não quer dizer que o valor da subjetividade perdeu o seu espaço. Pelo contrário. A Era do Siliconwood veio para dar mais ferramentas para o talento se expressar. A beleza de tudo isso é que a inteligência de dados permitirá que mais marcas possam desenvolver suas plataformas de conteúdo com segurança e resultados planejados. E assim poderão praticar a mais efetiva das estratégias de marketing: a conversa constante com os consumidores.