Veja como se tornar um líder triple A
Com mais capacidade para auxiliar o time executivo a atingir a alta performance, o líder triple A traz risco mínimo para a empresa
Bússola
Publicado em 27 de janeiro de 2023 às 20h30.
Última atualização em 27 de janeiro de 2023 às 20h50.
O comportamento do CEO influencia todos os colaboradores de uma empresa, desde os líderes de times executivos até seus liderados. Consequentemente, a maneira como o CEO costuma reagir diante dos acontecimentos que caracterizam a rotina executiva gera forte impacto no resultado financeiro da empresa. Também chamados de estilos de liderança, os padrões de comportamentos mais comuns entre os chefes executivos são: coercitivo, visionário, afetivo, democrático, modelador e treinador.
No entanto, é muito difícil que cada CEO possua apenas um estilo, sendo mais comum que ele comande seus colaboradores a partir de uma mistura desses estilos, cujos principais tipos são: chefe bombeiro, autocrata iluminado, líder orientado com propósito e o líder triple A.
Assim como as empresas recebem avaliações de crédito que mensuram sua saúde financeira, as diversas misturas de estilos típicos de CEOs também podem receber notas que demonstram o risco que oferecem aos negócios das companhias, a partir de avaliações de seu impacto em esferas como: funcionamento do time executivo, cultura de liderança e resultados do negócio.
Mistura de estilos coercitivo e modelador em níveis elevados, o chefe bombeiro, por exemplo, apresenta uma avaliação de crédito de liderança B ou BB, que oferece risco altamente especulativo às empresas. O CEO que detém esse tipo, toma pessoalmente ou valida todas as decisões e cria um time executivo que não tem cultura de equipe ou objetivos comuns.
Trata-se do perfil mais disfuncional, com muitos exemplos de líderes controladores, criando culturas organizacionais de baixa confiança, alto absenteísmo e repletas de problemas de saúde. Em relação à performance do negócio, em um primeiro momento, pela sua característica controladora, o chefe bombeiro pode até trazer bons resultados, mas estes tendem a ter um prazo de validade determinado.
O autocrata iluminado, por sua vez, apresenta um risco moderado à empresa, recebendo nota BBB ou A. Os estilos que costumam caracterizar esse tipo são o coercitivo ou modelador em níveis elevados, visionário e democrático, o que faz com que os autocratas iluminados sejam, geralmente, fortes, carismáticos e bem-sucedidos em liderar transformações de negócios. São bons, mas não ótimos, por causa do ego, e acabam por enfraquecer o time.
O CEO autocrata iluminado tende a tomar todas as decisões importantes sozinho, mas engaja o grupo, considerando os pontos de vista dos membros na maioria dos casos. Assim, o time se caracteriza pelo compartilhamento de objetivos, mas quando a pressão por resultados é grande, a autonomia dos integrantes do time é limitada e as decisões são centralizadas pelo CEO. Como resultado desse tipo de liderança, o desempenho financeiro tende a ser inconsistente, requerendo reviravoltas heróicas devido à falta de investimento sustentados no futuro.
Uma das melhores misturas de estilos de liderança, o líder orientado por propósito recebe nota AA e é avaliado como tendo risco baixo para as empresas. O CEO desse tipo costuma acumular características do visionário democrático, do afetivo e do modelador em níveis altos. Balanceando bem estes estilos, consegue levar a equipe executiva ao nível três — o primeiro que caracteriza um “time real” — onde os integrantes colaboram ativamente e recebem autonomia do CEO para tomar decisões estratégicas sem ter que consultá-lo.
O time executivo capitaneado pelo líder orientado por propósito — visionário com profundo conhecimento do negócio — costuma ser muito forte, com seus componentes alinhados em torno de valores como colaboração, confiança e responsabilidade. Isso faz com que esse time seja estável e saiba lidar bem com os altos e baixos do mercado, conseguindo sustentar sua performance por um período de cinco a dez anos.
Com nota AAA na avaliação de crédito de liderança e risco mínimo para a empresa, o líder triple A é uma mistura do estilo visionário democrático, afetivo e treinador em níveis altos e modelador em nível médio. Este é o padrão que ajuda seu time executivo a atingir o nível quatro, o mais alto dos chamados times reais. Nesse nível, o CEO age como guardião da cultura da empresa e desenvolve a equipe executiva para tomar as decisões mais acertadas e consistentes seguindo o propósito e os valores da companhia.
O líder triple A cria valor sustentável de longo prazo por meio da equipe executiva, ajudando-a a trabalhar em níveis de criatividade sem precedentes. O time executivo liderado pelo CEO triple A é capaz de sustentar a performance do negócio por períodos superiores a dez anos, sendo a continuidade do negócio garantida pela existência de um núcleo estável de membros e algumas adaptações realizadas ao longo do tempo para reposicionar a empresa em diferentes ciclos de negócio.
*Caroline Marcon é consultora organizacional e coach executiva com experiência em transformação cultural, desenvolvimento de times executivos e inovação em gestão de RH.
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