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Todo funcionário é influencer agora? Então saiba usar a influência

A internet é a maior aliada para quem busca acesso e novas oportunidades; é preciso saber usar

Xando Franzolim - OIO  (Bússola/Reprodução)

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Publicado em 21 de agosto de 2021 às 11h00.

Última atualização em 2 de setembro de 2021 às 11h49.

Por Ana Paula Passarelli*

Você se lembra como fazia para conhecer pessoas novas no mercado e fazer networking sem a internet? Me peguei pensando como era tudo isso e cheguei a conclusão de que era caro e inacessível. Sou do interior do Paraná onde em 2010 mal existiam empresas que estivessem olhando para o mercado digital com bons olhos. Na verdade, os profissionais de mídias sociais eram vistos como grandes esquentadores de cadeira que passavam o dia no Twitter.

Até então, para fazer networking através de pessoas icônicas do mercado era preciso desembolsar alguns milhares de reais por um ingresso em algum evento do setor. Maximídia? Três mil reais. A maior feira do setor? Mais cinco mil.

Fácil era quando a empresa era patrocinadora, pois vinha no pacote alguns ingressos para os clientes e funcionários. No mais, normalmente, quem paga por isso é a empresa, visto que o objetivo de estar nesses eventos é abrir portas para novos negócios. Para um profissional que procura por oportunidades por si só, ou já era um profissional autônomo com certa independência financeira ou tentava portas laterais — como eu, que mandava e-mail para cada evento me oferecendo para cobrí-lo para os portais que eu mantinha uma coluna. Quem nunca?

Desde 2010, e com o crescimento das mídias sociais, o acesso às informações e mesmo às pessoas notórias e interessantes passou a estar a um "follow" de distância. Não precisávamos mais desembolsar milhares de reais para estar perto dessas pessoas (e tentar uma oportunidade de entregar um cartão de visitas). Hoje, um perfil no LinkedIn, Twitter ou Instagram já basta para que qualquer pessoa no planeta possa ser acionada por uma mensagem direta.

Ironia do destino ou não, foi no Twitter que consegui meu primeiro emprego com marketing digital. Desde 2010 sou uma ávida usuária de mídias sociais tanto para consumo quanto para criação e curadoria. Nesse processo, ajudei marcas e influenciadores a usarem o que esses canais têm de melhor para gerar acesso e oportunidades, que antes só estavam disponíveis para os endinheirados ou funcionários de grandes empresas. Eu sou produto do acesso digital. Sou a que não podia participar de nenhum desses eventos porque o ingresso era maior que o meu salário.

Porém foi durante a pandemia que as coisas mudaram no jogo do networking. Sem eventos e sem convites para um cafezinho, a internet se tornou o palco do networking pandêmico, equalizando as oportunidades e o acesso em níveis jamais vistos. Hoje é comum ver profissionais que até ano passado nem sequer sabiam o que era um perfil no Twitter, fazer threads e compartilhar conteúdo sobre seus temas de interesse.

Também é comum entrar no LinkedIn para checar as notificações e sair correndo logo em seguida porque tem muita gente levando ao pé da letra as fórmulas de engajamento dos gurus de marketing. Por muitas vezes tenho vontade de dizer “amigo, baixa a bolinha”, mas então lembro da Passa de 2010, sem acesso e sem oportunidades que não fossem pelas portas laterais e penso: ele tá tentando encontrar oportunidades que a pandemia visceralmente tirou de perto dele.

Há alguns dias vi uma preocupação legítima ao rondar posts pelo Instagram: agora todo mundo é influenciador? De um lado, pessoas exaustas de criar conteúdo, da cobrança para aparecer porque, como diz o bordão dos gurus, “quem não posta é esquecido”. Todas sempre preocupadas com os algoritmos. E é legítimo. Eu sou a primeira pessoa a desmontar o mito de que é preciso postar todos os dias. Na verdade, a gente toma consciência de que as fórmulas dos gurus foram longe demais quando as pessoas enxergam apenas a quantidade de posts e a “hora certa para posar” como atividade que gera resultado na internet. Me ajuda a te ajudar, sabe?

Por outro lado, a internet é uma (se não a maior) aliada de quem busca acesso e novas oportunidades. Dominá-la é um skill poderoso demais para deixarmos nas mãos só daqueles a usam para enganar as pessoas com seus posts que nem sequer falam de algo que ela realmente viveu ou para aqueles que compartilham desinformação.

Já treinei e preparei centenas de funcionários de empresas que queriam aprender a usar e dominar os skills de comunicação digital. De CEOs de grandes empresas a consultoras da Natura, de corretores de imóveis a profissionais do mercado financeiro, todos foram impactados pelas mudanças do mercado e todos, sem exceção, merecem a oportunidade e o acesso democrático que a internet pode proporcionar.

Isso não quer dizer que você precisa compartilhar toda sua privacidade na internet e nem que precisará postar todos os dias, longe disso. Aliás, no Employee Influencer, treinamento que dirijo aqui na Brunch, sempre lembramos que hoje todos exercemos algum grau de influência, e que a internet é nossa maior aliada.

Sem ela eu não estaria aqui escrevendo esse artigo numa das maiores empresas de conteúdo para o mundo dos negócios. E eu também sinto falta das conexões presenciais (e como!) mas se tem algo que aprenderemos a partir de agora é que o acesso e as oportunidades não estarão mais disponíveis apenas para quem tem dinheiro, mas para quem tem talento e influência de verdade.

*Ana Paula Passarelli é CCO da BRUNCH, fundadora da TOAST agência de influência, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, TEDx speaker, creator e mãe da Emma

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

 

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