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Ryan Bonnici: Por que devemos acrescentar bem-estar ao ESG

Assim como meio ambiente, social e governança, o bem-estar precisa ser considerado na hora de tomar decisões

Mundo do trabalho entrou em uma crise de bem-estar (Thomas Barwick/Getty Images)

Mundo do trabalho entrou em uma crise de bem-estar (Thomas Barwick/Getty Images)

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Publicado em 10 de janeiro de 2023 às 11h00.

Última atualização em 11 de janeiro de 2023 às 10h44.

Por Ryan Bonnici*

Uma das grandes questões que os investidores se deparam atualmente diz respeito ao papel do ESG (meio ambiente, social e governança) na tomada de decisão sobre onde colocar seu dinheiro. Muitas discussões estão sendo levantadas em torno do tema e se o seu impacto é suficiente para a realização dessas agendas. Mas especialistas apontam que o ESG ainda pode ser um guia muito importante e rentável.

O que não está em dúvida é que toda a conversa sobre ESG, juntamente com os requisitos de transparência, aprofundou  a visão do mercado sobre o que as empresas estão fazendo nessas categorias. E os negócios passaram a responder de acordo.

Enquanto isso, as organizações estão enfrentando uma outra questão crucial e que precisa urgentemente de atenção. Segundo um estudo que realizamos no Gympass, o mundo do trabalho entrou em uma crise de bem-estar.

Para criar o Panorama do bem-estar corporativo nós ouvimos mais de 9 mil colaboradores de vários segmentos de negócios nos principais mercados do mundo. Entre as conclusões estão: o estresse dos colaboradores está em alta histórica; 60% deles estão desconectados emocionalmente do trabalho; e quase metade (48%) dizem que seu bem-estar diminuiu em 2022.

Não é apenas uma consequência da pandemia. Na verdade, antes mesmo da covid-19, cientistas já alertavam para "uma crise de saúde pública que afetava a força de trabalho americana". Um estudo realizado em 2017 pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina descobriu que os americanos de 25 a 64 anos "têm morrido a taxas mais altas desde 2010" e que seu "risco de morrer por consequência de certas condições - como overdose de drogas ou doenças cardíacas hipertensivas - têm aumentado desde os anos 90".

A pandemia piorou este cenário. Até hoje, milhões de profissionais ainda estão fora da força de trabalho ou realizando jornadas reduzidas por conta da Covid.  Mas a doença física não é sequer a maior responsável por prejudicar o bem-estar no trabalho: mais pessoas estão ausentes devido a sintomas de estresse e ansiedade.

As empresas têm um claro incentivo para cuidar dessa questão e ajudar a melhorar a saúde de seus colaboradores. Quanto mais o bem-estar se enraíza como uma parte central de como o negócio funciona, mais bem sucedido e lucrativo ele é. Como escreveu meu colega e CEO do Gympass, Cesar Carvalho, “os acionistas têm mais razões do que nunca para olhar o bem-estar de forma ampla na escolha de onde investir”.

Acredito que podemos ajudar a fazer isso acontecer atualizando o ESG com a introdução de mais uma letra para bem-estar (wellness).

Elevando o bem-estar

O termo ESG foi criado há quase 20 anos em um relatório das Nações Unidas. Agora, as empresas têm departamentos inteiros e metas corporativas com foco em indicadores ambientais, sociais e de governança. E até equipes de investidores focadas exclusivamente no assunto.

Infelizmente, o bem-estar geralmente ocupa um lugar secundário. Como observa a Gallup, "muitos líderes estão tratando projetos de diversidade, equidade e inclusão e de bem-estar como iniciativas distintas, apesar do fato de que elas estão fundamentalmente conectadas. Você não pode melhorar nenhuma delas isoladamente e os líderes que tentam fazer isso provavelmente estão falhando em ambas".

Está na hora de elevar o bem-estar. Eu proponho que, começando pelo ano novo, nós passemos a falar sobre ESWG.

Assim como meio ambiente, social e governança, o bem-estar é uma categoria por si só. Ele inclui tanto saúde física quanto mental, só para começar. O relatório do Gympass demonstrou que "as organizações que adotam uma abordagem proativa para ajudar os funcionários a desenvolverem resiliência e  força mental sem dúvida criarão uma força de trabalho mais saudável e mais engajada, capaz de alcançar resultados comerciais ainda melhores". Já tendo escrito publicamente sobre minha própria jornada de saúde mental ao longo dos anos, sei que o apoio ao bem-estar psicológico é uma parte crucial que me leva a decidir onde quero trabalhar.

Para ser bem sucedido, um programa de bem-estar também deve incluir outros pilares,  como a saúde ocupacional, intelectual e financeira. Na verdade, um relatório para a Fundação da Câmara de Comércio dos EUA chama o bem-estar financeiro de "imperativo empresarial".

Um grupo de pesquisadores fez uma sugestão semelhante sobre a atualização do ESG. Em um estudo publicado pela BMJ Global Health, eles sugeriram uma "iniciativa ESG+H", com o H representando, em inglês, saúde (health). Isso "poderia servir como catalisador para a inclusão de critérios de saúde nas práticas comerciais e objetivos de investimento dos principais players financeiros", escreveram eles, acrescentando que "temas de saúde impactam diretamente a lucratividade da empresa e, portanto, devem ser incorporadas à análise financeira".

Eu prefiro ESWG para que o bem-estar não surja como um pensamento secundário. Deve ser uma função central do negócio.

Dado que pesquisas relacionam a existência de programas de bem-estar ao desempenho das ações, não há dúvida de que os investidores teriam muito a ganhar com um novo foco de bem-estar dentro das organizações. No próximo ano, façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para que isso aconteça.

*Ryan Bonnici é CMO global do Gympass.

Este artigo foi publicado originalmente na Nasdaq.com. Em Nasdaq.com,

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