Prevendo valuation trilionário, 2023 deve ser o ano das govtechs
O mercado de tecnologias para o governo está muito perto de se tornar um dos setores digitais mais importantes da economia global
Bússola
Publicado em 5 de novembro de 2022 às 20h18.
As startups govtech, que têm como propósito oferecer soluções tecnológicas para melhorar a gestão pública, são essenciais para aumentar a eficiência e estreitar o relacionamento entre governos e cidadãos.
Esse ecossistema ainda está em sua infância, mas tem grande potencial de crescimento. A pandemia da covid-19 foi um dos fatores que acelerou fortemente a migração da gestão pública para o ambiente digital.
O mercado ainda pouco explorado das govtechs na América Latina, principalmente se comparado aos Estados Unidos e Europa, também favorece um crescimento exponencial.
Para o CEO do BrazilLab, Guilherme Dominguez, não restam dúvidas de que 2023 será o ano das govtechs no país. Segundo ele, as principais barreiras que retardavam essa escalada foram derrubadas, principalmente com relação à legislação.
Estão em vigor três leis que tornam favorável o ambiente regulatório para contratação de inovação pelo governo, reforçando a convicção de que o próximo ano deve ser ainda mais positivo.
“A Lei do Governo Digital, a Nova Lei de Licitações e o Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador, que chamo de novo tripé regulatório em govtech no Brasil, quebraram as barreiras tocantes à legislação”, diz Dominguez.
O estudo do BrazilLab em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) – As startups Govtech e o futuro do governo no Brasil – revela que o Brasil é o país da América Latina com o maior número de startups govtech vendendo para o governo.
Atualmente, 80 govtechs brasileiras vendem de maneira consistente para governos ou atuam em parcerias com o setor público de forma recorrente.
Mas o mesmo relatório aponta que esse é um mercado subaproveitado.
Das 13 mil startups existentes no país, até 1.500 teriam potencial para atuação no mercado Business to Government (B2G), caso desejassem ofertar suas soluções tecnológicas para os governos.
Cheques de sete dígitos
Prestes a atingir um valuation de US$ 1 trilhão até 2025, segundo dados da consultoria inglesa Public, o mercado govtech pode se tornar um dos setores digitais mais importantes da economia global, se não o mais importante, criando novos e melhores serviços públicos.
Ao menos no que depender dos investimentos, 2023 deve se concretizar como o ano das govtechs graças aos dígitos a mais nos cheques de investidores.
A mudança drástica no valor das rodadas de investimentos coloca as govtechs em evidência.
“O investimento médio inicial das govtechs era em torno de R$ 200 mil. Hoje, ver startups desse segmento anunciando rodadas de captação superiores a R$ 1 milhão reforça a expectativa para 2023”, afirma Dominguez.
É o caso do Aprova Digital. Fundada em 2017, quando a expressão govtech ainda começava a se difundir pelo mundo, a empresa cresceu 165% por ano e se consolidou como uma das três principais startups do segmento no país.
Com mais de 70 funcionários, o Aprova Digital facilita a emissão de documentos, realiza o controle de arquivos e monitora a gestão dos processos de governos municipais. É a ferramenta oficial para tramitação de processos digitais em mais de 70 prefeituras.
Depois do aporte Seed de R$ 4 milhões realizado pela Astella Investimentos, a govtech multiplicou o faturamento por três, atingindo o breakeven em 2021, sendo considerada a segunda maior arrecadação de fundos para investimentos da América Latina entre as startups da Crunchbase.
"Nosso objetivo é transformar a Latam em um continente digital, referência global em serviços públicos autônomos e eficientes nos próximos dez anos", diz Zanatta.
O empreendedor atribui a confiança às estratégias sempre constantes na operação do negócio, como o cuidado com o fluxo de caixa e a atenção aos indicadores operacionais e de sucesso, considerados critérios atrativos para investidores.
“A previsão é triplicar novamente o faturamento em 2023 com uma nova rodada de investimento. Em um ano de layoffs no mercado de tecnologia, seguimos no ritmo de crescimento e até o fim do ano devemos dobrar o time para ampliar o atendimento em novas regiões do país”, declara.
Um negócio com potencial de retorno acima da média
O potencial do mercado govtech e a expansão da digitalização dos serviços públicos estão na mira dos investidores. Eles acreditam que o retorno desse ecossistema pode ser melhor do que em outros tipos de investimentos.
“A gente realmente está bastante convicto que do lado econômico esse setor pode dar tantos retornos e até maiores do que outros setores que a gente tem investido e não só na média”.
A afirmação é do empresário Marcelo Sato, sócio da Astella Investimentos, listada pela parisiense Leaders League entre os melhores fundos de venture capital do Brasil no ranking de 2022.
A investidora está levantando seu quinto fundo, no valor de R$ 750 milhões, 50% acima da rodada anterior. Isso coloca a Astella num patamar de top quartile de fundos em capacidade de alocação. Parte desse fundo deve ser direcionado para investimentos em govtechs.
“Passamos dois anos estudando o mercado antes de investir nesse segmento e nunca pensamos que seria um investimento mediano. Esse ecossistema realmente tem a capacidade de ser algo explosivo, principalmente por conta das oportunidades que existem num setor bastante desassistido”, diz Sato.
Com 25 anos de experiência em pequenas e médias empresas e corporações de alto nível, Marcelo Sato é sócio do conselho de empresas como Bornlogic, BossaBox e Aprova Digital.
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