Centro de distribuição da Sequoia Logística em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo (Sequoia/Divulgação)
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Publicado em 20 de março de 2023 às 14h45.
Última atualização em 20 de março de 2023 às 14h58.
Com um mercado de transporte rodoviário que movimenta mais de R$ 500 bilhões, o Brasil reúne como poucos países inúmeras condições favoráveis para se tornar uma potência de logtechs. Depois das fintechs, de soluções financeiras, as startups de logística têm tudo para se transformar na próxima sensação do mercado. Começa pelo desafio de integrar um território de dimensões continentais, malha rodoviária gigantesca, demanda crescente nas empresas, extensas áreas de plantio e 2 milhões de caminhoneiros, quase todos com acesso à internet via celular. E como isso está sendo feito?
Temos assistido a uma revolução que vai mudar muito a Estrada brasileira e a forma de fazer logística nos próximos anos. Estamos saindo de um estágio em que dependíamos da morosidade do analógico para a eficiência do 100% digital. Por exemplo, caminhoneiros autônomos, que levavam alguns dias para realizar o cadastro para transportar cargas de uma empresa, hoje realizam o processo em 10 minutos, com suporte de dados e inteligência artificial.
Um dos principais beneficiados pela agilidade dos processos high-tech são as organizações que contratam os motoristas. Somos o país das commodities. E para manter a competitividade dependemos de recursos que a logística manual não alcança e apenas o digital movimenta. O resultado é que a digitalização do frete pode impulsionar, inclusive, o PIB.
Estamos com uma supersafra em andamento até maio, de itens como soja, trigo, arroz e milho. Historicamente, o país tem dificuldade de armazenagem desses insumos e a principal solução passa pela logística. Escoar a colheita com agilidade para que chegue aos mercados, trens e navios, antes que os alimentos apodreçam nos campos ou silos. Não temos tempo a perder, e nisso as logtechs se tornaram um divisor de águas para todas as indústrias.
Sem apoio da tecnologia, um motorista costumava dirigir 150 quilômetros extras a cada entrega para encontrar um novo frete. Através das plataformas que gerenciam o transporte, o caminhoneiro faz isso sem sair do lugar e reduz o tempo rodando vazio. Organiza agenda, cria histórico transparente na relação com o contratante, escolhe as cargas mais adequadas, otimiza rotas, melhora suas margens de ganhos e ainda administra melhor o tempo. O resultado é que ele trabalha mais satisfeito.
Com a digitalização da logística, ganham todos que utilizam as Estradas. Na China, estima-se que 40% do trânsito dos caminhoneiros nas rodovias seja à procura de frete. Na Europa, 20%. Organizar o fluxo e eliminar boa parte desse percentual significa mais pista livre para os motoristas, desde os que dirigem a trabalho aos que viajam de férias e não desejam ficar atrás dos caminhões.
A revolução das logtechs é sustentável e alcança toda a sociedade. Um dos principais benefícios da digitalização é o corte de custos logísticos, que costumam impactar em cerca de 30% no valor dos produtos transportados. Representa menos desgaste dos veículos, menor chance de acidentes, diminuição nas despesas com combustíveis e das emissões de CO2.
Com softwares avançados de monitoramento, é possível perceber em tempo real uma trepidação capaz de danificar a carga; a condução do veículo fora da rota prevista, o que pode significar roubo dos produtos; ou até se, pela forma como dirige, o motorista precisa dar uma pausa e descansar.
Entre 2011 e 2020, segundo levantamento da Distrito, foram investidos US$ 1,3 bilhão em logtechs no Brasil. E, com base no que temos verificado até agora, existe uma forte tendência de o setor permanecer atraente.
Quando você ouvir dizer que com a redução do volume aportado de venture capital no Brasil em 2022 o investidor se tornou mais seletivo, agora já sabe por que as logtechs são uma excelente escolha.
*Thomas Gautier tem duas décadas de experiência em grupos internacionais e assumiu como CEO do Freto em 2021
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