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Por mais pessoas como Federer e Nadal no mundo corporativo

Perder um negócio para um concorrente é uma oportunidade para pensar o que poderia ter sido feito diferente

Federer e Nadal usaram rivalidade para melhorar continuamente (James Manning/Getty Images)

Federer e Nadal usaram rivalidade para melhorar continuamente (James Manning/Getty Images)

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Publicado em 7 de outubro de 2022 às 11h00.

Por Carlos Guilherme Nosé*          

Como muitos já leram por aqui, sou aficionado pelo mundo esportivo e sempre trago para o ambiente corporativo o que aprendo com os esportes, seja jogando ou só assistindo.  Recentemente vimos a despedida de um dos maiores esportistas de todos os tempos: o tenista suíço Roger Federer. Por coincidência, eu havia começado a ler a biografia dele. Meu objetivo inicial com a leitura era entender como alguém consegue se manter no topo por muito tempo. Sempre ouvimos que “chegar lá até que é fácil, difícil mesmo é se manter lá”.

Pois bem, para nossa surpresa, tivemos a dádiva desse jogo final. E Federer jogou em dupla com seu maior rival que, ao mesmo tempo, é um de seus melhores amigos, Rafael Nadal, outro monstro das quadras. Não tem como não se emocionar ao ver ambos chorando de tanta emoção naquela despedida.

Imediatamente comecei a fazer conexões com o mercado corporativo, com o mundo em que vivemos onde há uma competição acirrada em todos os segmentos em que atuamos. Federer e Nadal chegaram a este nível pelo talento, esforço e dedicação, mas tem algo que nem todos conseguem ver a olho nu: ambos têm uma admiração e respeito pelo seu oponente.

Eles usaram essa rivalidade para melhorarem continuamente. Um puxou o outro para cima. Cada hora um elevou a barra e o outro correu atrás. O mais legal dessa história toda, o maior aprendizado, é que nunca vi uma entrevista ou declaração de algum deles dizendo que perdeu por falha do juiz, ou por que estava machucado, ou por que estava muito calor, por exemplo. Todas, sem exceção, foram declarações enaltecendo o mérito do rival. “Ele jogou melhor”, ou “ele se empenhou e mereceu vencer”, ou “eu preciso melhorar meu saque para enfrentá-lo no próximo torneio” e assim vai. Inúmeras declarações enaltecendo o mérito do oponente e nunca diminuindo o feito do adversário.

Quantas vezes você faz essa análise? Ou imediatamente após alguma derrota em nossas vidas, corremos para jogar a culpa em algo ou alguém? Temos que, de uma vez por todas, olhar para dentro de nossas organizações, olhar para dentro de nós mesmos e assumir nossas fraquezas.  Autoconhecimento é tudo. Sem isso, não conseguimos avançar, nem melhorar. Vivemos em um mundo onde assumir derrotas é mais punitivo do que a própria derrota em si. Que cruel, não é?

E se elogiamos nosso concorrente então? É quase proibido fazer isso. Que besteira. Concorrente que joga limpo, que tem ética e bons valores, que te desafia, que te faz refletir e trabalhar mais duro para ser melhor, é um presente que o mercado pode te dar.

Empresas que surfaram monopólios durante muitos anos, não se reinventaram, não melhoraram, faliram. O bom rival, te respeita, te admira, te faz ser melhor, assim como você deve provocar tudo isso nele. Espaço para boas empresas e bons profissionais tem de sobra, vide o caso dos dois astros que citei aqui. Portanto, ao perder um negócio para seu concorrente, antes de sair falando mal dele, ou de qualquer outra desculpa que queira dar, veja com toda honestidade o que você poderia ter feito diferente, o quanto você ou sua empresa poderiam ser melhores.

Como falo sempre em legado e propósito, fico aqui pensando se o que estou construindo hoje faz meus concorrentes serem melhores. Nesta história toda, o que mais me tocou, foi ver o Nadal chorando. É a mais pura expressão de agradecimento e admiração que alguém pode ter perante o outro. Agradecimento por ter melhorado o mercado, no caso deles o esporte, criado novas referências, ter inspirado tantos atletas, ou profissionais no nosso caso, por ter feito mais do que ganhar prêmios e dinheiro.

Brinquei com o meu time na Fesa que a minha nova meta é ter algum concorrente meu chorando quando eu anunciar minha aposentadoria. Até lá, vou me inspirando e aprendendo sempre a ser melhor, tenho muitos torneios e jogos ainda para enfrentar, mas quem sabe eu consiga atingir esse objetivo? Serei muito feliz se isso acontecer.

*Carlos Guilherme Nosé é CEO da Fesa Group

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