Efeito é limitado para ganhos de popularidade no longo-prazo (Eduardo Frazão/Exame)
Bússola
Publicado em 9 de setembro de 2021 às 17h38.
Por André Jácomo*
Os estudos sobre popularidade presidencial e avaliação de governo estão entre os mais clássicos objetos de investigação das pesquisas. Desde que elas habitam esse planeta, as pesquisas de opinião mensuram como os indivíduos avaliam seus governantes e o que fazem os cidadãos em uma democracia recompensar ou punir seus representantes com ganhos ou perdas de popularidade.
Nessa linha, uma das variáveis mais exploradas nos estudos de comportamento político é o efeito de rally 'round the flag na popularidade de um governante. Na prática, o efeito trata-se de eventos políticos de grande comoção nacional, com ampla cobertura midiática, que captam a atenção e o interesse da opinião pública. Estes eventos fariam então com que a opinião pública “girasse em volta da bandeira”, ou em volta do Presidente da República, representando ganhos na sua popularidade.
Do ponto de vista político, as manifestações dos apoiadores ao governo de Jair Bolsonaro no 7 de setembro são tipicamente um caso de rally event. Até mesmo visualmente, a expressão cunhada pelos analistas políticos dos Estados Unidos se adequa perfeitamente às cenas de milhares de brasileiros que saíram às ruas empunhando suas bandeiras.
O evento teve adesão nas principais cidades do país, tiveram ampla repercussão midiática e dominaram as discussões no ambiente online e offline das pessoas do feriado. Mais do que isso, mostrou que mesmo em crise política e com popularidade em queda, o grupo de apoio ao Presidente da República tem capilaridade e capacidade de mobilização política.
Entretanto, essa demonstração de resiliência política não significa necessariamente recuperação da popularidade de Jair Bolsonaro. Os mesmos estudos apontados acima indicam que os rally events possuem um efeito limitado de ganhos de popularidade no longo-prazo e representam recuperações restritas ao curto-prazo na avaliação presidencial.
No caso de Jair Bolsonaro, são justamente os fatores com efeitos de longo-prazo que mais atrapalham a recuperação de sua popularidade até as eleições. Com inflação e desemprego em alta, dificilmente as manifestações do feriado representarão a virada de página na relação entre o Presidente e a opinião pública.
*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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